sábado, 17 de dezembro de 2011

A mudança de nome do Adriano

Todo mundo viu, inclusive o Rodrigo Cabelo, o Fábio Ice e eu. Sentados numa mesa do bar e restaurante Vila Real, há exatos 5 anos atrás, em 2006, vimos pela TV Fernandão sentindo cãimbras e saindo de campo. Em seu lugar, estava entrando Adriano Gabiru - que 15 minutos depois mudou de nome. Ao meu lado, o Rodrigo, vulgo Cabelo, ficou desolado. E acho que a energia despendida naquele desolamento foi tão grande que proporcionou o momento mais Pai Dináh da minha vida:

- Te acalma, Cabelo. Esse cara vai fazer o gol.

Para uma melhor análise da minha frase, peço que a leiam com ênfase no artigo masculino definido anterior ao substantivo máximo do futebol, porque foi exatamente como eu falei. Eu enfatizei que o sujeito ("esse cara", Gabiru) iria fazer O GOL. E fiz essa profecia unicamente porque eu era megalomaníaco: ao dizer "o gol", com ênfase no "o", estava dizendo que Adriano Gabiru ia dar uma caneta em um adversário, um chapéu no outro, matar a bola no peito e mandar de voleio pro gol. Seria uma obra de arte, o gol dos gols, já que eu, megalomaníaco, havia apostado que a partida terminaria em 3 a 0 para o time capitaneado por Fernandão.

Errei tudo, placar e jogada. Mas não é que eu acertei?



O Gabiru fez o gol. O GOL do Inter contra o Barcelona. Dois minutos depois da minha profecia. Quinze minutos depois, Fernandão virava o Capitão Planeta. E enquanto o Cabelo, o Ice e eu berrávamos ensandecidos pela avenida, o tal de Gabiru já havia mudado de nome: era Adriano Me Perdoa Gabiru.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Crise na Lapônia - A realidade do Papai Noel

LAPÔNIA, Pólo Norte - Parece que a crise do euro ultrapassou as mais gélidas barreiras. O mercado mais proeminente da Lapônia está em crise, ameaçando toda a economia pólo-nortista.

A preocupação surge de todos os lados. "O trabalho do Papai Noel é um saco!", dispara um duende, que não quis se identificar. Um colega é mais controlado e argumenta: "Somos obrigados a trabalhar em 1 mês o que não trabalhamos em 1 ano. É sempre assim, é tudo de última hora. No resto do ano, ficamos à mercê da sorte, fazendo bicos em peças teatrais da Branca de Neve ou fazendo pose ao lado de anões de gesso, em jardins de burgueses.", reclama, também sem se identificar.

As renas são mais resignadas. "Somos obrigadas a fazer milagres. Quem disse que rena voa? Já tentou voar sem asas? É meio difícil.", ironiza a rena Corredora. "Esse negócio de pensar em coisas leves é mais difícil do que se pensa." Mas as reclamações também existem entre os bichos: "Não temos plano de saúde e preciso de um psiquiatra urgente. Sofro de distúrbios de dupla personalidade. Sou uma rena, mas meu nome é Raposa.", desabafa, contendo as lágrimas. Rodolfo aproveita a deixa e acrescenta: "Falam que meu nariz vermelho representa o dom que tenho de guiar o Papai Noel, mas a verdade é que eu vivo gripado. Sou muito sensível a este frio."

Papai Noel mostra-se ciente das reclamações. "Não tenho condições de oferecer algo melhor a eles.", desabafa. "Por duas vezes fui convidado a participar de uma produção hollywoodiana com o Macaulay Culkin, mas o agente de lá simplesmente sumiu e nunca mais retornou minhas ligações. Fiquei à míngua.", revelou.

Ele conta ainda que incentiva seus empregados a procurarem outras atividades durante o ano. "Não posso sustentá-los, então sempre sugiro que atuem em peças teatrais. Mas nem todos se dão bem. Em "Branca de Neve", por exemplo, são apenas sete vagas para todos eles. E para as renas a coisa piora, porque são duas míseras vagas em "Bambi" e outra mísera vaga em "Branca de Neve". E essa nem tem fala, então o cachê é ainda menor."

