quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sem calcinha, sem casamento

A capital do Estado de Alagoas é Maceió. A cidade é berço de Djavan, Zagallo e do primeiro casamento cancelado por falta de calcinha que eu tive notícia, segundo o Cada Minuto.

A cena poderia ser espetacular, digna de um enredo de pornochanchada:

- Se alguém tem algo contra esse casamento, que fale agora ou cale-se pra sempre.
- Não tenho nada contra esse casamento, seu padre, mas só quero dizer que a noiva esqueceu a calcinha no meu carro. Tá aqui, ó.

Podia ser algo mais comédia pastelão:

- Onde estão as alianças? Que lindas! E a calcinha? Como, não tem calcinha? Ah não. Sem calcinha, sem casamento.

Mas não.

O padre já não havia gostado de notar o imenso decote nas costas do vestido de noiva de uma professora, de 25 anos. Imediatamente após sua chegada no altar, quando se colocou de frente para o noivo o padre percebeu que o decote da moça permitia ver o derrière absolutamente desnudo.

Neste instante o padre solicitou que a noiva acompanhasse uma ministra da eucaristia até a sala de sacristia para averiguação. A ministra confirmou a suspeita do padre e o informou sobre o veredito. Depois de comunicar aos pais dos nubentes a decisão, o padre Jonas foi até ao altar avisar aos convidados que o casamento não seria realizado, pois a noiva "não estava respeitando o altar sagrado".


Aposto o minguinho perdido do Lula que o padre fez isso por pura inveja. Afinal de contas o casamento foi em Maceió, e se lá já faz um calor do cacete, imagina a situação de um sujeito que veste uma batina do pescoço aos pés e ainda tem que usar uma manta? E se houve desrespeito ao altar sagrado por falta de roupas íntimas, gostaria de denunciar que nunca vi um escultor fazer cuecas, calcinhas e sutiãs nas estátuas que estão no altar das igrejas.

Ele ainda disse que a ministra da eucaristia notou que "a noiva estava totalmente depilada na região pubiana, o que para o pároco é um flerte com a pedofilia".

Se é um flerte com pedofilia, a coisa muda de figura: é provável que o padre tenha sentido uma atração pela noiva. O nobre pároco quis apenas evitar um constrangimento maior. Bravo!

Segundo o padre Jonas "os pêlos pubianos marcam a transição entre a infância e a vida adulta, portanto retirá-los seria realizar apelo pedófilo para a prática sexual".

No planeta que eu nasci, os padres encerram esse sermão dizendo: "agora, se vocês me dão licença, vou me retirar. Vocês estão atrapalhando o meu lance com o coroinha."

Dizem que alguns padres são mais flexíveis. Eles falam: "quer depilar, depila. Mas se eu sentir tesão, não diga que eu não avisei."

A noiva confirmou que estava sem calcinha e disse que se o padre notou este detalhe é porque "ao invés de celebrar ele estava pensando em taradice comigo".

Essa noiva deve ter ficado um pouco confusa. Porque, na minha humilde visão, pensar em taradice também é celebrar.

Depois do episódio o padre Jonas deixou afixado na apostila do curso de noivas dois avisos: "noiva sem calcinha é satanás na cabecinha" e "vagina careca é o diabo na boneca".

Além de padre, um poeta. Bravo! Bravíssimo! Mas noivas de Maceió, lembrem-se: padre Jonas não fez nenhuma rima com "calcinha fio-dental minúscula".