quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Abastecimento do futuro

Humanos são estranhos. Fato. Enquanto uns dizem que a humanidade progride a passos largos, outros pedem socorro quase que de joelhos, dizendo que o petróleo pode acabar a qualquer momento.

Pois acontece que esses que pedem socorro não se dão conta que a salvação está justamente nos passos largos do progresso da humanidade.

Explico: tive uma visão futurística. Senti-me a Mãe Dinah - só que mais macho - ou um desses astrólogos de fim de ano que fazem previsões pro ano que vem - só que mais macho. Vi que, no futuro, os carros virão com entrada USB para os tanques de combustível. Não será mais necessário estacionar o carro em um posto de combustível, e sim estacionar um notebook ao lado do seu carro. Nunca uma balisa foi tão fácil.

Com exclusividade (e a inestimável ajuda de Dr. Emmet Brown, que me emprestou seu DeLorean DMC-12* tunado e mexido pra ir ao futuro), viajei ao destino desconhecido da humanidade e vi tudo.

Para abastecer o carro, o procedimento será o seguinte: entre no MSN e adicione um(a) ou mais frentistas no MSN. Eu consegui alguns logs de MSN do futuro que ajudarão a explicar melhor o procedimento:

João (abastecendo o carro, peraí) diz:
* Opa, completa pra mim, faz favor.

Zé Frentista - no trabalho!!! diz:
* q carro eh? e de qts gb eh seu hd tanque?/ quer aproveitar p fazer download de oleo? ta na promoçao

João (abastecendo o carro, peraí) diz:
* Não precisa. Meu carro é esse aí da foto. Chevette 86, 160gb de HD tanque.


Leku - viva bob marley!!!! (praia nu findi!!! to abastecendo u carango) diz:
* aeeeewwww
* blz?/

Cláudia - Postos Ipiranga, apaixonados por carro como todo brasileiro! diz:
* Bom dia!

Leku - viva bob marley!!!! (praia nu findi!!! to abastecendo u carango) diz:
* cmopleta p mim??? 160gb
* tem webcam^?

Cláudia - Postos Ipiranga, apaixonados por carro como todo brasileiro! diz:
* Pode deixar
* Webcam?

Leku - viva bob marley!!!! (praia nu findi!!! to abastecendo u carango) diz:
* eh.....
* p me sertificar q tah abastecenu certu rsrsss
* tem namorado??

Cláudia - Postos Ipiranga, apaixonados por carro como todo brasileiro! diz:
Prontinho.

Leku - viva bob marley!!!! (praia nu findi!!! to abastecendo u carango) diz:
* vlww
* to indo p praia, tah afim?/

* Cláudia - Postos Ipiranga, apaixonados por carro como todo brasileiro! parece estar offline *


Observação pertinente e levemente irônica: durante o breve tempo que usei o DeLorean mexido de Dr. Brown, quase fiquei sem combustível. O véio não equipou o veículo com um HD para reabastecimento.

Enfim. Vi que, no futuro, haverão duas megaempresas do abastecimento automotivos. Uma delas é a Microsoft, e ela será acusada de monopólio cruel capitalista sanguinário sem escrúpulos petista de direita. A outra megaempresa chama-se Google. O serviço deles será incrível. Um sistema de busca invejável, um ótimo sistema antispam, mas que ainda não oferece um sistema próprio que bloqueie combustível adulterado por vírus.

Haverá uma crise sem precedentes no Vale do Silício, que ocasionará um aumento de 2% no preço do gigabyte. Um absurdo. Essas companhias de gigabytes não têm escrúpulos. O pior é esse sistema capitalista petista de direita devorador de criancinhas.

Lan-houses serão postos públicos de abastecimento. Enquanto o cliente faz download do óleo, pode jogar um Counter Strike 2 na loja de conveniências. Todos os países do mundo oferecerão esse serviço - menos Cuba. Culpa do embargo econômico, dizem.

Um bom carro zero quilômetro do futuro terá autonomia de uns 150 gigabytes - na cidade. Na estrada, deve chegar a uns 200, tranquilo. Isso se tiver um processador de 2.8ghz e memória RAM de uns 2 giga. E antes que eu me esqueça: usar Photoshop no velocímetro para mascarar a velocidade do radar não é uma boa. 14 pontos na carteira, multa de 180 UFIR e apreensão do veículo. Sem direito a backup.

As lojas de informática do futuro serão muito mais abrangentes do que são hoje. Troca de HD tanque, reparo no rádio, troca de pneu, balanceamento. Ao fazer revisão completa, um adesivo de brinde.

E fiquem tranquilos: as paredes das lojas de informática serão repletas de pôsteres de mulheres peladas. A humanidade progride a passos largos. Mas nem tanto.

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* Refresquem a memória, bastardos:

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Strike!", disse Dona Morte.

Clodovil. Sérgio Naya. David Carradine. Michael Jackson. Les Paul. Patrick Swayze. Mercedes Sosa. Claude Lévi-Strauss. Herbert Richers. Celso Pitta. Lombardi.

Vocês devem achar que eu estou organizando o obituário da Revista Caras ou parte do roteiro da Retrospectiva 2009 da Globo, mas não. Estou apenas mostrando que Dona Morte anda meio cegueta e resolveu atirar pra tudo que é lado, a esmo, com a intenção de acertar alguém para cumprir sua tarefa. E só acertou mesmo ao derrubar Sérgio Naya e Celso Pitta.

A bola, digo, o pino da vez foi a Leila Lopes. A ex-professorinha e ex-chegada num rei do gado é, agora, ex-atriz pornô e ex-viva. A moça foi encontrada morta hoje, em seu apartamento. Provavelmente ela viu um sol belo, azul, e nada mais se lembra.

Mas não é porque Leila Lopes morreu que a Brasileirinhas não tem mais planos com ela. Parece que a produtora pornô já entrou em contato com Whoopi Goldberg. Querem que ela use sua experiência de Oda Mae Brown e entre em contato não apenas com Leila Lopes, mas também com seu antigo amigo Patrick Swayze. A Brasileirinhas planeja uma versão erótica-espírita de "Ghost - Do outro lado da vida".

Swayze e Leila farão um par romântico, claro. Segundo consta, o fantasma do trem se transformará no fantasma do motel, e fará par romântico com a Oda Mae Brown de Whoopi Goldberg. Dizem que o roteiro envolve uma festa de swing, mas isso seria informação extra-oficial.

E a produtora pornô parece não estar medindo esforços para realizar esta obra-prima, futura candidata natural ao Oscar. Já teriam entrado em contato com Robério de Ogum, para colaborar na produção do filme - mas apenas em caso de Whoopi Goldberg não conseguir interpretar Oda Mae Brown na vida real.

Quanto à Dona Morte, notei uma predileção pela letra L. Les Paul, Lévi-Strauss, Lombardi e Leila Lopes. Abre teu olho, Leão Lobo.

Não, não assim, rapaz. Eu tô dizendo pra tu tomares cuidado.

domingo, 22 de novembro de 2009

O romântico

Ele era um rapaz romântico. Romântico incorrigível. Tanto que sempre fez questão de ressaltar as qualidades de Miss das mulheres com quem se relacionava.

- Miss quece, tchau. - sempre falava.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Assalto ao motel

Vocês conhecem a definição que a seção policial do Terra dá para "tranca-foda"?

Trio invade motel e assalta clientes dentro do quarto no RS

Depois dizem que filmes não influenciam as pessoas. Eu aposto o mindinho da mão esquerda do Lula como esses rapazes viram "Cidade de Deus" e se inspiraram na cena do assalto ao motel.

Esses ladrões não têm o menor respeito. Além de trancar o ato, devem ter roubado os pertences do pessoal. Eu conheço gente que diria "leva a minha mulher, mas não leva o meu celular! É 3GS, tem bluetooth, câmera de 8 megapixels, toca mp3 e tal! E tu não vais gostar dele. O toque musical é uma música da Sandy e Júnior."

Segundo a notícia, ninguém ficou ferido. Ainda bem né? Isso significa que, quando os ladrões anunciaram o assalto e ordenaram que todos abaixassem as armas, os homens obedeceram e broxaram.

Versões não-oficiais contam que uma mulher se mostrou compreensiva quando seu parceiro disse que "é sério amor, isso nunca me aconteceu antes. Jamais broxei em um assalto". Em outro quarto, um homem não deu ouvidos à sua parceira, que dizia "sério, pára, não tem mais clima".

Mas já pensaram se alguém tenta reagir?

- Parados! Isso é um assalto!
- Grande coisa, rapá. Eu tô armado, pode vim.
- Armado nada. O meu é maior.

A notícia ainda diz que as vítimas preferiram não registrar ocorrência. Eu entendo. No mínimo as vítimas estavam no motel para "assuntos extraconjugais". E já pensaram na desculpa que teriam que dar em casa?

- Sério, querida. Furou o pneu do carro e daí me roubaram o celular, o relógio e a aliança. Mas não registrei ocorrência. Tô preocupado mesmo é com o pneu do carro.

Pior seria se o boletim de ocorrência registrasse detalhes sórdidos.

"... o denunciante relata que teve seus pertences roubados; que o meliante proferiu inverdades acerca de sua zona erógena; que afirma ser de 7cm a 9cm maior do que proferiu o meliante; que é capaz de provar isso..."

Acho que, se fosse comigo, registraria uma ocorrência contra o motel. Considerando a notícia, achei o serviço de quarto deles um roubo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Informações umbiguísticas

Olá, tudo bom com vocês? Comigo, tudo ótimo. Hoje eu almocei arroz com feijão e mais tarde vou passear.

Enganei vocês! Esse não será um post diarinho.

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Vocês lembram que eu sou colunista do Amigos de Pelotas? Pois então.


Como diria o jovem rapaz da Sessão da Tarde, essa turminha do barulho aprontou altos agitos nessa cidade tamanho família durante 18 meses. E agora apresenta uma coletânea das melhores e nem-tão-melhores-assim estripulias desses 18 meses.

Moçada de Pelotas, apareçam! Moçada que não é de Pelotas, pode comparecer! Mas guardem a grana do refri da rodoviária para comprar o livro e para eu autografar. Estou treinando meu autógrafo há 2 meses.

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A onda quase tsunâmica do momento é o Twitter, febre de 10 entre 10 artistas famosinhos - isso se não incluirmos Xuxa e Sasha, lógico. Didaticamente falando para a segunda série do fundamental, o Twitter é que nem um blog, só que menor, daí chamam ele de microblog. Os posts (conhecidos lá como "twits") são reduzidos a 140 caracteres - por isso "micro" -, onde o pessoal conta o que tá fazendo no melhor estilo "meu diário" - por isso "blog". Aí a gente pode ver o que um monte de gente bacana tá fazendo, pensando ou escrevendo, desde amigos (conhecidos e desconhecidos) até artistas (conhecidos e desconhecidos). E, se a gente gostar bastante, podemos pedir pra seguir, olhem que bacana!

E eu estou no Twitter. Façam de conta que eu sou um guru e sejam meus seguidores!

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Mas não é apenas somente isso! Assim como o Twitter, o Plurk é um serviço de microblog, mas me foi apresentado como o novo mIRC - não é pra tanto. Na verdade, eu diria que se o Twitter e o mIRC copulassem e tivessem um filho, esse filho seria o Plurk. Ele é mais organizado e cheio de frescuras que o Twitter, então no início é um pouco mais complicado de mexer. E eu também estou lá. Uso-o como uma espécie de MSN, só que pra todo mundo ver. Bem exibicionista, bem Big Brother mesmo.

Como diria o velho provérbio asteca, "sigam-me os bons!"

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Gigantes, tremei!