Sobre as acusações de trabalhar em apenas 1 mês do ano, ele se defende. "Se ninguém faz encomendas durante o ano, o que eu posso fazer? Produzir e deixar tudo estragando no frio? Só recebo pedidos em dezembro, só posso trabalhar em dezembro", explica.

E as perspectivas não são animadoras. "Diante dessa crise, entrei em contato com o Lula pra ele me substituir esse ano. O Barack Obama me disse que o cara é bom, confiei. Estava tudo acertado, tinha esperança que ele ia nos tirar dessa fria. Mas agora ele adoeceu. Fazer o quê?", conforma-se.

Apesar de tantos problemas, o bom velhinho mantém a esperança para o ano que vem - mas mantém o mistério. "Só quem pode falar sobre a minha esperança são os maias.", encerrou.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

É sério, é piada

O Brasil tá vendo uma safra de novos humoristas surgindo. Diogo Portugal, Marcela Leal, Danilo Gentili, Rafinha Bastos... é um bocado de gente que prefere contar piadas de cara limpa num palco a encarnar um personagem qualquer.

O Danilo Gentili contou uma muito bacana no Twitter há um tempo atrás: "King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?". Já o Rafinha Bastos fez um texto debochadíssimo para o seu show de stand-up, dizendo: "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço." E semana passada ele largou um comentário mais espontâneo:



"Que horror, isso não são piadas, Egídio." Sim, são piadas. "Mas são piadas pesadas e grosseiras, pois falam de assuntos delicados, não pode."

Tenho uma novidade para vocês: assuntos delicados são alvo de piadas desde que o mundo é mundo. Religião é assunto polêmico e pedofilia é um crime repugnante, mas todo mundo já riu da piada do coroinha que recebia um pastel e um refri do padre. Torturar animais é terrível, revoltoso, mas todo mundo já riu da piada do papagaio que passou a noite costurando o cu. O alcoolismo está catalogado no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde e destrói famílias todos os dias das mais diversas maneiras. E o Tom Cavalcante faz o João Canabrava desde antes de nascer. E o que dizer do Jorge Lafond, que era negro e homossexual?

A coisa tá complicada pro Rafinha Bastos. A piada com a Wanessa Camargo rendeu-lhe um afastamento do CQC, com direito a críticas dos próprios colegas de bancada. Em nota, Marco Luque disse: "Eu, como pai, entendo e apoio a revolta e a indignação do Marcus Buaiz [marido de Wanessa]. Se fizessem uma piada com este contexto sobre a minha família, certamente ficaria ofendido." Luque só esqueceu que o próprio Rafinha Bastos também é pai. A criança ainda não completou 1 ano.

Essa polêmica não foi a primeira do Rafinha Bastos. Lembra da piada sobre estupro? Ela rendeu uma investigação do Ministério Público, sob a alegação de "apologia ao estupro". Ora, quantos pontos de QI são necessários pra perceber que essa é uma cena que não é rotineira da maneira como ele fala? Quem aí já passou por uma amiga na rua e, ao perguntar "como estão as coisas?", recebeu como resposta um "nossa, minha semana tá uma merda, fui estuprada ontem, e tu?"

E tem mais:



Esse é o cara que, segundo o Ministério Público, faz apologia ao estupro. Como ele consegue ser tão contraditório, a ponto de fazer apologia ao estupro e defender pena de morte a estupradores? Será que ele deve ser punido por essa intolerância com vendedores de telemarketing? A quem tá se fazendo essas perguntas, eu tenho a resposta: desencana. O cara só tá fazendo piada.

"Ah Egídio, mas com os outros é diferente. Certo que tu vais ficar de cara se fizerem piada contigo ou com algum parente teu." Bom, talvez eu discorde.

Por comparar o King Kong com um jogador de futebol, Danilo Gentili foi taxado de racista. Mas quem é mais racista: o Danilo Gentili, por fazer essa piada, ou um sujeito que vai a um restaurante e diz "senhor gerente, exijo ser atendido por outro garçom e não por este negro"?

O que é mais preconceito: contar a piada do viadinho que foi correndo botar a bunda na goteira ao saber que ia "chover pra caralho" ou negar emprego a um jovem brilhante porque ele é homossexual? Ou quem sabe agredir um casal por ser homossexual?

