segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Paleografia

A faculdade é um lugar onde a gente é obrigado a estudar um monte de tranqueiras. E pelo menos metade delas não serão usadas na vida profissional e poderiam ser substituídas por tranqueiras que deveríamos aprender na faculdade, mas não aprendemos.

Porém, de vez em quando podemos aprender algumas tranqueiras por livre e espontânea vontade. Por exemplo: nesse semestre eu escolhi estudar Paleografia. "Mas que porra é essa?", perguntar-me-ão vocês.

Então. É que, há muito tempo atrás, um sujeito - até hoje anônimo - resolveu se rebelar contra as normas de escrita manual. Aparentemente inspirado nos hieróglifos egípcios, esse alguém acabou criando uma técnica de escrita chamada "garrancho ilegível". Essa técnica ganhou uma legião de seguidores e uma sociedade secreta foi formada, tornando o garrancho ilegível popular pelo mundo afora. Atualmente, a sociedade secreta do garrancho ilegível é formada basicamente por médicos - o que faz da paleografia um instinto atávico entre farmacêuticos.

Resumindo: paleografia é o estudo de escritos feitos por gente que caga e anda pra caligrafia.


Tipo assim, ó

Coincidência ou não, essa bagaça aí de cima é um atestado médico. Mais detalhes aqui.

As aulas de Paleografia nos dão grandes ensinamentos. Na última aula, por exemplo, fiquei sabendo que existem muitos documentos que relatam casos de pessoas que "erram o vaso". E o termo médico para o vaso em questão é "ânus".

Aparentemente, sodomia era um "crime" recorrente entre os casais antigos. O sujeito chegava na sua respectiva sujeita e CRÉU!, entrava duro por trás, ao invés de entrar duro na frente. Depois era só dizer "opa, errei o vaso sem querer, me processa".

E esqueçam. "Posso errar o vaso, meu bem?" não é uma cantada caliente. O máximo que a guria vai pensar é que tu vais ao banheiro mijar tudo, menos o vaso. O que isso pode dar é uma piada esquisita no meio de uma festa - e provavelmente apenas o autor da piada irá entender. Cena: a moça pede licença para ir ao banheiro.

- Vai lá. Mas cuidado para não errar o vaso. NOSSA ESSA FOI BOA HEIN ENTENDEU?

Mas voltemos à paleografia. Entre outras utilidades, ela serve como desculpa. Da próxima vez que alguém reclamar daquele livro com letras miudinhas, sugira que a culpa não é da visão nem do óculos, mas sim da falta de estudos de paleografia.

Infelizmente, acho que a Paleografia não tem muito futuro. Hoje em dia todo documento é feito no computador, de modo que os estudos paleográficos no futuro serão feitos em cima das minhas colas para provas de Biologia que eu fazia com fonte 6 ou 7 no meu Segundo Grau.

A aula de Paleografia tem um quê de saudosismo. Quando o professor mostra um slide com um documento parecido com o da imagem acima, começa a apontar as palavras e linhas, ao passo que a turma, em uníssono, recita todo o documento. A cena me faz lembrar da minha primeira série, com a professora apontando as letrinhas e a turma toda berrando "a, bê, cê"...

Sabe, a Paleografia me mantém jovem.
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