Dizem que todo o baixinho é invocado. O nanico Davi venceu Golias, o baixinho Átila foi o rei huno que apavorou o Império Romano, o piloto de autorama Napoleão Bonaparte brincou de War com a Europa inteira, sendo imitado pelo pintor de rodapé Adolf Hitler... a história está cheia de baixinhos invocados. Eu particularmente discordo. Acho que nem todo baixinho é invocado. E é melhor que vocês concordem comigo, porque eu sei onde vocês moram. Tá olhando o quê?

Pois parece que agora os baixinhos estão se armando para, novamente, assim como Pinky e Cérebro, tentar conquistar o mundo. O Ministério Público de Goiás chiou e a Justiça Federal mandou: a Aeronáutica não poderá vetar homens e mulheres que tenham baixura ao invés de altura. E nem pessoas casadas, como era de praxe. Parece que a Aeronáutica era uma amante muito ciumenta. "Ou eu ou essa sirigaita", diziam os aviões.

Apesar de eu ser baixinho, essa decisão não é do meu interesse, já que servir na Aeronáutica não é pro meu bico. Tenho acrofobia. Ao contrário do que vocês podem pensar, acrofobia não é ter medo do Acre - afinal, não há como sentir medo de algo que não existe - e sim medo de altura. E, para mim, se passou de um metro e oitenta não é altura: é altitude.

Mesmo assim, manifestarei-me em defesa da classe - já que baixinhos, unidos, jamais serão vencidos e ainda alcançarão o interruptor da luz. A decisão da Justiça Federal me deixou com dúvidas. Ok, baixinhos poderão pilotar aviões de verdade, integrar esquadras aéreas, dominar o mundo, coisa e tal. Mas terão direito a uma daquelas almofadinhas para o banco do avião, iguais às que a minha mãe usava no seu Fusca para enxergar acima do volante, lá pelos idos de 1989? Baixinhos alcançarão nos pedais do avião? Terão aulas de alpinismo para alcançar a cabine?

Acho que o edital da Aeronáutica, a partir de agora, trará funções específicas para candidatos de baixa estatura. Algo como "faxineiro de pneu de avião", "chaveirinho de pára-brisa da cabine", "piloto de aeromodelo com símbolo da FAB" e "piloto da nave da Xuxa" .

Já imagino as futuras manifestações, greves e faixas com palavras de ordem. "Por mais pilhas nos controles remotos!", "Chaveirinho também é gente!", "Por mais paquitas seminuas na Nave da Xuxa!" e "Xuxa, alfabetize a Sasha em português!".

Avante nanicagem! Gigantes, tremei!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Paleografia

A faculdade é um lugar onde a gente é obrigado a estudar um monte de tranqueiras. E pelo menos metade delas não serão usadas na vida profissional e poderiam ser substituídas por tranqueiras que deveríamos aprender na faculdade, mas não aprendemos.

Porém, de vez em quando podemos aprender algumas tranqueiras por livre e espontânea vontade. Por exemplo: nesse semestre eu escolhi estudar Paleografia. "Mas que porra é essa?", perguntar-me-ão vocês.

Então. É que, há muito tempo atrás, um sujeito - até hoje anônimo - resolveu se rebelar contra as normas de escrita manual. Aparentemente inspirado nos hieróglifos egípcios, esse alguém acabou criando uma técnica de escrita chamada "garrancho ilegível". Essa técnica ganhou uma legião de seguidores e uma sociedade secreta foi formada, tornando o garrancho ilegível popular pelo mundo afora. Atualmente, a sociedade secreta do garrancho ilegível é formada basicamente por médicos - o que faz da paleografia um instinto atávico entre farmacêuticos.

Resumindo: paleografia é o estudo de escritos feitos por gente que caga e anda pra caligrafia.


Tipo assim, ó

Coincidência ou não, essa bagaça aí de cima é um atestado médico. Mais detalhes aqui.

As aulas de Paleografia nos dão grandes ensinamentos. Na última aula, por exemplo, fiquei sabendo que existem muitos documentos que relatam casos de pessoas que "erram o vaso". E o termo médico para o vaso em questão é "ânus".

Aparentemente, sodomia era um "crime" recorrente entre os casais antigos. O sujeito chegava na sua respectiva sujeita e CRÉU!, entrava duro por trás, ao invés de entrar duro na frente. Depois era só dizer "opa, errei o vaso sem querer, me processa".

E esqueçam. "Posso errar o vaso, meu bem?" não é uma cantada caliente. O máximo que a guria vai pensar é que tu vais ao banheiro mijar tudo, menos o vaso. O que isso pode dar é uma piada esquisita no meio de uma festa - e provavelmente apenas o autor da piada irá entender. Cena: a moça pede licença para ir ao banheiro.

- Vai lá. Mas cuidado para não errar o vaso. NOSSA ESSA FOI BOA HEIN ENTENDEU?

Mas voltemos à paleografia. Entre outras utilidades, ela serve como desculpa. Da próxima vez que alguém reclamar daquele livro com letras miudinhas, sugira que a culpa não é da visão nem do óculos, mas sim da falta de estudos de paleografia.

Infelizmente, acho que a Paleografia não tem muito futuro. Hoje em dia todo documento é feito no computador, de modo que os estudos paleográficos no futuro serão feitos em cima das minhas colas para provas de Biologia que eu fazia com fonte 6 ou 7 no meu Segundo Grau.

A aula de Paleografia tem um quê de saudosismo. Quando o professor mostra um slide com um documento parecido com o da imagem acima, começa a apontar as palavras e linhas, ao passo que a turma, em uníssono, recita todo o documento. A cena me faz lembrar da minha primeira série, com a professora apontando as letrinhas e a turma toda berrando "a, bê, cê"...

Sabe, a Paleografia me mantém jovem.

sábado, 26 de setembro de 2009

Freud não explica

Não é novidade pra ninguém que eu não sou muito fã de Sigmund Freud. Não que eu seja um profundo conhecedor das suas ideias, mas um cara que se entope de rapé e cocaína e sai dizendo que tal problema deriva de falta de sexo, além de uma incomensurável vontade de matar o pai para traçar a mãe, não merece muito a minha consideração.

No entanto eu tenho muita curiosidade em saber como ele avaliaria meus sonhos. Já contei por aqui que eu tenho os sonhos mais incompreensíveis e doidos do mundo. Por exemplo, um sonho recorrente que eu tenho é com escadas. Para poupar tempo, eu não desço da forma convencional - degrau por degrau - mas sim escorregando. Com os calcanhares. Como se eu esquiasse. Eu também não entendo.

Outro sonho bastante recorrente é que eu sou um fumante viciadíssimo. O mais bacana desse sonho é que, quando eu acordo, estou com um gosto terrível na boca - como se tivesse mastigado um tapete sujo. Tudo isso a despeito da minha aversão a cigarros.

(E não que eu já tenha provado um tapete sujo, mas a minha imaginação é tão fértil que eu quase consigo visualizar o sabor, a despeito de que sentir sabor é uma tarefa do paladar e não da visão.)

Mas ultimamente meus sonhos são com animais de estimação não muito convencionais. Há um tempo atrás sonhei que ia à uma reunião de amigos internéticos e o dono da casa tinha dois simpáticos animais: um TIGRE e um LEÃO. O leão não era muito amigável e ficava isolado no pátio. O dono do bicho explicava que ele ficaria assim até que se comportasse.

Já o tigre, ah, esse era um brincalhão. No exato instante que pisei na casa, o afável animal resolveu que eu, oriundo de uma cidade onde cães de rua vagueiam livremente como vacas em Bombaim, era o melhor amigo dele no mundo inteiro - uma relação semelhante a do He-Man com o Gato Guerreiro, eu diria.

Sendo eu o melhor amigo do bicho, ele resolveu brincar comigo e logicamente eu saía todo machucado. Isso torna o sonho completamente realista: um tigre dócil e domesticado é uma ideia completamente plausível, mas vocês já pensaram o que acontece se um felino de 300 quilos acha que pular em ti e morder a tua mão é uma brincadeira saudável?

No sonho mais recente, eu era dono de um urso. Mas não era um urso qualquer: era uma cruza entre urso pardo e urso panda. A cor dele era bem bonita, de modo que eu aproveito para cagar na cabeça daqueles que acham que humanos só sonham em preto e branco.

Enfim, meu urso já era adulto e muito, mas muito manso. Só que ele era tão grande que eu me borrava de medo de irritar o bicho, de modo que ele só andava de coleira. Não sei bem o que uma coleira pode fazer contra um urso de 400 quilos - ainda mais manso -, mas a coleira estava lá.

Mas o mais bizarro animal de estimação que sonhei foi um poodle. Seu nome era Adriano - em homenagem ao atacante do Flamengo - e ele não era lá muito sociável. Eu diria que, se ele lutasse contra o George Foreman, ganharia por nocaute e ainda roubaria os direitos autorais do George Foreman Grill.

Percebam: nos meus sonhos, um poodle é muito mais violento e anti-social que um leão, um tigre ou mesmo uma cruza de urso panda com urso pardo. Acho que, se Freud parasse para analisar meus sonhos, morreria com um derrame cerebral.

Não sei se me trato, se jogo no bicho ou se paro de assistir Animal Planet.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Propaganda de luta

Às vezes eu me dou conta que algumas propagandas são incompletas e dão margens a várias interpretações.

Por exemplo: ontem à tarde eu ouvi na Atlântida a propaganda de um evento de Vale-Tudo - a luta, e não a música do Tim Maia ou a antiga novela global. Então anunciaram os lutadores: Xuxa contra Falcão.

Perceberam como está incompleta? Isso me deu margem a várias interpretações.













E, se vale tudo mesmo, como seria essa luta?

Xuxa nadaria 100 metros em 22 segundos. Falcão responde: homem é homem, menino é menino, macaco é macaco e viado é viado. E desfere outro golpe, já que faltou luz mas era dia e o sol invadiu a sala.

Cambaleante, Xuxa contra-ataca dizendo que vai pintar um arco-íris de energia, afinal, ilariê. Falcão retruca que não gosta da postura do Palmeiras em campo e acha que o time precisa usar mais as laterais, invertendo jogadas, se quiser chegar no gol e não me deixar sentado na poltrona em um dia de domingo.

Empate técnico?

É sério, essas propagandas precisam ser mais completas e informativas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

R.I.P. Patrick Swayze

E morreu Patrick Swayze, o ator que me fez ter uma inveja dos diabos por ter dado uns catas legais na Demi Moore, enquanto ela estava fazendo um vaso de barro - ou argila, sei lá que negócio era aquele.

Não somente pela Demi Moore ser uma gostosa sem limites (o que eu só descobri de verdade quando ela fez Strip-Tease), mas porque, apesar de todo o barro daquela cena, ninguém saiu sujo.

E, ok, eu sei que ele tava com câncer no pâncreas, que foram as 5 semanas de vida mais longas do mundo e que talvez ele dê uma entrevista coletiva através de Whoopi Goldberg. O que eu não entendi é se o Terra acha que ele fez parte dos bailarinos de Thriller ou se ele fez a moonwalk em Dirty Dancing - Ritmo quente.



[UPDATE] - O Terra disponibilizou um link para enviar mensagens a Patrick Swayze.

Não se preocupem. Whoopi Goldberg garante que o próprio Patrick Swayze lerá todas as mensagens. E responderá depois que ele encontrar o fantasma do trem.


Get off my train!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Uma morta muito viva

O título deste post é de fazer inveja a filme da Sessão da Tarde, mas o fato é que uma vendedora de Joinville precisa provar que não morreu. Pela segunda vez.

Se errar é humano, insistir no erro é burrice. E já pensaram se há assassinos de aluguel envolvidos?

- Quero ela morta.
- Deixa comigo. Pode ir encomendando a papelada. Eu garanto o serviço.