O que é mais deselegante: fazer piadas de defeitos físicos ou viver em uma sociedade incapaz de tratar bem um cadeirante, onde a esmagadora maioria dos prédios públicos não possuem acesso a deficientes físicos?

Por que é tão difícil entender que respeito não se mede através de piada?

Não é porque eu faço piada com uma tragédia que eu deixo de me comover com ela. Fazer piadas com negros ou homossexuais não impede que eu ame meus amigos negros ou homossexuais. Eu posso zoar uma pessoa, da sua profissão, do seu cabelo, do seu defeito físico, mas só vou deixar de respeitá-la se ela é uma pessoa que rouba, ou que prejudica um colega de trabalho só para tirar proveito próprio, ou que pára o carro em cima da faixa de pedestres, ou...

O pior é encerrar esse texto me achando um completo imbecil por me estender tanto sobre o que parece ser gritante de tão óbvio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Relação estável

- Vocês têm filhos?
- Não.
- São casados há quanto tempo?
- Não somos casados, na verdade.
- Bem... moram juntos?
- Não.
- Então como querem provar que possuem um relacionamento estável?
- Meu carro tem o adesivo da família feliz. Dois bonequinhos, o meu e o dela. E no carro dela também tem adesivo da família feliz. Tem até o gatinho que a gente adotou anteontem.

domingo, 28 de agosto de 2011

Motorola

Nos anos 1980:

"A moto eu vou vender e o rádio eu vou dar para minha avó".
(Biro Biro, ex-jogador do Corinthians, ao responder a um repórter o que iria fazer com o "Motoradio" que ganhou como melhor jogador da partida)

Em 2011:

"A moto eu vou vender e a rola... ai, acho que vai ficar pra mim, né?"
(Um jogador aí, ao responder a um repórter o que iria fazer com o Motorola que ganhou como melhor jogador da partida)

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Esta é uma história fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência e uma faixa escrita "eu já sabia" seria perfeitamente indicada para o caso.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sem calcinha, sem casamento

A capital do Estado de Alagoas é Maceió. A cidade é berço de Djavan, Zagallo e do primeiro casamento cancelado por falta de calcinha que eu tive notícia, segundo o Cada Minuto.

A cena poderia ser espetacular, digna de um enredo de pornochanchada:

- Se alguém tem algo contra esse casamento, que fale agora ou cale-se pra sempre.
- Não tenho nada contra esse casamento, seu padre, mas só quero dizer que a noiva esqueceu a calcinha no meu carro. Tá aqui, ó.

Podia ser algo mais comédia pastelão:

- Onde estão as alianças? Que lindas! E a calcinha? Como, não tem calcinha? Ah não. Sem calcinha, sem casamento.

Mas não.

O padre já não havia gostado de notar o imenso decote nas costas do vestido de noiva de uma professora, de 25 anos. Imediatamente após sua chegada no altar, quando se colocou de frente para o noivo o padre percebeu que o decote da moça permitia ver o derrière absolutamente desnudo.

Neste instante o padre solicitou que a noiva acompanhasse uma ministra da eucaristia até a sala de sacristia para averiguação. A ministra confirmou a suspeita do padre e o informou sobre o veredito. Depois de comunicar aos pais dos nubentes a decisão, o padre Jonas foi até ao altar avisar aos convidados que o casamento não seria realizado, pois a noiva "não estava respeitando o altar sagrado".


Aposto o minguinho perdido do Lula que o padre fez isso por pura inveja. Afinal de contas o casamento foi em Maceió, e se lá já faz um calor do cacete, imagina a situação de um sujeito que veste uma batina do pescoço aos pés e ainda tem que usar uma manta? E se houve desrespeito ao altar sagrado por falta de roupas íntimas, gostaria de denunciar que nunca vi um escultor fazer cuecas, calcinhas e sutiãs nas estátuas que estão no altar das igrejas.

Ele ainda disse que a ministra da eucaristia notou que "a noiva estava totalmente depilada na região pubiana, o que para o pároco é um flerte com a pedofilia".

