segunda-feira, 25 de maio de 2009

Mamãe é de morte

(Aviso: este post pode conter spoilers. Ou não. Depende da interpretação, da vontade e do estado etílico e/ou mental do leitor. Se o leitor for cego, logicamente não terá spoilers. Mas se o leitor cego escutar este post, quer dizer que alguém está lendo o post para ele, ou então que o cego é ninja, já que este blog não tem opção de leitura para cegos. Já nem lembro mais sobre o que eu ia escrever nesse post.)

(Ah, lembrei.)


O mundo seria um lugar bem melhor e menos poluído se todos os cineastas tivessem o mesmo senso de humor e de ridículo que John Waters, o diretor de "Mamãe é de Morte", que, se traduzido literalmente, seria lançado no Brasil com o título de "Mamãe Serial" ou mesmo "Mamãe em Série". Isso dá uma rasteira em todos aqueles chatos que dizem que brasileiros não sabem traduzir títulos de filmes.

Quando eu falo em senso de ridículo, eu quero dizer o velho e bom senso que nos faz admitir "ok, isto está ficando uma bosta colossal". John Waters certamente teve este pensamento quando estava no meio da produção deste filme e decidiu: "Já que tá feio, vou aloprar de vez com essa porra."

O resultado final foi um filme horrível, e quando eu digo "horrível" eu quero dizer que "bosta colossal" é um elogio. A coisa é tão grave que o filme é sensacional, uma obra-prima. Vocês vão me dizer que eu estou sendo contraditório, mas acho melhor vocês calarem a boca e assistirem o filme para entenderem o que eu estou falando.


Kathleen Turner interpreta Beverly Sutphin, uma mãe de família que daria orgulho à mãe de Jason Vorhees - e até mesmo ao próprio Jason Vorhees. O espectador é apresentado ao instinto assassino de Beverly em uma cena inusitada: uma inocente mosca espalha seus germes fecais pelo café da manhã da família e, aparentemente, somente Beverly percebe isso. Em meio a um diálogo sem muita importância, ela passa 2 ou 3 minutos do filme tentando trucidar a mosca em meio à torradas, sucos, manteigas e a desatenção total da família.

Higienicamente, a mosca encontra seu fim quando pousa em uma cadeira, e seu cadáver jaz em meio a um efeito especial que parece ter sido feito com uma jaca arremessada do décimo quinto andar de um prédio que só possui 13 andares.

A supracitada mosquinha é apenas a primeira vítima fatal de Beverly. Na sua lista acaba entrando ainda um professor da escola do seu filho, que morre cuspindo algo que não se sabe se é um dente, um chiclete ou uma melancia - arrisco dizer que é uma mistura dos três.

Outra vítima é o amor da vida da filha - pelo menos era o amor da vida naquela semana. O cara dá um pé na bunda da guria, o que por tabela revolta a mãe e aparece com uma loira de parar o trânsito. A morte do garanhão, por sinal, é uma cena ímpar na história do cinema. Acompanhem o descobrimento do corpo:



Um primor de atuação. Nem Dado Dolabella conseguiria fazer igual. A todas essas, o diretor já estava pensando que o filme não tava saindo exatamente como o planejado e resolve começar a aloprar de verdade. Atentem para o cartaz do filme. Notaram alguém conhecido? É isso mesmo: John Waters tem a colaboração de ninguém mais, ninguem menos que Salsicha.


Scooby Doo resolveu não participar do filme, por achar baixo o cachê de biscoitos Scooby. Percebam como Salsicha fica preocupado.

Lá pelas tantas, Salsicha - que é o filho da assassina - informa à mãe que um coleguinha e seus pais a ofenderam. Não me lembro bem as palavras, mas foram termos realmente pesados. Se a memória não me falha, foi algo como "boba" e "cara de mamão". Isso tudo na hora do jantar da família.

A mãe sorri e diz "já volto". Sem mais essa nem aquela, ela ruma para a casa do tal amiguinho. A família percebe o que está para acontecer e resolve ir salvar o tal amiguinho. É aí que a gente percebe que a casa do tal amiguinho é realmente grande, porque a Beverly entra por um lado e mata os pais do amiguinho, enquanto a família entra pelo outro e interrompe uma punheta furiosíssima que o amiguinho está batendo embaixo das cobertas, inspirado por um filme "pornô" que não excitaria nem mesmo um náufrago tarado e necessitado. E um lado não percebe o outro.

Aí a coisa já descambou pra uma alopragem insana. Para se ter uma idéia, Beverly, com uma faca na mão, desiste de matar uma cliente da locadora do filho. Bondosa que ela só, troca a faca por um PERNIL e manda a velha pro outro lado. A essa altura, Beverly já é celebridade nacional e até entra de graça em shows do L7!

Beverly é mandada a júri, onde dispensa seu advogado e organiza a própria defesa, baseada em 2 livros de Direito: "O Estado contra Fulano" e "O Estado contra Beltrano". Fulano e Beltrano são nomes fictícios, já que não quiseram ser identificados pela minha memória. Obviamente ela é julgada inocente de todos os crimes e encerra o filme matando uma mulher do júri.

Pra quem tá com aquela pressa insana de ver essa pérola depois de ler essa resenha, vou contar que o filme está disponível no YouTube NA ÍNTEGRA, dividido em oito partes. Eu não vou linkar aqui porque, como vocês sabem, não quero que esse tal de Direito Autoral venha comer meu fiofó. Então corram pro YouTube e procurem por "Serial Mom".

Mas aconselho completar um curso de inglês antes, porque não está legendado.
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