Dias depois:

- Você não tinha matado ela?
- E matei.
- Mas ela tá viva.
- Viva?
- E precisando provar que não morreu.
- Mas que coisa!
- E agora?
- Deixa comigo. Dessa vez não passa, patrão.
- Vê lá, hein. Vou encomendar a papelada.
- Vai na fé. Dessa vez não passa.

Dias depois:

- E aquele serviço?
- Tá feito. Não erro duas vezes.
- Não? Tem certeza?
- Absoluta.
- Animal. Ela tá viva.
- Como?
- E precisando provar que continua viva. Olha aqui.
- Ah não! Agora me irritei! Dessa vez eu...
- Cala a boca. Esquece. Desisti. Não precisa mais.
- Mas...
- Cala a boca. Incompetente.
- E eu lá tenho culpa dela ser o Bruce Willis de saia, patrão?

Cerca de 15 ou 60 anos depois:

- Ei patrão, lembra da Juliana?
- Lembro.
- Pois então. Morreu.
- Ah tá.
- Sério, morreu. E não fui eu.
- Claro que não. Incompetente.
- Mas é sério. Morreu de verdade.
- Vá se foder.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ponderações sobre a crise econômica mundial

Não dá pra negar: a crise mundial é realmente séria. A prova disso é o humor brasileiro, onde a grande sensação do momento é essa:


A humanidade carrega consigo alguns grandes mistérios. Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? Como os egípcios construíram as grandes pirâmides? Mas o principal mistério é: onde diabos está a graça deste "Ronaldo"?

Confesso que, quando fui apresentado à esta pérola marrom do vaso sanitário, achei graça. Isso porque eu acreditava piamente que o cidadão do vídeo era Célio Silva, o clássico zagueiro do nosso futebol, canhão do Campeonato Brasileiro de 95 e autor do gol do título do glorioso Colorado na Copa do Brasil de 92 numa cobrança de pênalti, onde mandou a marca do cal pra dentro da meta e deixou a bola imóvel na marca do pênalti. Foi o maior lance de ilusão de ótica já visto no futebol mundial.

Quando descobri que o cidadão do vídeo se chama Zina e não é o grande Célio Silva, o vídeo perdeu completamente a graça.

Acha que acabou? Não. Enquanto Chico Anysio foi parar na geladeira global, um punhado de desocupados se junta com um cara que, em tempos remotos, foi cantor brega. Outro desocupado olha pra eles e diz "tive uma ideia genial!".

O maior pesadelo desse outro desocupado é sofrer um processo de Chico Anysio sob a acusação de plágio - ao mesmo passo que nosso maior desejo é que este tal desocupado seja violentamente processado por Chico Anysio, sob a acusação de plágio mal feito, danos morais, suborno, falsificação ideológica, sonegação fiscal, roubo, estupro, sequestro e genocídio quadruplamente qualificado.

Então a gente liga a TV para espairecer um pouco e esse punhado de desocupados, sabe Deus como, se transforma subitamente em um grupo de "artistas" e "humoristas" (as aspas são indispensáveis). Eles integram um programa que, supostamente, deveria ser humorístico. E por que "supostamente"? Por "piadas" como essa:

- O que é, o que é: não é gostoso, mas dá água na boca?
- Não sei.
- O copo.
- É, nota 10.

Veja bem: enquanto eu me estrepo indo pra faculdade para conseguir uma porra de diploma universitário - que não garantirá um mísero tostão furado no meu bolso -, um bando de pateta vai pra TV ganhar uma rica grana pra proferir piadas incapazes de fazer uma criança de 5 anos rir.

Como se isso não bastasse, Zorra Total completa 10 anos. Acha pouco? Pois o Casseta & Planeta insiste em não realizar uma sessão espírita toda terça-feira para reintegrar o Bussunda em seu elenco.

Acho que vou me inscrever no concurso do CQC para salvar o universo.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Grandes linguistas do futebol

No mundo do futebol, costuma-se dizer que a linguagem da bola é universal. Eu nunca entendi direito o que isso significa, já que nunca vi uma pelota utilizar as cordas vocais e o máximo que sua imagem arredondada permite de leitura corporal é ler "Adidas", "Nike" e coisas do gênero.

Apesar de não entender isso é fácil perceber que, de fato, a linguagem da bola é universal. Tanto que diversos jogadores tentam a sorte em países de línguas completamente doidas - e acabam encontrando a sorte mesmo. Nesse post, listo 5 personagens que fazem com que o mundo do futebol seja quase uma Torre de Babel com sua única língua.

1) Joel Santana

Ele é um dos mais simpáticos técnicos de futebol no mundo. Competente para alguns e, para outros, apenas simpático mesmo. Seu inglês no comando da África do Sul correu o mundo e, hoje, Joel Santana é a grande sensação da linguagem mundial.



Joel Santana é o principal difusor do inglês shakesperiano no mundo da bola. Eu diria que, se Shakespeare estivesse vivo, seria capaz de morrer de orgulho do incrível Papai Joel.

2) Anderson

Notem que eu falei que Joel é um "difusor". Não falei "introdutor" porque soaria meio boiola e não posso dizer que ele é pioneiro no uso do inglês arcaico no futebol mundial. Graças à Anderson.

Esse jovem jogador ficou nacionalmente conhecido durante um jogo da segunda divisão, onde sua equipe sofreu cerca de 15 pênaltis e o dobro de expulsões. Nenhum dos pênaltis foi convertido e, no final do jogo, Anderson provou ser um fominha marrento e muito chato, pegou a bola e fez um gol que é quase a definição exata de "sorte". Esse gol não apenas deu a vitória ao seu time em um jogo pra lá de modorrento como também salvou a equipe de um vexame de proporções tsunâmicas.

Mas a maior contribuição de Anderson para o mundo do futebol foi esta:



Joel Santana é praticamente um seguidor de Anderson. O tablóide inglês "The Sun" e as revistas "Contigo!" e "Pesca e cia." cogitam que Anderson receberá uma honraria do Império Britânico por seus feitos em prol da cultura linguística da Terra da Rainha.

3) Jef Silva

Como eu falei antes, alguns jogadores tentam a sorte em países de línguas bizarras. É o caso de Jef Silva, que trocou o Avaí, de Florianópolis, pelo futebol da Sérvia. O nome do seu clube é tão bizarro que é traduzido em todas as línguas. Quando eu fundar meu país, minha tradução vai ser "Clube de Nome Bizarro". Por enquanto, utilizo a tradução para o português: "Estrela Vermelha".



Aparentemente, Jef insiste em sugerir que seu clube troque de nome. Infelizmente, a relutância dos dirigentes parece grande. Mas acho que Jef continua na luta.

4) Vanderlei Luxemburgo

Luxemburgo é o empresário que mais sabe se disfarçar de técnico de futebol. Na sua passagem pelo poderoso Real Madrid, ele fez com a língua espanhola aquilo que Joel Santana fez com a inglesa...



... porém lendo e com a desenvoltura de um ganso bêbado.

5) Perdigão

O portunhol, essa mistura tão interessante quanto vodka com limão e açúcar, não ficou em evidência apenas por Vanderlei Luxemburgo. Perdigão também se utilizou dessa mistura. Falo do portunhol, apesar de Perdigão ser conhecido por utilizar muito da outra mistura citada nesse trecho.

Perdigão (também conhecido como "El Meduso Borracho" ou "Cumpadi Washington") foi essencial na conquista da Libertadores e do Mundial de 2006 pelo Internacional - títulos que, como todos sabem, são os mais importantes da história do futebol nacional, quiçá mundial. O curioso é que Perdigão esteve poucas vezes em campo. O futebol é, de fato, um esporte coletivo. Demais.

No vídeo, Perdigão comenta o título colorado na Libertadores:



Posteriormente, Perdigão foi a principal contratação do Vasco da Gama e do Corinthians nos últimos 25 anos. Hoje, seu talento está à serviço do São Caetano - onde foi a principal contratação da história.

Estes ilustres senhores fazem com que o esporte seja um exemplo para líderes de nações do mundo inteiro. Senhor Lula, tá na hora de se comunicar em outras línguas.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A morte de todo-mundo-já-sabe

Fiquei sabendo que um monte de gente está ansiosa para saber o que eu achei ou como reagi à morte de uma das figuras mais incríveis que já pisaram neste planeta. Aproveito para mandar meus agradecimentos à Ludmila por, sozinha, ser esse monte de gente.

Mas então. Eu realmente fiquei chocado com a morte de um ícone de toda uma geração. Afinal, a Farrah Fawcett era foda e acompanhou vários banhos solitários de muito marmanjo por aí.

Ok, estou brincando. É lógico que eu não vou falar da Farrah Fawcett, mas sim da morte daquele que talvez seja a mais controversa e polêmica personalidade do showbizz. Afinal, o Clodovil era isso mesmo.

Ok, continuo brincando. Tá um pouco tarde pra eu me manifestar sobre a morte do viado mais famoso do Brasil. Até porque já me manifestei sobre essa morte - ou "mutação para purpurina", cientificamente falando - lá no Amigos de Pelotas.

Então, Michael Jackson. Também me manifestei sobre a morte dele no Amigos, mas isso foi semana passada. Depois disso, fiquei sabendo que seu funeral vai ser um evento faraônico. Estão até distribuindo - e vendendo! - ingressos para a cerimônia. O que estão pensando? Que ele vai pular da terra com um bando de dançarinos e emocionar o mundo com seu retorno ao som de Thriller?

Mesmo surpreso, eu acho que Michael já estava meio morto. Antes de anunciar a turnê de despedida, suas principais atividades não tinham a menor ligação com música: balançar filhos em sacadas; andar de máscara cirúrgica; revelar que o relacionamento com seu pai era uma versão caseira de George W. Bush X Saddam Hussein; fazer plásticas e ficar parecendo o Mestre Yoda depois de uma malfadada briga com soqueiras e martelos; ser alvo de pais espertalhões que permitiam que seus filhos dormissem na cama de um cara que estava sendo criança com quarenta e tantos anos...

Quando li que ele fora flagrado em um banheiro feminino no Marrocos trajando uma vestimenta igualmente feminina, eu desisti. Não bastasse o cara poder mudar de cor, ele poderia também mudar de sexo assim, sem mais essa nem aquela?

Nah. Quero lembrar do Jacko de verdade. Do gênio de Thriller, Off The Wall, Bad, Ben; da moonwalk e das coreografias que são o objetivo de todo e qualquer bebum de festas de formatura. Do gênio que ouviu Another One Bites The Dust e falou à Freddie Mercury e sua trupe que eles seriam loucos se não a lançassem como single.

Quero lembrar de Fevereiro de 1993, quando insistentemente pedi um disco à minha mãe. Era o Dangerous, que tenho até hoje, um clássico da carreira de Jacko com as não-menos clássicas Heal The World, Black Or White e Give In To Me - as duas últimas com participação especial de Slash, o mais drogado herói da minha infância.

E o bizarro disso tudo é ter a sensação que essa morte anunciada foi repentina demais. Quando eu saí de casa naquela quinta-feira, o mundo estava normal: Michael ainda estava às voltas com ensaios para a sua cacetada de shows. Quando voltei, cerca de 2 horas depois, Jacko já tinha enfartado, já tinham tentado reanimar o cara, já estava no hospital e já estava morto. Pior: cerca de doze mil e nove piadas já haviam sido pronunciadas.

E eu mal estava digerindo meu X-Enfarto-Sem-Plano-Funeral. O que é uma temeridade, pois vocês devem ter percebido por esse post que a Dona Morte anda inspiradíssima. Clodovil, Farrah Fawcett, Michael Jackson...

Acho que nem quero mais ser famoso.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sabe "moda"? Eu não.

São Paulo Fashion Week tá aí. Ou tava? Já passou? Ou é a Fashion Week do Rio de Janeiro?