Se é um flerte com pedofilia, a coisa muda de figura: é provável que o padre tenha sentido uma atração pela noiva. O nobre pároco quis apenas evitar um constrangimento maior. Bravo!

Segundo o padre Jonas "os pêlos pubianos marcam a transição entre a infância e a vida adulta, portanto retirá-los seria realizar apelo pedófilo para a prática sexual".

No planeta que eu nasci, os padres encerram esse sermão dizendo: "agora, se vocês me dão licença, vou me retirar. Vocês estão atrapalhando o meu lance com o coroinha."

Dizem que alguns padres são mais flexíveis. Eles falam: "quer depilar, depila. Mas se eu sentir tesão, não diga que eu não avisei."

A noiva confirmou que estava sem calcinha e disse que se o padre notou este detalhe é porque "ao invés de celebrar ele estava pensando em taradice comigo".

Essa noiva deve ter ficado um pouco confusa. Porque, na minha humilde visão, pensar em taradice também é celebrar.

Depois do episódio o padre Jonas deixou afixado na apostila do curso de noivas dois avisos: "noiva sem calcinha é satanás na cabecinha" e "vagina careca é o diabo na boneca".

Além de padre, um poeta. Bravo! Bravíssimo! Mas noivas de Maceió, lembrem-se: padre Jonas não fez nenhuma rima com "calcinha fio-dental minúscula".

segunda-feira, 20 de junho de 2011

E as gatas?

- E aí, e as gatas?

Foi o que uma velha amiga velha da família perguntou a mim, por telefone. Ela tinha ligado para falar com minha mãe, que não estava em casa, e resolveu seguir assunto com o primeiro imbecil que aparecesse no telefone. No caso, eu.

Meu pensamento voou. Tanto no sentido de decolar quanto no sentido de ir rápido. Sim, as gatas. Duas felinas de 4 patas que faziam "miau" e que viviam na minha casa. A Esparta e a Pequeninha, que havia morrido há mais de ano. As gatas, é claro. Será que a mãe não falou pra ela que a Pequeninha morreu? Deve ter falado. A velha amiga velha é que não deve lembrar. É, é isso. Ela está velha, falhando a memória. Vou tentar ser sutil.

- Ah, estão bem. Na verdade só sobrou uma né? A Esparta. Ah, ela tá muito bem.

Silêncio sepulcral do outro lado da linha. Analisando friamente cada palavra que eu havia pronunciado, concluí que eu não havia dito "olha, a Pequeninha morreu e a gente aproveitou pra vender o cadáver para um sujeito que faz churrasquinho de gato ali na esquina e diz que é churrasquinho de boi recém saído do açougue". Portanto, não havia motivo para choque. Mesmo assim o silêncio continuou, até ser quebrado pela véia:

- E as gatas?

Putz. Além de esquecida, a velha amiga velha deve estar ficando surda. Coitada! Vou ter que berrar.

- Ah, agora só tem uma!
- Aaaaahh, que bom!
- Hehe, pois é... só tem uma.
- Mas assim que é o certo né? Só ter uma! Não pode ter mais que uma!

Pronto. Esquecida, surda e esclerosada. Caramba! O que tem de mais ter mais de uma gata? Gastos com a ração? Ter o sofá destruído por unhas ávidas por uma afiada? Bichos nos telhados berrando ao praticarem o coito? Alergia a pêlo? Faça-me o favor! Por acaso é politicamente incorreto ter mais de uma gata em casa? Era só o que me faltava: uma velha amiga velha da família esquecida, surda, esclerosada e odiadora de...

...


... mais de uma gata...


- Olha só, a mãe liga depois. Tchau.

É estranho: essas tias velhas perguntam pelas namoradas - assim, no plural - e acham que não se pode ter mais de 1 namorada? Praticamente imploram para sermos poligâmicos, mas acham que o certo é a monogamia?

Com justiça, desliguei o telefone na cara da velha amiga velha. Não por essa bipolaridade de querer que eu seja poligâmico e ficar aliviada quando percebe um resquício de monogamia, mas por causa do "gata". Ora, tá achando que eu nasci onde? Na Malhação?

Que falta de respeito.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mulher piercing casou

Brasileira recordista de piercings se casa na Escócia


De repente a Lady Gaga ficou tão... careta.


