domingo, 4 de maio de 2008

Toda pessoa que tem um círculo de amizades pode confirmar o que eu vou dizer: neste círculo de amizades sempre há uma menina que ultrapassa todos os limites aceitáveis no quesito beleza. Em bom português, sempre tem uma guria insana e desgraçada de tão gostosa entre os conhecidos. Existindo a tal guria, o nosso sonho é bastante simples e até natural: pegar a tal guria desgraçadamente gostosa.

Eu tenho uma amiga assim. É o tipo de guria que me faz ter pena de Deus, porque o que ela fez não foi pedir à Ele pra ser gostosa. Ela simplesmente torrou a paciência do Criador para que qualquer cidadão do sexo masculino pensasse bobagem ao se aproximar dela.

Logicamente, meu sonho era pegá-la. Escrevi a frase no pretérito por um simples motivo: eu a peguei. Sei que, neste momento, vocês devem estar pensando que eu sou um cara de sorte e querem um pouco do meu mel, mas parem com isso. Ao contrário do que vocês pensam, o dia seguinte foi repleto de mau-humor.

Vou contar a minha história para que vocês entendam melhor. Para melhor ilustrar meu relato, irei nomear a menina do caso com a pomposa e indefectível alcunha de "Fulana".

Pois bem. O cenário foi uma festa à fantasia. Lá estava este que vos escreve, fantasiado de Noivo em Fuga.

Aliás, esta foi uma fantasia extremamente sagaz de minha parte, já que fui convidado de última hora pra tal festa. Sem saber que diabo de fantasia vestir e muito menos ONDE conseguir uma fantasia, improvisei: trajei terno, gravata, calça social, aquela coisa toda chique, enfim. Igual um noivo. Pra completar a fantasia, colei uns esparadrapos na cara e disse que havia fugido do casamento. Os esparadrapos nada mais eram que curativos nos ferimentos provocados durante minha fuga. Gênio, admitam.

Mas voltando ao relato, estava eu na festa à fantasia, curtindo aquele som que em nada me agradava, quando, para a minha surpresa, Fulana adentrou o recinto. É de se deduzir que eu não prestei a menor atenção na fantasia dela, dado o elevado nível alcoólico no qual eu me encontrava. Ademais, a Fulana nada mais era que um sonho distante pra mim, afinal de contas o que diabos uma guria como a Fulana poderia querer comigo? Seria o par mais díspare da história, depois daquela cisne que se apaixonou por um pedalinho.

Pois é lógico que eu não dei a menor importância para isso. Ainda mais depois que eu percebi que a Fulana estava tão bêbada quanto eu. Foi quando eu decidi ligar o foda-se. Eu pegaria a Fulana, ou meu nome não seria Felisberto.

Eu não sei que música estava tocando e até desconfio que não tocava música porra nenhuma. A bebida, além de fazer com que eu me aproximasse da Fulana, fez com que a gente dançasse freneticamente, sem o menor ritmo. Provavelmente as pessoas na nossa volta estivessem rindo mais que a minha mãe quando vê as Video-Cassetadas do Faustão.

Eu não tava nem aí pro pastel e segui dançando com a Fulana. Papo vai, papo vem, corpo vai, corpo vem e, quando dei por mim, a gente já tava se beijando. Lá pelas tantas decidimos que era melhor esquecer aquela porra de festa e ir pra um local mais isolado.

E aí, sabem como são aqueles casais bêbados de uma única festa em um local isolado. Não preciso detalhar muito, então eu pulo direto pra parte que eu convidava ela pra ir até a minha casa, porque... né? Então. A Fulana meio que titubeava, o que me deixava meio de cara, afinal... né? Acontece que nem eu e nem a Fulana estávamos de carro. Ir a pé até a minha casa seria uma insanidade, já que eu seria assaltado 5 vezes a cada 2 passos. Mas como a merda já tava feita, e em forma de convite para ir até a minha casa, eu iria nem que fosse de helicóptero, e eu não tenho a menor idéia de como arranjaria um.

Eu continuava tentando convencer a Fulana, dando uns beijinhos, coisa e tal. Ela já tava inclinada a aceitar e eu estava inclinado a ter meu filme queimado, já que não tinha a menor idéia do que fazer pra chegar em casa.

Então eu acordei.

Da pior forma possível, eu ACORDEI.

Repentinamente, friamente, cruelmente, filhadaputamente, eu acordei. Abri meus olhos e PIMBA!, eu estava acordado. Meu sonho estava desfeito e a Fulana, na realidade, não tinha nem chegado perto de mim.

Confiem em mim: o sonho de vocês não é pegar aquela amiga insanamente gostosa. Não é.
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