Por esse primeiro parágrafo, acho que dá pra perceber que eu não sou muito ligado em moda. Mas qualquer sonolento incauto pode pensar que eu sou um alienado e não sei o que tá se passando à minha volta, ao redor do mundo, ou que mega-evento de moda está acontecendo no Sudeste do país onde moro.

Então vamos deixar as coisas um pouco mais claras: eu não entendo patavina de moda. Eu não entendo bulhufas de moda. Eu não entendo PORRA NENHUMA de moda. Eu não me ofenderia se me chamassem de "consultor de moda do Falcão" - o cantor, e não o ex-jogador e comentarista global. O máximo que eu retrucaria é "viado é tu, seu bixa".

Ainda não ficou muito claro? Ok, vamos a um exemplo prático e verídico.

Cenário: sala de professores de um badalado instituto de ensino médio. Lá encontra-se um pequeno garoto cabeludo. Ele está estudando. Seu nome é... Pequeno Garoto. Uma professora chega cheia de sacolas e as deposita sobre a mesa. Começa a retirar delas um monte de panos e objetos de lã, fazendo comentários com sabe-se lá quem - comigo, talvez. Digo, com Pequeno Garoto.

- Ai, olha esse, que lindo! E esse então? Nossa, a moça que faz isso é ótima! Puxa, esse tá muito bonito!

Tentei... digo, Pequeno Garoto tentou ser simpático. Humildemente SIMPÁTICO.

- É mesmo... o que é isso? Aqueles enfeites pra cortinas? Como é que se pendura? Que diferente né?
- É, diferente sim... mas isso é pra USAR NO PESCOÇO...

Se estiver calado, Pequeno Garoto deve ser o sujeito mais simpático do universo.

(Aliás, tou aqui pensando como REALMENTE não entendo nada de moda: de onde eu... digo, de onde Pequeno Garoto tirou esse negócio de "enfeite pra cortina"? Isso existe?)

sábado, 13 de junho de 2009

Nome feio

Ter um nome feio é um negócio especial. Cada sala de aula, por exemplo, pode ter 3 Felipes e 4 Rodrigos, e eles serão reconhecidos por nome e sobrenome. Alguém com um nome incomum e feio, não. Não é todo mundo que pode se gabar de ter a necessidade irrefutável de repetir o próprio nome quinze vezes em resposta à pergunta "qual seu nome?" - e terminar mostrando um documento que explique visualmente o que a gente não conseguiu explicar verbalmente.

Apesar de eu ter falado bonito, muita gente vai ler esse primeiro parágrafo, compará-lo com o título do post e pensar "pombas, achei que o texto seria sobre palavrões. E seria bem melhor que fosse sobre palavrões mesmo, afinal que moral o Egídio tem pra apontar o dedo pra alguém e dizer que o nome desse alguém é feio?".

De fato, ter "Egídio" como nome não é exatamente uma graça de Deus. Mas é justamente por isso que eu tenho capacidade pra falar. É como se eu tivesse especialização em nomes escrotos - só que, ao invés de passar por uma faculdade, eu simplesmente nasci com essa sapiência, essa autoridade. Eu tenho moral para falar de nomes escrotos porque convivo diariamente neste submundo. Eu praticamente sinto o cheiro de um nome fedorento quando ouço um.

No meu caso, nome escroto é basicamente uma tradição familiar. Eu sou o terceiro Egídio da minha árvore genealógica e o segundo em seqüência - o que me adiciona um "Júnior" ao final do meu nome completo - todo mundo ri disso, mas eu acho sensacional ter um "Júnior" acrescido ao meu nome. Acho... salvador.

Mas então. Certa feita estava eu no supermercado com minha mãe, quando uma voz feminina sensualíssima anunciou no alto-falante:

- Egídio Pizarro, favor comparecer à secretaria.

(Antes de continuar, eu sugiro que vocês, leitores, pensem com muito carinho sobre piadas com relação ao meu nome. "Egípcio Bizarro Cigarro Pigarro Pisado" não é nem um pouco criativo. Pelo menos metade do colégio onde eu estudava chegou na frente de vocês e gastou a maioria dessas piadas.)

"Pronto", pensei. "Descobriram que eu roubei um Fandangos sabor queijo e a dona da voz sensual quer que eu divida o salgadinho com ela na cama". Sabem o que é pior? Eu sequer havia cogitado roubar um Fandangos sabor queijo. Não havia surrupiado nada do supermercado. Até porque eu prefiro Fandangos sabor presunto. Mais: eu não me deixo seduzir unicamente por uma voz. Vai que ela tenha a voz bonita, mas seja uma cópia feminina do Michael Jackson cheio de plásticas depois da guerra?

E sabem o que é mais pior de ruim ainda? Minha mãe, uma das principais responsáveis pelo meu nome, percebeu o cagaço que levei e ria como se não houvesse amanhã. Como se pensasse "hehe, zoei". Depois de parar de rir, ela me explicou que "Egídio" é uma tradição familiar que não pertence apenas à minha ascendência. Logo, eu não era o único. Havia um outro Egídio Pizarro em outras partes da família, e pelo visto o desgraçado trabalhava no tal supermercado.

A história não acaba aqui. Dia desses estava eu no ex-CEFET gaúcho, atual IFSul. Para entrar lá como visitante e futuro estagiário, como é o caso deste nanico que vos escreve, é necessário ter um cadastro doido - que eu já tinha feito.

- Nome?
- Egídio.
- Do quê?

Em outros tempos, essa seria uma pergunta burra em 100% dos casos. Se eu desse 1 centavo a cada Egídio que encontrassem no mesmo recinto que eu, não daria centavos a ninguém. A não ser no supermercado.

- Egídio, ué. Egídio Pizarro.
- Egídio Delli Pizarro?

Ora, mas que porra de Delli é essa?

- Não, Egídio Pizarro.
- Então. Egídio Delli Pizarro.
- Delli? Que Delli?

Vou contar um negócio sério: eu juro pra vocês que imaginei que o porteiro fosse um viado e estava prestes a me passar uma cantada despudoradamente mais escrota que meu nome. "Delli, de Dellicioso, tou sozinho em casa, benhê".

Felizmente isso não aconteceu. O rapaz fez mais uma pesquisa no banco de dados e mandou:

- Egídio Júnior?
- Isso. Onde tá o Delli?
- É outro Egídio Pizarro que tem por aqui. - e me entregou o crachá.

Se isso não for a definição de "mundo pequeno", eu não sei o que mais pode ser. Nunca imaginei ter motivos para ser alguém admirado, seguido e idolatrado por algum fanático que resolveu se auto-batizar com o meu nome (ou pior, batizar um filho com meu nome), então pergunto: onde diabos anda a criatividade humana para dar nome aos seus filhos?

sábado, 6 de junho de 2009

Pensando

Artistas são capazes de fazer coisas incríveis no Photoshop. Vejam:


Ver um negócio desses me faz pensar.

"McDonalds investe em filiais para casas de massagem"

"McDonalds investe em filiais para sex-shops"

"McDonalds investe em novo McLanche Feliz - agora mais feliz do que nunca"

"McDonalds cria novo lanche: MasQueBosta Feliz"

"Nova embalagem do McDonalds reacende polêmica sobre higiente alimentar"

"Pesquisa ilustrada revela: lanches do McDonalds não são bem digeridos pelo organismo"

"Hey garçom, achei um peido no meu lanche!"

"Hey garçom, achei um peido SÓLIDO no meu lanche!"

"Hey garçom, que merda é essa?"

"Quero um McPeido Feliz. Oba, que brinde bacana!"


Me faz pensar demais.

sábado, 30 de maio de 2009

Castigo quase merecido

RIAA pede pena de morte para quem baixa música na web

Já teve gente dizendo que essa notícia é completamente fake. Eu não sei, e tampouco interessa saber se é fake ou não. O fato é que eu fiquei muito chocado e o pessoal anda dizendo que essa pena é pesada demais. Particularmente, não tenho muita certeza disso. Vamos analisar?

A RIAA (...) exigiu que a justiça do Estado de Oklahoma aplique a pena de morte em três adolescentes que baixaram compulsivamente músicas do rapper Kanye West.

Se o filho que eu não tenho baixasse UMA música do Kanye West, eu teria motivos suficientes para deixá-lo de castigo por 1 mês, trancafiado em um quarto sem televisão, sem internet, sem música e sem revista de mulher pelada. Apenas com livros de Química. Opa, exagerei.

Agora, se o filho que eu não tenho baixasse músicas do Kanye West compulsivamente, é um sinal que esse filho que eu não tenho é um caso perdido.

Imagino as possibilidades de conversa com o guri:

- Porra, piá! Os anos escutando Led Zeppelin não te serviram de nada? Te comprei 4 discos do Dire Straits e o que acontece? Kanye West! Desgraçado! Admite! Desembucha! Desde quando tu tás nessas drogas pesadas? Só falta me dizer que fica escutando isso no volume máximo! O QUE OS VIZINHOS VÃO DIZER, MEUDEUSDOCÉU?

Ou então, desabafando em um boteco, com um colega de copo:

- Meu filho tá baixando músicas do Kanye West. Compulsivamente. Não baixa nenhum episódio do Chaves, nem filme da Silvia Saint, sequer entra no site da Playboy. Só músicas do Kanye West mesmo. Onde foi que eu errei? Só me resta beber. Desce mais duas ampolas de diurético.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Mamãe é de morte

(Aviso: este post pode conter spoilers. Ou não. Depende da interpretação, da vontade e do estado etílico e/ou mental do leitor. Se o leitor for cego, logicamente não terá spoilers. Mas se o leitor cego escutar este post, quer dizer que alguém está lendo o post para ele, ou então que o cego é ninja, já que este blog não tem opção de leitura para cegos. Já nem lembro mais sobre o que eu ia escrever nesse post.)

(Ah, lembrei.)


O mundo seria um lugar bem melhor e menos poluído se todos os cineastas tivessem o mesmo senso de humor e de ridículo que John Waters, o diretor de "Mamãe é de Morte", que, se traduzido literalmente, seria lançado no Brasil com o título de "Mamãe Serial" ou mesmo "Mamãe em Série". Isso dá uma rasteira em todos aqueles chatos que dizem que brasileiros não sabem traduzir títulos de filmes.

Quando eu falo em senso de ridículo, eu quero dizer o velho e bom senso que nos faz admitir "ok, isto está ficando uma bosta colossal". John Waters certamente teve este pensamento quando estava no meio da produção deste filme e decidiu: "Já que tá feio, vou aloprar de vez com essa porra."

O resultado final foi um filme horrível, e quando eu digo "horrível" eu quero dizer que "bosta colossal" é um elogio. A coisa é tão grave que o filme é sensacional, uma obra-prima. Vocês vão me dizer que eu estou sendo contraditório, mas acho melhor vocês calarem a boca e assistirem o filme para entenderem o que eu estou falando.


Kathleen Turner interpreta Beverly Sutphin, uma mãe de família que daria orgulho à mãe de Jason Vorhees - e até mesmo ao próprio Jason Vorhees. O espectador é apresentado ao instinto assassino de Beverly em uma cena inusitada: uma inocente mosca espalha seus germes fecais pelo café da manhã da família e, aparentemente, somente Beverly percebe isso. Em meio a um diálogo sem muita importância, ela passa 2 ou 3 minutos do filme tentando trucidar a mosca em meio à torradas, sucos, manteigas e a desatenção total da família.

Higienicamente, a mosca encontra seu fim quando pousa em uma cadeira, e seu cadáver jaz em meio a um efeito especial que parece ter sido feito com uma jaca arremessada do décimo quinto andar de um prédio que só possui 13 andares.

A supracitada mosquinha é apenas a primeira vítima fatal de Beverly. Na sua lista acaba entrando ainda um professor da escola do seu filho, que morre cuspindo algo que não se sabe se é um dente, um chiclete ou uma melancia - arrisco dizer que é uma mistura dos três.