A brasileira Elaine Davidson, que detém o recorde mundial, reconhecido pelo Guinness, de maior número de piercings (6.925), casou-se em Edimburgo, na Escócia, onde mora. O nome do marido não foi revelado.

Por que não revelar o nome do marido? Isso é um mistério. Uma das hipóteses é a de que ele não quis revelar seu nome, para não passar vergonha. Ou então ela bolou um marido imaginário, mas esqueceu de bolar um nome imaginário para o marido imaginário. Mas a hipótese mais aceita é a de que ela ainda não sabe como explicar pra família que o marido dela é um abridor de latas.

Elaine, que já trabalhou como enfermeira, é uma "celebridade" do mundo bizarro. Só na genitália, ela possui mais de 500 piercings.

Se o marido dela não é um abridor de latas, há outra possibilidade de fazer sexo com uma criatura dessas: usar dois ímãs para ir abrindo caminho. Imagino que os mais de 500 piercings coloquem a moça como candidata a um novo recorde do Guinness: o de maior grelo do mundo.

A foto aí embaixo deveria ser acompanhada por um aviso de nudez e que menores de 18 anos não podem ver, etc e tal. Mas vamos encarar os fatos: em que planeta isso aí pode ter um mísero resquício de sensualidade ou de pornografia? Se houvesse uma Associação Mundial de Sexo Bizarro, Elaine Davidson seria rejeitada.


Isso aí é capaz de confundir uma bússola.


Elaine também caminha sobre fogo, dorme em cama de prego e se deita em cacos de vidro.

Não é que ela durma em cama de pregos: é que ela apenas se deita para dormir. Só isso.

Ah, a brasileira é faixa preta de judô!

De que adianta? Se ela entrar numa briga, é só dar um puxão em qualquer parte do corpo dela e pronto. Cadê teu judô agora, ô cosplay de Mulher Lata?


RSRS ADORU MEUS PIRCINS KRA!!1

sábado, 11 de junho de 2011

Uma questão de Física

Um trem verde parte de uma cidade A, tendo como destino a cidade B, a uma velocidade constante de 80 quilômetros por hora, enquanto um trem laranja parte da cidade B, tendo como destino a cidade A, a uma velocidade constante de 76 quilômetros por hora. Considerando que a distância entre as cidades A e B é de 200 quilômetros, pergunta-se:

a) Em que ponto os dois trens vão se encontrar?

b) Que punição deve ser aplicada ao responsável pela linha do trem por deixar esse acidente acontecer só para virar uma questão de Física do Ensino Médio?

c) Que espécie de imbecil pintaria os trens de verde e de laranja?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O perigo da vestimenta

Já cansei de dizer que eu nunca fui um sujeito muito ligado em moda, em termos gerais. E quando o assunto é roupas torno-me capaz de entrar como franco favorito em uma competição de "Sujeito mais esdrúxulo e mais pateticamente desinformado". Tá aí um textinho antigo que ilustra melhor o meu desconhecimento.

Acontece que tamanha desinformação sobre um assunto aparentemente tão fútil pode me trazer sérios problemas. Percebi isso há poucos dias, depois de acordar meio zonzo por causa da cerveja e pensar "um refrigerante de cola não-alcoólico bem gelado deve curar essa tonteira".

É lógico, essas não foram as palavras que eu emiti em pensamento. Mas não vou aqui fazer propaganda gratuita para uma multinacional das bebidas. Posso causar um desequilíbrio no comércio mundial e esse negócio de "monopólio capitalista" pode respingar em mim - em forma de gotas de refrigerante de cola não-alcoólico.

A ideia de um refrigerante colossalmente gelado impregnou meu cérebro. Estando a minha geladeira desprovida de refrigerante, eu deveria ir ao bar mais próximo, ali na outra quadra, para saciar o meu desejo. Zonzo como estava, neguei-me a colocar uma roupa um pouco mais elaborada para cumprir a tarefa. Assim, fiquei receoso: nos trajes que eu estava, era bem capaz de algum vizinho me denunciar e eu ser preso como o indigente mais indigente da face da Terra. Uma calça de abrigo fuleira, meias razoavelmente brancas, alpargatas e uma camiseta de manga longa que, pelo cheiro, denunciava que eu ainda não havia me recuperado da longa noite passada.

