terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O amor nos tempos de Orkut

Aconteceu há bastante tempo, quando o Orkut ainda era relevante na internet brasileira. Ele estava conversando com uma moça em um bar, durante a noite, quando lembrou-se que a tal estava na comunidade "Calaboca... i bja logo!!" no Orkut.

Correram exatos 2 centésimos de segundo após essa doce e colorida lembrança, quando ele interrompeu no meio uma frase que estava saindo de sua boca. "Eu sou realmente viciado em chimarrão, tanto que..." calou-se. E beijou.

A moça, desconcertada pela surpresa, desferiu-lhe com a mão direita um sonoro e caprichado tapa na bochecha esquerda do rapaz. Visivelmente contrariada, virou-se e saiu do local.

Ele, não. Ficou ali, com a mão esquerda a acariciar a bochecha violentada. Mas não para aliviar a dor do tapa, que, verdade seja dita, nem doeu tanto assim. O que doeu mesmo foi lembrar outras comunidades que a moça estava no Orkut: "Eu odeio gente falsa!!", "Detesto hipocrisia!!!!" e, que dor, "Minhas comunidades me descrevem!!!!!!".

Um tanto cabisbaixo, saiu do bar e deu-se conta de quão enorme era a possibilidade da moça estar também na comunidade "Cuidado!! meu bjo vicia!!!!". Aí sim, ficou totalmente cabisbaixo. Tão dolorido foi o seu martírio que, poucos dias depois, tomou uma atitude que chocou a todos.

Cometeu orkuticídio.

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