Outra vítima é o amor da vida da filha - pelo menos era o amor da vida naquela semana. O cara dá um pé na bunda da guria, o que por tabela revolta a mãe e aparece com uma loira de parar o trânsito. A morte do garanhão, por sinal, é uma cena ímpar na história do cinema. Acompanhem o descobrimento do corpo:



Um primor de atuação. Nem Dado Dolabella conseguiria fazer igual. A todas essas, o diretor já estava pensando que o filme não tava saindo exatamente como o planejado e resolve começar a aloprar de verdade. Atentem para o cartaz do filme. Notaram alguém conhecido? É isso mesmo: John Waters tem a colaboração de ninguém mais, ninguem menos que Salsicha.


Scooby Doo resolveu não participar do filme, por achar baixo o cachê de biscoitos Scooby. Percebam como Salsicha fica preocupado.

Lá pelas tantas, Salsicha - que é o filho da assassina - informa à mãe que um coleguinha e seus pais a ofenderam. Não me lembro bem as palavras, mas foram termos realmente pesados. Se a memória não me falha, foi algo como "boba" e "cara de mamão". Isso tudo na hora do jantar da família.

A mãe sorri e diz "já volto". Sem mais essa nem aquela, ela ruma para a casa do tal amiguinho. A família percebe o que está para acontecer e resolve ir salvar o tal amiguinho. É aí que a gente percebe que a casa do tal amiguinho é realmente grande, porque a Beverly entra por um lado e mata os pais do amiguinho, enquanto a família entra pelo outro e interrompe uma punheta furiosíssima que o amiguinho está batendo embaixo das cobertas, inspirado por um filme "pornô" que não excitaria nem mesmo um náufrago tarado e necessitado. E um lado não percebe o outro.

Aí a coisa já descambou pra uma alopragem insana. Para se ter uma idéia, Beverly, com uma faca na mão, desiste de matar uma cliente da locadora do filho. Bondosa que ela só, troca a faca por um PERNIL e manda a velha pro outro lado. A essa altura, Beverly já é celebridade nacional e até entra de graça em shows do L7!

Beverly é mandada a júri, onde dispensa seu advogado e organiza a própria defesa, baseada em 2 livros de Direito: "O Estado contra Fulano" e "O Estado contra Beltrano". Fulano e Beltrano são nomes fictícios, já que não quiseram ser identificados pela minha memória. Obviamente ela é julgada inocente de todos os crimes e encerra o filme matando uma mulher do júri.

Pra quem tá com aquela pressa insana de ver essa pérola depois de ler essa resenha, vou contar que o filme está disponível no YouTube NA ÍNTEGRA, dividido em oito partes. Eu não vou linkar aqui porque, como vocês sabem, não quero que esse tal de Direito Autoral venha comer meu fiofó. Então corram pro YouTube e procurem por "Serial Mom".

Mas aconselho completar um curso de inglês antes, porque não está legendado.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Da série "Pedro, este distinto senhor"

Então o Forecast Fox, um aplicativo para o Mozilla Firefox que mostra a previsão do tempo para a sua cidade, me aponta que hoje, terça-feira, irá chover. "Opa", penso eu, "vou evitar sair". Afinal, estúpido que sou, levo em consideração os apontamentos de um aplicativo que consegue acertar menos previsões que o Pelé em época de Copa do Mundo.

Contratempos aparecem, a chuva não, resolvo eu sair para resolver os tais contratempos. Eis que levanta uma ventania absurda e nuvens mais escuras que o Pelé dão o ar da graça. Se estivéssemos em 2000, religiosos sairiam às ruas para dar uma espiada no apocalipse, mas estamos em 2009 e é apenas mais uma chuva se aproximando. Pelo menos era o que eu pensava e o que me fez desistir da ideia de sair. Assim como apareceu, o cenário do apocalipse foi embora. Água? Somente da torneira onde eu escovava os dentes. Que estava fechada, afinal eu sou um moço muito antenado nesses negócios de escassez de água.

Já que a chuva tava envergonhada e não apareceria nem se o Pelé acertasse uma previsão futebolística, resolvi sair. Eis que mais nuvens negras aparecem e eu penso "vão se foder. Enganem a mãe de vocês, nuvens putas sem mãe". Vejam, eu estava um pouco brabo. Então vesti minha roupa, passei o desodorante ao invés de passar vergonha na rua e abri a porta. E o que me recebe na porta da minha casa?

Os primeiros e consistentes pingos de chuva do mês.

Ou seja, São Pedro é um velho muito filho da puta que fica de olho em todos os meus passos. Se eu não for louco, estou ouvindo suas risadas nesse exato instante.

sábado, 2 de maio de 2009

Loucos efeitos da gripe porca

- Querido, estou com medo dessa gripe suína.
- Papai, se a mamãe contar a historinha dos três porquinhos de novo, a gente vai pegar gripe suína?
- Unhééééé!
- Tio, então a historinha dos três porquinhos pode matar?
- Unhééééé!
- Veja querido, até ele está assustado!
- Pai, tô com fome. Ainda tem salsichão de porco?
- Mas que salsichão de porco, criatura! Tá querendo morrer?
- Unhééééé! Mãe, olha o tio me assustando!
- Olha aí! Assustou a criança!
- Perdão.
- Querido, tá vendo? A situação tá desesperadora!
- É cunhado, não podemos facilitar!
- Eu acho que a gente já teve problema com a gripe aviária. Não podemos facilitar mesmo! Você mesmo, quase pegou gripe aviária daquela piranha!
- Piranha é ave?
- Não. Mas aquela piranha, além de piranha, era galinha!
- Cunhado, você tava comigo! Diz pra ela que eu não fiz nada!
- Ah tá!
- Não fiz! E eu é que preciso ter medo dessa gripe suína! Você não sai de perto daquele pedreiro porco!
- Ei, acalmem os ânimos.
- Pai, continuo com fome. Quero torresmo.
- Unhééééé!
- Acho que essa criança já tá traumatizada com o porco.
- Pai, como será que tá o Gaguinho a essas alturas?
- Sobrinho, ninguém aqui conhece o Gaguinho. É a censura.
- Unhééééé!
- Cale-se! É proibido chorar!
- Pai, tá na hora da gente ir pra escola.
- Cunhado, tá na hora de eu ir trabalhar.
- E tá na hora de eu fazer compras.
- Sua fútil.
- Fútil nada! Vamos todos de ônibus.
- Está louca, sua louca? Quer se arriscar a pegar uma gripe suína?
- Será que transmite pelo ônibus?
- Pai, o Gaguinho anda de ônibus?
- Estamos atrasados! Preciso trabalhar!
- Querido, não fique aí parado! Fale, faça alguma coisa! Temos que sair e não podemos pegar ônibus!
- PUTA QUE PARIU! Tá bom! Eu levo todo mundo!
- Mas tem capacete pra todo mundo?
- Capacete é o cacete. Se alguém se estrepar, todo mundo se estrepa junto. Vamos.


Ei, chega pra lá! Tô apertado aqui! Não me encoxa!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Feios e música

A nova sensação internética mundial do universo atende pelo nome de Susan Boyle. A escocesa ganhou fama depois de participar de um show de calouros nos moldes do "Ídolos" na Inglaterra. Deixo aqui o link do vídeo, porque os caras do YouTube foram bixas o suficiente pra não liberar a opção de incorporá-lo a blogs.

A quem não se prestou a ver a apresentação de Susan, de pouco menos de 6 minutos, eu explico: a moça é dolorosamente feia. É do tipo que a gente pensa que o rosto pegou fogo e os bombeiros apagaram o incêndio com um machado - e, nesse caso, conseguiram salvar as cordas vocais. Eu sei que muita gente vai dizer que eu não tenho moral pra falar de feiúra, mas eu sou metido e falo mesmo assim. Se ela competisse em feiúra com Carlitos Tevez, a disputa seria árdua. Para se ter uma ideia, Susan tem 47 anos e afirma nunca ter sido beijada na vida.


Não entendo o motivo...

O fato é que Susan não foi o primeiro rostinho feio no programa: o galês Paul Potts já havia surpreendido a terra da rainha cantando Nessum Dorma - e parece até que o rapaz, que antes vendia celulares, faturou a competição. E deixei o link da sua apresentação nesse parágrafo porque, novamente, o pessoal do YouTube foi bixa e não liberou a opção de incorporar o vídeo no blog.

(Façam um esforço para ver os vídeos, aproveitem que tá em português.)

Enfim, nossos ouvidos não conseguem ouvir a feiúra - se conseguissem, Tim Maia jamais teria feito sucesso. Portanto, piadinhas à parte, desejo longa vida à carreira de Susan Boyle, do fundo do coração. Mesmo porque essa história de "a voz dela é boa, mas ela é feia a dar com um pau" é hipócrita pra dedéu e não cola mais. Mesmo.


Essa já foi beijada. Tem gosto pra tudo.

Em alguns casos (como o nosso, brasileiro), a coisa é degradante: um mentiroso salafrário chega para uma dupla de feios e larga a lorota: "ei, vocês têm talento para a música. Bora tentar?"


O pior: eles acreditam piamente.

Insisto: longa vida à Susan Boyle. Sério.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Meu primeiro experimento científico

Eu posso ser um estudante de História, mas desde piá eu tenho ideias pra experiências científicas, com seus resultados extremamente objetivos, realistas e claros. Enfim, exatamente o contrário de qualquer estudo de História.

E pode parecer absurdamente incrível, mas eu lembro perfeitamente do meu primeiro experimento científico: o motivo para realizar meu experimento, o método utilizado e o resultado final, ou seja, o que ficou comprovado. Por sinal, as pessoas que me rodeiam sabem muito bem o que ficou comprovado.

Eu poderia dizer que eu era um mini-Egídio, mas como isso é uma redundância das grandes, digo que eu era um baby-Egídio. Este projeto de cientista falido que vos escreve tinha 4 anos, não mais que isso. Estava no Maternal (ou seria Jardim?) e mais uma tarde de aprendizado infantil estava começando. Cada um devia escolher seus brinquedos pra levar para a mesa, o que eu executei com maestria: escolhi um bonequinho que devia ser um Comando em Ação Made in Taiwan, o qual eu imaginava ser o Jaspion lutando contra um terrível monstro que ia acabar com o universo.

O monstro que eu escolhi era uma espécie de palito amarelo de plástico, que na realidade pertencia a um dos duzentos mil joguinhos de montar daquela escolinha. Aliás, me pergunto se as escolinhas querem forçar as crianças a serem arquitetas e engenheiras através da quantia de joguinhos de montar que possuem. Mas divago.

Enfim, o palito de plástico era um monstro terrível. E naquela tarde se transformou em robô, ninja, moto, carro, meteoro, revólver e, pasmem, foi até um inocente palito de plástico representando uma viga de alguma construção medieval de outro planeta. Sabiam que crianças possuem uma imaginação fértil? Pois então.

A diversão foi tanta que, ao ouvir o sinal do recreio, fiquei com medo de não achar mais o palito de plástico, já que os brinquedos deveriam voltar ao armário, afim de que a mesa ficasse livre para a merenda nossa de cada dia. Diante do medo, o que fiz? Bastante natural: coloquei o tal palito de plástico no bolso da camisa xadrez que eu usava por baixo do uniforme do colégio. Afinal, perder o Comando em Ação Made in Taiwan tudo bem, mas eu não podia me dar ao luxo de perder um palito de plástico tão versátil.

Merenda feita, recreio exercido no pátio (onde desfrutávamos de brinquedos radicais como escorregador, balanço e gira-gira - kamikaze é o caralho!), voltamos à sala de aula, onde começamos a desenhar loucamente alguma coisa em comemoração à alguma data, o que fizemos até acabar a aula. De volta para casa, a mãe de baby-Egídio percebe algo no bolso do filho: era o terrível monstro do palito de plástico. Arrá, aposto que nem vocês lembravam dele.

