quinta-feira, 30 de maio de 2013

Atitude

Atitude. Precisava tomar uma. Sempre soube disso e agora estava escancarado em si mesmo, como um tiro de espingarda estuprando-lhe o coração. E olha que nem era surpresa: sempre soube que a Bruna e o Caio estavam juntos, "aquele filhodaputa do Caio", ele dizia, "ele não é filhodaputa, ele é legal", diziam-lhe, "tá, ele pode ser legal, pode não ser filhodaputa, mas está filhodaputa", retrucava. Ele admitia a possibilidade do Caio ser legal porque com ele nunca trocara mais que um "oi" educado. Não o conhecia. Já a Bruna ele conhecia um pouco mais - bem pouco: com ela trocava "oi", beijinho, abracinho, sorrisos, beijinho, abracinho, "tchau". O suficiente.

Não conhecia o Caio. Admitia que ele podia ser legal, admitia que ele podia não ser um filhodaputa, mas estava filhodaputa, porque o Caio ocupava na vida da Bruna um posto devia ser de outro: devia ser dele. E agora o Caio noticiava isso para o mundo - e para ele também. A Bruna era do Caio, o Caio, da Bruna. Estava ali, na tela do computador, a manchete que o Facebook estampava: "Bruna Gomes adicionou um evento cotidiano de 5 de maio de 2013 à linha do tempo dela: 'Em um relacionamento sério com Caio Rodrigues'".

A Bruna, justo a Bruna, com esse filhodaputa. Devastador. Isso não podia acontecer, não podia ficar assim. Precisava tomar uma atitude. E tomou.

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