terça-feira, 27 de maio de 2008

Há pouco eu conversava com uma amiga sobre pessoas e suas atitudes execráveis, condenáveis e pentelhantes. O que me trouxe à mente um acontecimento. Puxa uma cadeira e senta no chão, curte a história.

Há muito tempo atrás, eu estava na frente de um boteco com uns amigos, encostado no carro escutando música e tomando aquela cerveja gelada mais que bem vinda no inverno. Então uns piás resolveram que seria legal entrar em um edifício em construção que tinha por ali para colar cartazes lá no alto e brincar de Le Parkour. Eu não sei o que eles tinham na cabeça pra pensar que é uma boa idéia colar cartazes a 15 ou 20 metros de altura, mas imagino o que seja.

O que acontece é que alguém resolveu se divertir à custa daqueles piás e chamou a polícia. Bem, generosidade ou carinho não é exatamente o ponto forte da polícia, ainda mais nesses casos. Isso acabou divertindo não apenas quem chamou a polícia, mas também quem assistiu a cena.

Não todos, obviamente. Um pequeno grupo estava bem descontente com a presença dos policiais - talvez porque este pequeno grupo teve que esconder a maconha dentro de um bueiro onde um casal de ratos acabara de se esconder. Bem, o fato é que a polícia chegou e o tal grupinho vaiou insanamente. Outros resolveram que iam subir pra dizer "corra que a polícia vem aí" pros piás que estavam lá em cima e que não tinha ninguém parecido com o Leslie Nielsen. Ou seja, a coisa ia feder de verdade. Foi nesse exato momento que a polícia chegou e bradou uma frase que ficaria famosa anos depois: NÃO VAI SUBIR NINGUÉM.

E, bem, os justiceiros uniformizados subiram, cataram os piás sem muita delicadeza e se pararam a fazer discursos pro povo que observava tudo, tomando uns goles de cerveja ou canha com refri. Blábláblá, isso é invasão de propriedade privada, blábláblá, a polícia, blábláblá.

Vocês ainda lembram do pequeno grupo descontente?

Pois então. Havia um cidadão neste grupo que estava devidamente puto com tudo o que estava vendo e ouvindo e resolveu que seria uma boa hora pra aparecer pra alguma guriazinha que poderia vir a ser sua primeira transa, coisa e tal. Sem mais essa nem aquela, largou um berro:

- PORCO!

O que se revelou uma atitude pateticamente retardada. O imbecil gritou isso quando estava sozinho em um canto da calçada. Até o Stevie Wonder viu que foi ele quem berrou aquilo.

- PEGA ESSE BABACA! - foi a resposta de um dos policiais. Corajosamente, dois ou três saíram correndo atrás do isolado imbecil e o cataram pelos cabelos.

Eu não entendo o porquê, mas chamar um policial de "porco" é uma atitude tão inteligente quanto chamar um muçulmano de judeu. Em dois toques, o imbecil estava dentro do carro da polícia. Mais um toque e ele tinha saído pra dar uma voltinha com os caras, sabe como é. E como mais nada aconteceu de interessante, resolvi voltar pro meu canto.

Sabe-se lá como, o tal imbecil reapareceu 15 minutos depois, sem nenhum arranhão - pelo menos nenhum visível - e pediu para se esconder ali onde eu e meus amigos estávamos. Deixei - porque louco não se contraria - e o cara ficou encolhido por ali. Lá pelas tantas, um conhecido do cara passou e deu sinal verde.

- Pode sair, véio.
- Opa, beleza. Valeu.
- Mas diz aí, que que houve?

Eu esperava todo o tipo de resposta possível. Caiu um meteoro, o Silvio Santos caiu na piscina, a Xuxa se separou da Marlene Mattos, o céu é azul... mas não.

- Ah, cara... é o sistema, sabe...

Opa, é o sistema. É culpa da construtora do edifício, é culpa dos criadores de porcos, é culpa de quem vendeu o carro pra polícia, é culpa do universo que gira ao contrário e tudo o mais.

Por essas e outras que eu digo: esses caras têm que continuar vivos e entrar na programação televisiva, em horário nobre. Muito melhor que novelas, Show do Tom, Zorra Total ou A Praça é Nossa.
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