Pois foi isso: esqueci o versátil palito de plástico no bolso e o carreguei para casa. Logicamente recebi de minha mãe a incumbência de devolvê-lo ao armário de brinquedos, pois ao trazê-lo para casa eu estava correndo o risco de crescer e me tornar um impiedoso, cruel e sanguinário ladrão.

Bem, o que eu fiz foi pensar: "cacete, cumé que eu esqueci isso no bolso? Será que eu tenho a memória fraca? Será que eu sou ladrão? Será que eu tou com vontade de fazer xixi?". Diante deste cenário, resolvi realizar uma experiência para testar minha própria memória e eu mesmo seria a cobaia. Uma experiência muito auto-suficiente, eu diria.

Novo dia, novas brincadeiras e novos aprendizados - ainda mais pra mim, que ia executar minha experiência. E fiz assim: cheguei no armário com o palito amarelo no bolso e, ao invés de devolvê-lo, catei outro palito do mesmo jogo de montar, só que de cor vermelha. Guardei os dois no bolso e pensei "vamos ver se minha memória é realmente fraca". Isto feito, fui para a mesa brincar com o Jaspion e esperar o dia passar, aguardando ansiosamente o resultado da pesquisa. Mamãe foi me buscar e me indagou sobre a devolução do brinquedo involuntariamente surrupiado.

E qual não foi a surpresa ao me dar conta que eu não apenas não tinha devolvido o palito amarelo, mas tinha retornado com outro palito de cor vermelha. Como eu expliquei isso à minha mãe é um fato completamente perdido no passado, mas cheguei à algumas conclusões:

- Minha memória realmente era fraca.
- Com a memória fraca, eu não deveria cursar História. Cursando História, estou fazendo história na humanidade.
- Mamãe viu em sua frente um marginal em potencial.
- Eu esqueci de ser um marginal em potencial.
- A polícia, até hoje, não correu atrás de dois palitos de plástico coloridos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Definições

Capítulo de hoje: "coincidência"

"Uma garota de 15 anos descobre que está grávida e conta para o namorado, que por sua vez dá um sonoro pé na bunda da moça e anuncia que tem outra namorada. A jovem grávida chora, sai correndo esbaforida e é atropelada por um carro véio. Um engarrafamento se forma mais instantaneamente que suco Tang, numa rua que há 10 minutos atrás sequer sabia o que era 'carro'.

Quem assiste a cena é um taxista português apaixonado pela mãe dela, que não tinha ideia de onde a filha havia se enfiado e a procurava de carro com a ajuda de um casal amigo. POR ACASO eles acabam no tal engarrafamento, onde surge um figurante qualquer que POR ACASO conhece a mãe da moça e conta: 'é sua filha que foi atropelada'.

Sem mais essa nem aquela, o rapaz que havia dado o colossal pé na bunda da grávida aparece POR ACASO no engarrafamento. Aproveitando a sorte do destino, que os uniu neste trágico engarrafamento, todos aproveitam para levar a jovem grávida para o hospital sem precisar gastar 1 mísero centavo com telefonemas."

Tem coisas que só uma novela da Globo faz por você.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Aprendendo com as cagadas da vida

Quem não gosta de acordar de bom humor? Alegre, feliz? Ô, coisa boa. Mas cuidado, meus caros. Muito cuidado. Acordar alegre e ficar de bom humor pode ser bom, mas permite que o destino daquele dia esconda inúmeras armadilhas, que acabam aniquilando o bom humor da mesma forma que o sal aniquila a lesma e a cerveja em excesso aniquila o bom senso estético de qualquer pessoa.

Eu conheço um rapaz que, certo dia, acordou num bom humor quase insuportável. O negócio era tamanho que ele ficou mais cego que um morcego sem olhos, o que não lhe permitiu ver as armadilhas que o destino preparou naquele dia.

Seu nome é Pequeno Garoto.

Ele estava indo para a faculdade numa tarde ensolarada e louca de buena. Estava tão bem humorado que o porteiro da faculdade quase chamou o manicômio ao vê-lo cumprimentar um carro vazio. É que ele achou que uma gostosinha da outra turma estava ali. Não estava. Olha aí uma das armadilhas do destino.

Então ele se direcionou para a sala onde trabalhava. Nesta sala estavam um colega e seu professor, conversando sobre assuntos pouco... usuais, digamos. Eis o cenário perfeito para a mais perfeita armadilha do destino.

Pequeno Garoto abriu a porta estampando um sorriso radiante e ouviu a conversa travada entre colega e professor.

- ... então ela tentou o suicídio - revelou o professor, para continuar -, mas não conseguiu. Ela foi se enforcar, mas pegou uma corda muito fraca. A corda arrebentou e ela caiu no banheiro, se machucou toda. E não foi a primeira vez que ela tentou. Nunca dava certo.

Percebam que Pequeno Garoto pegou o bonde andando. Como estava estupidamente bem humorado, fez a mais absoluta questão de sentar na janelinha do tal bonde. Com a sua habitual delicadeza, semelhante a um hipopótamo em queda livre ameaçando uma loja de cristais, resolveu se meter no assunto.

- Puta que pariu, mas que incompetência hein? Sério, tentar se matar um monte de vezes sem sucesso é incompetência demais. E a corda ainda arrebentou? Mas que burrice do inferno, vaitimbora. Quem é a estúpida que vocês estão falando?

Antes de continuar, um adendo: sempre que conta essa história, Pequeno Garoto tenta se defender, ainda que mentalmente. Getúlio Vargas cometeu suicídio, Vladimir Herzog e Salvador Allende foram brutalmente suicidados. Eva Braun, a esposa do vegetariano Hitler, tentou se matar diversas vezes e nunca conseguiu. Pequeno Garoto faz faculdade de História, logo nada mais natural do que imaginar que o colega e seu professor comentavam sobre alguma personagem histórica, certo?

Errado. Completamente errado. Ainda mais depois que o professor respondeu a Pequeno Garoto quem era a mulher em questão:

- Minha mãe.

E Pequeno Garoto desejou que um asteróide pousasse sem nenhuma suavidade na sala.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Rapidinhas entupidas de links

Semaninha agitada essa, hein? Não bastasse o piá inglês de 13 anos que queria bancar o papai descobrir que levou o chifre mais insanamente descomunal da história humana, eu quase caio pra trás ao ser noticiado da morte de Joaquinzinho, meio-campista xavante que quase fez Pelé jogar no glorioso rubro-negro pelotense.

E essa perda vai completar dois anos em julho. "Atualizado" não é exatamente o meu sobrenome.

E quinta-feira é dia de Olho de lince no Amigos de Pelotas, criançada! Já leram a crônica de hoje? Não?! Então vai lá, mané!

E aproveitem pra colocar a leitura em dia, que eu sei que vocês estão muito relapsos! No fim da aula vou pedir uma redação, hein!

sábado, 21 de março de 2009

Meme musical

Outro dia eu fui amaldiçoado pela Léli Dornelles, mas como eu sou lesado e um pouco atrasado, fui ver apenas anteontem. Ou trêisontônti? Sei lá, também não interessa.

Esse meme eu já tinha respondido no meu fotolog há coisa de 2 ou 3 anos, mas vou postar aqui porque o pessoal não deve lembrar ou sequer viu. E também porque eu não tenho nada pra postar. Digo, até tenho, mas vou postar isso. E vão pastar, acho que eu ainda mando nesse blog e não preciso dar explicações, NÉ?!

Se Arnaldo César Coelho fosse músico, diria que "a regra é clara: uma banda ou cantor ou artista musical deve ser escolhido. As respostas para as perguntas devem ser feitas unicamente através de títulos das músicas do artista escolhido - vale até o Roberto Justus. Após, repasse o desafio."

Pois eis meu escolhido:


Sou feliz, por isso estou aqui

* És homem ou mulher? Soldadinho de Chumbo
* Descreve-te: Cowboy do Amor
* O que as pessoas acham de ti? Amigo e Companheiro
* Como descreves o teu último relacionamento: A Galinha Magricela
* Descreve o estado atual da tua relação: Co-Co-Uá
* Onde querias estar agora? Dia de Festa
* O que pensas a respeito do amor? Ai Meu Nariz
* Como é a tua vida? Superfantástico
* O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Mãe, me dá um dinheirinho
* Escreve uma frase sábia: A galinha magricela bota ovo, bota banca de mais velha do Brasil!

Repasso o desafio a todo e qualquer ser que ler este post, mas especialmente à Çandy, porque confesso ter uma curiosidade quase mórbida em saber se ela é capaz de demonstrar seu instinto assassino nessa inocente brincadeira.

A quem não tiver blog, tratem de me agradecer: minha iniciativa acaba de obrigá-los a criar um blog.

(Logicamente eu poderia colocar "Ursinho Pimpão" em alguma das respostas, mas dizem que "ursinho" é um apelido de conotação homossexual. Então eu não coloquei, pra evitar piadinhas.

Afinal, já basta eu ser de Pelotas.)

terça-feira, 17 de março de 2009

Pendrive inusitado

O que fazer quando se perde um dedo? Acreditem, dá pra fazer coisas inimagináveis, inclusive ficar sem o dedo e não dar muita importância pra isso. Eu tinha um vizinho que não tinha metade de um dos indicadores. Tem gente que perde um dedo e se candidata à presidência de uma nação e tem gente que coloca um pendrive de 2gb na ponta do dedo.

Em primeiro lugar, a notícia impressiona porque não vem do Japão, já que a turminha dos olhos puxados é tarada por essas sandices. A loucura vem da Finlândia, terra de Mika Hakkinen, Tarja Turunen, Jari Litmanen e Jerry Jalava, o cidadão que caiu de moto, deixou o dedo pela rua e colocou um pendrive de 2gb no lugar. E impressiona também pelo fato de a idéia ter partido do médico dele.

Diante disso, a primeira pergunta é: o que diabos estão ensinando nas faculdades de medicina? Se por algum acaso eu perder o olho esquerdo, meu médico pode sugerir que eu coloque uma câmera digital que tire fotos toda vez que eu piscar?

A segunda pergunta se transforma em várias: só 2gb? Por que não 8? Por acaso tá com medo de cair de novo e perder um pendrive de 8gb, que é mais caro?

Agora me dirijo às leitoras deste humilde recinto internético de minha propriedade. Na verdade leitoras, viados, entendidos e afins. A vocês, pergunto: já imaginaram levar uma dedada desse cara? Digo, vocês estão lá, no maior amasso, quando aparece a mão boba do rapaz e pinta uma sensação estranha.


E aí gatinha, tá afim de trocar umas informações?

Tive outra dúvida: o cara vai colocar o pendrive no computador. E aí vai manusear teclado e mouse como, se uma das mãos está ocupada e não está realizando atividades adolescentes?


Assim, mané

Aaahh, tá explicado. Puxa, mas que coisa prática, discreta e de bom gosto, não é mesmo minha gente?


É falta de educação apontar o dedo cheio de informações

Ou seja, Jerry pode ter várias próteses e pode usar a melhor de acordo com a ocasião. Mas que gênio! Já estou imaginando várias próteses:

* Caneta BIC - Praticidade é apelido. Perfeito pra quem tem que assinar vários documentos em locais diferentes e não quer passar pelo vexame de roubar canetas de todos os lugares. O cara ia ter uma caneta sempre à mão, literalmente.

* Isqueiro - Já que ele é fumante, também ia ser bastante prático. A atividade de perder isqueiros ia ter uma redução drástica. Isso sem contar que ia fazer sucesso nas festas. A guria pergunta "tem fogo?" e ele mostra o dedo. Daí pro motel é um passo. Ele só precisa tomar cuidado pra não queimar a borracha.

* Haste para bolinhas de sabão - Ideal para brincar com o filho que foi o resultado da amostragem do isqueiro. A grande incógnita é o recipiente que ele vai usar pra armazenar o detergente necessário para a brincadeira. Que tal, sei lá... o umbigo?

* Cotonete - Limpar os ouvidos com os dedos nunca foi tão higiênico.

* Vibrador - Perfeito para momentos calientes e de preguiça ao mesmo tempo. Esse eu acho que ia fazer sucesso com as gatinhas. Pelo menos eu imagino que seja melhor encontrar um homem com um vibrador nos dedos, ao invés de um pendrive. É, gurias?

Enfim. E aí, presidente Lula, qual vai ser?

sexta-feira, 13 de março de 2009

Tirinhas "boas"

Conceituar "arte" é um negócio bem difícil. Eu conheço pessoas que não gostam de puxar a descarga no vaso porque consideram ter feito uma obra de arte digna de ser exposta no Museu do Louvre, com o título "Restos de um outrora almoço".

Isso torna tudo mais difícil para um futuro artista. Um dos meios para descobrir se o seu filho tem talento pra fazer arte (desconsiderando "quebrar o vaso do meio da sala com um taco de beisebol roubado do vizinho" como arte) é o desempenho dele nas aulas de Educação Artística no colégio.

Acredite, aquela coisa toda de fazer um trabalhinho de argila ou um desenho bonito para dar de presente no Dia dos Pais tem o seu valor. É através desse tipo de coisa que saberemos se aquela criança será capaz de nos dar belas obras de arte ou vai cagar suas obras internet afora. Vocês já imaginaram se os desenhos do pequeno Walt não tivessem lhe dado uma boa nota em Educação Artística no colégio? Eu já. Ele acabaria criando um fotolog para desovar suas sandices de paintbrush e nós jamais teríamos a Disney.

Afinal de contas, a internet possibilitou que todos os artistas e os nem-tão-artistas-assim mostrassem ao mundo ou aos amigos do colégio todo o talento (ou a falta dele) que possuem.

Saber desenhar uma tirinha cômica, por exemplo. Isso não é novidade. O grande Luís Fernando Veríssimo já disse que criou "As Cobras" porque é um péssimo desenhista, e cobras são fáceis de desenhar. Com o advento da internet, surgiu a obra de André Dahmer, que ele chamou de "Malvados". O desenho é ruim, mas o cara tem senso de humor e inteligência o suficiente pra fazer rir com 3 ou 4 quadrinhos. Sem a internet, talvez jamais veríamos a obra do cara.

(E não que eu seja um entendido do humor. Até porque eu não pago imposto pra rir. Há quem diga que já me viu rindo durante um programa da Zorra Total, mas como não há vídeos comprovando isso, eu sigo negando até o fim. E mesmo esse conceito de humorista também é muito variável. O Carlos Alberto de Nóbrega, por exemplo, é chamado de humorista, e não de velho de praça.)


O problema é que a obra do Dahmer é meio que um oásis na Lua. Tempos depois do Malvados surgiu um negócio chamado de "Cyanide & Happiness". Não creio que haja uma influência entre os dois, mas é quase impossível não pensar que o criador do C&H tenha visto uma tirinha do Malvados e pensado "gostei, acho que vou fazer isso também. Burp".


Ria se puder

Quando um amigo me falou que achava isso muito engraçado, eu cheguei a acreditar que estava com um mau humor terrível e radioativo. Ainda mais quando segui vendo as tirinhas do C&H e continuava impassível. Não conseguia esboçar o menor sorriso amarelo. Ou verde. Sei lá, mas meus dentes estão bem sujos do chimarrão.


Até o Greenpeace riu hein?

E isso criou um efeito cascata impossível de ser freado. A influência da Zorra Total é alarmante.



Terrível até pra enxergar

De modo que eu temo pelo futuro das tirinhas. Imagino-me um dia lendo uma tirinha e querendo que Edgar Allan Poe ressuscite e aprenda a desenhar para que eu ria um pouco.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Manual anti-insônia

Aqueles que conhecem o problema certamente vão concordar comigo: insônia é um negócio mais chato que criança pentelha em véspera de Natal. Insônia atordoa mais de 9/10 da população mundial, e metade dela prefere jogar a culpa no café ou no chimarrão. Que, todos sabemos, são inocentes.

Eu, felizmente, estou longe de sofrer com a insônia. Ao longo de vários e árduos anos (do verbo "tempo" e não do verbo "trocadilho com um orifício do corpo") de estudo, desenvolvi técnicas que me permitem rir da cara da insônia, que geralmente vai chorar as pitangas no vizinho mais próximo.

Por ter um nobre coração que vai todos os dias ao bosque recolher erva-mate para o chimarrão (considerando "bosque" como "um canto ali na cozinha"), vou publicar aqui o resultado de anos de estudo e pesquisa. Desenvolvi essas técnicas após anos de estudo no segundo grau e na faculdade. Sem mais delongas, êi-las:

* Técnica de combate à insônia nº 1:

Vá para a cama. Qualquer zebu do inferno iria agora, mas meus leitores são inteligentes e sabem que devem ir pra cama depois de ler este texto. Deite-se na posição mais confortável que achar e tape-se da maneira que lhe for mais conveniente. Então, fixe um ponto - pode ser na parede, no teto ou no lugar que lhe aprouver - e olhe fixamente para ele. Não pisque. Piscar é proibido. Se piscar, perde tudo. Digo, demora mais a funcionar. E sim, aquela tua espinha gigante na ponta do nariz serve como ponto de referência. Mas não aconselho, porque causa uma puta dor nos olhos.

Curiosidade: essa técnica foi utilizada em um programa de televisão - Caldeirão do Huck, a saber. O quadro se chamava "Guerra do Sono" e, nessa prova (que decidia o campeão), ganhava quem ficava mais tempo sem piscar. Isso, logicamente, depois de ter passado mais de 40 horas sem dormir. Na ocasião, o vencedor ficou mais de meia hora sem piscar. Espero não ter atiçado os espíritos competitivos de vocês.

* Técnica de combate à insônia nº 2:

Crie um diálogo imaginário com algum amigo ou conhecido. Não funciona para quem está dormindo com aquela vizinha gostosíssima que é alvo de binóculos através da janela todas as noites. Pensando bem, quem sonhar em dormir nessa hora é porque broxou violentamente.

Enfim, o diálogo deve consistir em frases sem o menor nexo. Para quem não entendeu, eis um exemplo:

- Oi.
- Tá, mas como assim?
- É, aquele vermelho. Lindão, com a capa da câmera.
- Ah, mas o guarda-chuva nem abriu!
- Mas olha, se a plantação faliu, é óbvio que o livro não deu luz.

E assim vai. Faça a imaginação funcionar. Aliás, é a imaginação que torna essa técnica tão difícil. Porque é essencial que se imagine os trejeitos do tal amigo que a tua imaginação selecionou. Gírias e tudo o mais devem ser RIGOROSAMENTE IGUAIS ao que o tal amigo faria na realidade. Tudo isso deve ser feito sem rir, o que torna a técnica ainda mais difícil.

* Técnica de combate à insônia nº 3:

Feche os olhos e não abra por nada nesse mundo. Nem que isso custe aquele contrato milionário que será decidido na reunião da manhã seguinte. Afinal de contas, o objetivo não é o contrato, é o sono que a insônia te tirou. O resto é resto. Basta pensar: se alguém vai à uma reunião com sono, não renderá o suficiente e o chefe pode notar. Pior: a cama estava louca de confortável e tu tás lá, babando na planilha de gastos que custou 4 horas ininterruptas em frente ao Excel.

Se aquela vizinha gostosíssima aparecer, é permitido abrir os olhos. E é permitido não dormir. Diabo, agradeça à insônia nesse caso, mané.

Agora vá para a cama e bons sonhos. De nada.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O fantástico mundo de Malhação

Algumas obras televisivas me chamam muito a atenção pelo índice de surrealismo que podem alcançar. Admitamos, não há quem não admire o desenho O Fantástico Mundo de Bobby. Tanto que até hoje ele é referência número 1 em frases relativas ao nosso imaginário. Quem nunca ouviu alguém dizer "funcionou meu fantástico mundo de Bobby agora"?

Rapaz, como eu falei bonito nesse primeiro parágrafo.

Mas há uma produção que supera todas as outras no quesito surrealidade. Não pensem que vou falar em Senhor dos Anéis, Harry Potter ou a beleza da Hebe Camargo. Afinal, nem mesmo a Terra do Nunca é mais surreal que Malhação e seu fantástico mundo.

Em primeiro lugar, todos nós devemos admitir que, um dia, fomos capazes de assistir o folhetim adolescente da Globo. Foi assistindo à Malhação que eu vivi intensas paixões com gente do naipe de Susana Werner, Samara Felippo, Bárbara Borges e outras cujos nomes me escapam da memória. Infelizmente eu nunca fui correspondido, mas isso não interessa a vocês.

Atualmente, o centro do programa é um colégio de ensino médio que, a despeito dos inúmeros repetentes que lá pululam todos os anos, é bastante conceituado. O fictício Múltipla Escolha é o colégio dos nossos sonhos, e de nossos pais também. Lá os alunos podem passar o ano inteiro sem ver Matemática ou Português - o que vai depender da disponibilidade de um ator capaz de fingir (mal) que sabe lecionar a matéria. Além de estudar poucas matérias, um colégio daqueles faz com que as pessoas se sintam mais jovens. Afinal, só lá pessoas de 30 e tantos anos viram adolescentes rumo ao primeiro vestibular. E só lá os alunos são completamente abstêmios e negam até refrigerante, preferindo um saudável suco natural.

Além disso, é um colégio extremamente democrático, já que, apesar de ser privado, troca de diretor todos os anos. Isso desde a queda do Imperador Pasqualete, um ardoroso fã de waterpolo.

Como todos devem saber, waterpolo era uma maneira global-adolescente de falar "pólo aquático". O futebol é o esporte mais popular do planeta, mas isso não é por falta de esforço da Malhação. Atores que não sabiam nadar eram obrigados a bater os braços na água, carregar uma bola colorida de plástico e arremessá-la em um gol. E, lógico, quem melhor fazia isso ganhava a fama de Romário das águas no colégio. Foi a maneira que o seriado encontrou para tentar mostrar que, sim, o pólo aquático é mais popular que corrida do saco no Brasil.

Falharam miseravelmente.

Eu lembro que, quando assistia Malhação, vi eles abordarem o alcoolismo. Um personagem perdeu a guarda da filha, o emprego, virou alcoólatra, vomitou na casa da ex-mulher (que, por algum detalhe, já tava casada com outro) e se recuperou. Foi o caso de alcoolismo mais rápido do mundo, porque tudo isso durou 2 semanas. Eu queria ser alcoólatra por duas semanas.

Isso sem falar da Vagabanda. Trata-se da banda onde a Marjorie Estiano tocou seus primeiros acordes fictícios. Depois de ensaiar todos os dias sem o menor sinal de tendinite, o esforço da banda foi recompensado. Seu hit foi parar nas rádios, onde adolescentes o ouviam euforicamente. E quando eu digo "euforicamente", eu quero dizer "comemorar um gol impedido e de mão do seu time contra o maior rival na final do campeonato, aos 51 minutos do segundo tempo, quando o juiz havia assinalado apenas 2 de acréscimo".

Isso depois de fazer seu primeiro show, gratuito, em um trio elétrico alugado, talvez na esquina de casa. Os Beatles morreriam de inveja.

Se vocês acham que aborto ou parto complicado em um lugar estapafúrdio é coisa rara, assistam Malhação. Tem uns 2 ou 3 por temporada. Quem quiser manter um grande amor pro resto da sua vida deve ficar longe do seriado. Vai que alguma vilã gostosinha arme pra separar os pombinhos.

E depois o povo tem a porca capacidade de perguntar por que o Chaves faz tanto sucesso no Brasil.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Roxette, bicicleta e um pequeno exibido

Crianças têm uma tendência natural de cometer grandes gafes em suas vidas infantis. É como um cachorro andando em círculos antes de dormir ou um gato enchendo o saco de quem quer que seja. Essas gafes se tornam piores ainda quando uma música se liga ao momento da grande gafe, tão rápido quanto triste, que a acompanhará pelo resto da vida.

Eram os idos de sei lá eu que ano. Sei que, segundo o horóscopo chinês, era o ano do Roxette, a grande banda que ocupavam 10 em cada 3 músicas das rádios na época, oriunda da Suécia. No horóscopo chinês. Não sei vocês, mas eu acho incrível essa tal de globalização.

Naqueles tempos, cantar "Dressed For Success" era hábito internacional. Era algo que fazia parte de vários rituais, desde acasalamento até culinária francesa. Grandes chefs de cozinha cantarolavam o "ô-ô-ÔW!" sueco, enquanto fritavam 2 fatias de lesma que seriam servidas como "escargô à francesa" no restaurante mais chique da Itália. Insisto que a globalização é algo incrível.

E era uma vez um garoto chamado... Pequeno Garoto. Ele era muito feliz e adorava andar de bicicleta. Ele também cantava "ô-ô-OW!" nas horas vagas, assim como qualquer hominídeo terrestre. Essa música o marcou muito, pois era uma época que ele estava aprendendo a andar de bicicleta sem colocar as mãos no guidão. Começou devagar, é claro: entre soltar e voltar a segurar o guidão, passavam-se uns 3 centésimos de segundo. Não tardou para ele alcançar incríveis 5 centésimos e pensar "Agora vai! I believe, I can fly! I believe, I can touch the sky!" Anos depois o plagiaram descaradamente numa música para o longa "Space Jam", mas isso é outra história.

Pequeno Garoto era muito batalhador e, com muita exaustão, treino e óleo na correia da bicicleta, ele passou a andar sem colocar as mãos no guidão. Fazia curvas, subia e descia rampas, virava cambalhotas e atendia o telefone fazendo a incrível e dificílima manobra. Mais do que isso, cantava "ô-ô-OW!" andando de bicicleta sem as mãos no guidão.

Passou a ser um mestre. Causava inveja aos seus amiguinhos devido à sua incrível habilidade, afinal, jamais havia levado um tombo. O problema é que ele não sabia que "sempre tem uma primeira vez".

Corria mais uma noite no ano do Roxette. Pequeno Garoto estava acompanhado de uma amiga e da irmã. Demonstrava toda a sua habilidade com aquela bicicleta surrada. E foi então que ele resolveu demonstrar aquela que era sua maior habilidade: andar sem as mãos no guidão e cantar o hit do momento. E, lógico, se exibir pra amiga da irmã.

- Ei, olha pra mim! Sem as mãos! Ô-Ô-OOOoooOÔôooooÔÔÔôÔÔÔaaaaaaeeee...

O que se seguiu foi um barulho horrível. Tristemente, Pequeno Garoto havia perdido o equilíbrio e estava, naquele momento de câmera lenta, se esparramando lindamente no chão. Pela primeira vez em sua história ele caía ao fazer a sua maior especialidade na bicicleta. Quis o destino - oh! Traiçoeiro! - que fosse frente à sua irmã e a amiguinha mocinha.

O buléu lembrava muito aquela comemoração de gol que os jogadores fazem quando está chovendo. Eles se jogam, propositalmente, de peito no chão e escorregam pelo gramado molhado. Pequeno Garoto também havia se jogado e deslizava pela areia molhada. Mas não era propositalmente.

Hoje, sempre que ouve "Dressed For Success", Pequeno Garoto lembra do zigue-zague que a bicicleta fez para jogá-lo no chão. Lembra-se do tombo. Lembra-se das risadas.

E, principalmente, lembra-se que perdeu uma bela grana nas vídeo-cassetadas do Faustão.

domingo, 25 de janeiro de 2009

A lenda do Jogo da Carta Preta

Conta a lenda que antigos deuses ébrios conheciam um jogo tão potencialmente assassino que ele ficou escondido durante milhões e milhões de litros - ou anos. Uns dizem que passaram todo esse tempo esperando um grupo de humanos capaz de desafiar os limites toleráveis e intoleráveis de sangue no álcool - e vice-versa. Outros diziam apenas que os deuses estavam tão bêbados que nunca se preocuparam em passar a tradição da mirabolante jogatina. Vai saber.

Eis que entrou em cena um grupo de amigos extremamente perspicazes e frenéticos. A diversão em suas reuniões ultrapassava os limites do compreensível. Seriam eles que receberiam a bênção dos deuses?

Não. Claro que não. Mas quem disse que isso é um empecilho?

Pois aconteceu que o grupo de amigos conseguiu se elevar até os deuses. Foram à Marte, passaram por Júpiter e sintonizaram os pensamentos dos deuses ébrios. No momento da sintonia, os deuses mais pareciam cabritinhos recém-nascidos, dado o estado etílico do grupo de amigos. O que não faz um acampamento hein?

Como eu disse, foi nesse momento que aconteceu a sintonia com os pensamentos dos deuses ébrios.

- Vamos jogar Carta Preta. - anunciou um dos líderes do grupo de amigos.
- Carta Preta? - alguém perguntou.
- Carta Preta. Sentai-vos. Lhes explico.

O líder passou a ler a tábua de regras que mentalmente havia acabado de receber de um dos descuidados e incautos deuses. Incrédulos, eles apenas assistiam a tudo. Mentira. Não apenas assistiam, como tomavam a décima sexta garrafa de Caninha do Bigode daquele intervalo de 3 horas. Esses deuses são muito chinelos.

- Eis um baralho de cartas. Eis uma garrafa com a mistura sagrada.
- Qual é a mistura sagrada?
- Vodka com Sprite.
- OOOOOOOHHHH!

Olhares assustados e excitados se lançaram para a garrafa e para as coxas de uma menininha muito queridinha que tava por ali. Três deuses estavam vomitando. Bem longe das coxas dela.

- Os jogadores - continuou o líder - deverão sentar-se ao redor de uma mesa, sobre a qual serão jogadas as cartas. Um deles será o responsável por embaralhar e distribuir as cartas. Ele deverá seguir na função de crupiê mesmo bêbado.
- Nossa!
- Puxa!
- Que queridinha essa menininha heinhô!
- O que estiver situado antes deste jogador será o responsável pelo reabastecimento da garrafa e terá total controle sobre o martelinho. Ic.
- Eu quero!
- Sou eu!
- Ô coisinha tão bonitinha do pai...
- Caso um desses jogadores desmaie, outro deverá assumir sua função.
- Mas o que faz o crupiê?
- Revela uma carta para cada jogador. Se ela for de cor preta, bebe um martelinho. Se for vermelha, não bebe.
- Puxa!
- Repuxa!
- Contrarepuxa!
- Será que ela tem namorado?
- E quem vence o jogo?

Era a dúvida se fazendo presente. A resposta foi dada por um dos deuses:

- Vence aquele que ficar vivo no final. Ic. O estado do fígado é o único critério de desempate. Passa a tequila.

Os amigos se entreolharam e riram. Zombaram dos deuses!

- HÁHÁ! Então terminaremos todos empatados, deuses fracos! E não te damos a tequila! - dito isto, se retiraram. Foram curtir a ressaca jogando Carta Preta.

Hoje, o grupo de amigos treina com frequência para as Olimpíadas. Eles não lembram disso, mas o recorde mundial de Carta Preta os pertence. As provas de tal feito são as anotações de frases de efeito e de tempo utilizado para o término de cada garrafa.

Depois do recorde, os deuses perderam seu posto. Tiveram cirrose e morreram de dor de dente, aqueles fracos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sonho estranho

Vocês sabem definir o que é sonho estranho? Eu sei. E sei fazer isso com maestria.

Muitos dizem que sonham que estão caindo de cara no chão e acordam com uma queda da cama, e que esse sonho foi estranho. Ou então que estão voando e foram parar na ilha de Lost. Outros sonham que estavam tomando água, acordam mijados e me falam "que estranho né?". Lhes respondo: NÃO, porra. NÃO É ESTRANHO.

Sonho estranho é muito mais que isso. E ainda bem que sonhar não custa nada, porque se custasse eu estaria com uma dívida capaz de quebrar o Banco Mundial. Uma vez sonhei que o glorioso rubro-negro pelotense estava disputando um jogo importantíssimo pela Libertadores. Contra o Chivas, de Guadalajara. Não contem pra ninguém, mas o Brasil era lanterna, saco de pancadas do grupo e já não tinha mais nenhuma chance de classificação. Enfim.

O jogo era na casa do adversário. A largura do gramado era algo surpreendente, talvez um pouco maior que um tapete de banheiro. As arquibancadas eram muito próximas do gramado. Mal havia espaço para cobrar laterais, o que me lembrou de muitas quadras que já joguei nessa vida. São tantas lembranças que quase me correu uma lágrima.

Eu disse "quase".

Enfim, era um jogo muito nervoso. A torcida em cima, fazendo aquela pressão psicológica, o campo "um pouco" reduzido. E lá pelas tantas o Brasil faz o primeiro gol. Foi um momento de muita euforia. Afinal, sabe-se lá como, de onde e porque, aquele gol dava a classificação antecipada do já desclassificado xavante, independente do resultado final do jogo. O futebol é mesmo uma caixinha de surpresas, não?


Euforia da massa xavante

A surpresa causou uma emoção tamanha que eu não me contive: saí porta afora para jogar futebol na rua com meus amigos.

Rapaz, virei o craque que o Robinho nunca foi e jamais será novamente. Uma pá de dribles desconcertantes nos meus adversários, aliados a regras inventadas na hora, fizeram com que o placar favorecesse o meu time, por uma larga diferença de gols. Ei, aí já acabou o campo! É tiro de meta! Não, aqui não é mais tiro de meta! Ah, era fim do campo, mas só aquela hora! Gol de pé esquerdo não vale! Agora vale! As regras que eu inventava eram muitas.

Tamanha era a goleada que o adversário não teve dúvidas e fez substituições no seu time. Alguém saiu para a entrada de, ninguém mais, ninguém menos que...


Mirandinha!

Inacreditável. O genial ex-atacante do Corinthians, que era um excelente pensador e corredor mas não conseguia fazer as duas coisas juntas, apareceu na minha rua pra jogar bola! Haviam momentos que nem minhas regras inventadas podiam pará-lo. Ele corria tanto que quando eu berrava que a jogada não valia, ele não ouvia, de tão longe que tava.


A foto acima não foi tirada no meu sonho, mas vocês podem perceber como Mirandinha, de branco, está imóvel. Isso significa que ele está pensando na jogada que vai executar. Sendo assim, não pode correr.

Mas meus adversários não estavam satisfeitos com apenas um craque. Logo eles fizeram outra alteração na equipe. Foi uma contratação a peso de ouro.


"A gente viemos pra somar e..."

Acreditem, Mílton Gonçalves é um cracaço. Pelo menos se ele joga o que jogou no meu sonho, deveria jogar na Seleção de Júpiter. É tão craque que nem ele deve saber que joga muito. Corre muito esse garoto, quase tanto quanto o Mirandinha. Ele é centroavante nato e eu precisei anular muitos gols dele para vencer a partida de goleada.

Acabou que meu time ganhou pela pela desunião do adversário. O recém contratado Mílton Gonçalves chegou com status de estrela do time, o que causou muitas brigas no grupo de jogadores do meu adversário. Mílton "Vento Negro" Gonçalves sempre reclamou muito de seus companheiros. Tem fama de bad boy.


Porra, tô livre! Passa a bola, fominha de merda!