Tentei remediar a situação penteando levemente o que está restando do meu cabelo, e posteriormente prendendo-o. Isto feito, inflei os pulmões e aspirei um ar aventureiro. Meu espírito encheu-se de coragem: eu ia enfrentar a possibilidade de ser preso como indigente em troca de uma garrafa de refrigerante.

Saí porta afora em busca do precioso artigo líquido, torcendo para que ninguém me denunciasse e pronto para lutar bravamente contra as forças das risadas malignas que eu certamente seria alvo. No bar, as 3 ou 4 pessoas pareceram não dar muita importância, mas tenho certeza que, tão logo saí dali, eu e minha relapsa vestimenta tornamo-nos o centro da conversa, pautada por piadinhas e caras de nojo.

"Azar o deles", pensei eu. Minha tarefa, agora, resumia-se a voltar ao aconchego do lar. A preocupação em ser preso rondava o ar, e naquele instante qualquer cachorro que passasse era um agente policial à paisana, espreitando-me e pronto para me denunciar às autoridades maiores.

E em meio à minha preocupação em não ser preso, surge na rua uma loira belíssima, que não caminhava, mas deslizava, exalando um suave aroma de pétalas de rosas pelo ar. A moça lançou um mísero olhar de revesgueio para o cosplay de mendigo que carregava uma garrafa de refrigerante, que por sua vez estava boquiaberto, estupefato e achando que era melhor estar pelado na rua do que com aquelas vestes. Sem demonstrar grande interesse - nem para o bem e nem para o mal -, a loira seguiu seu rumo, deixando cair algumas purpurinas e pétalas de margarida pelo caminho.

E eu ali, temendo a prisão, quando deveria temer a extinção da minha própria espécie pelo meu estilo mulambento de me vestir.

sábado, 14 de maio de 2011

A gravidez da semana

- Pai...
- Fala filha.
- Pai, eu... ai...
- Que foi, filha? Que cara é essa? O que aconteceu?
- Aconteceu que... ai pai...
- Cê tá me deixando preocupado, filha. Fala, o que aconteceu?
- É que eu acho que fiz uma besteira.
- Filha, não enrola, pelamordeDeus. O que aconteceu? Rodou em Matemática de novo?
- Não pai. Tirei sete. Passei na média. É que...
- Fala.
- Pai, eu tô grávida.
- COMO?!
- Ai pai, eu sei, fiz besteira... aconteceu!
- Como assim "aconteceu", filha? Você tem 17 anos! Como "aconteceu"? Por favor...
- Calma pai, eu sei que eu fiz besteira...
- Como "calma"? Você tem 17 anos, caramba! Como que eu vou ficar calmo, porra?!
- Ai, tá pai! Eu sei que eu errei! Aconteceu, pronto!
- Não tem pronto, cacete! Você nem terminou o colégio ainda e já tá grávida! Vou ter que sustentar essa criança!
- Não vai! Eu vou assumir! Além do mais, o pai dessa criança...
- No mínimo o pai da criança é um desses zé-roelas do teu colégio! Aqueles borra-botas! Puta que me pariu filha, como é que você foi fazer um negócio desses? COMO QUE "ACONTECEU"?
- Pára pai...
- Como "pára"? Eu vou ter que sustentar essa criança, vou ter que sustentar você e provavelmente vou ter que sustentar um zé-roela, um borra-botas!
- Não! O pai da criança é...
- Quem é o pai dessa criança? Fala de uma vez! Me dá o telefone dele, vou ligar e a gente vai ter uma conversa séria. Quem é o pai?
- É o Neymar.
- ...
- ...
- Quem?
- O Neymar. Aquele do Santos.
- ...
- ...
- Ô, minha filha, vem cá. Me dá um abraço. Que notícia linda, eu sempre quis ser avô...
- Tá mais calmo agora, pai?
- Essa criança vai ser muito bem amada, minha filha, eu e a tua mãe vamos te ajudar em tudo, e eu faço questão de levar ele no estádio pra ver o pai dele jogar.
- Mas pai, o senhor não torce pra Portuguesa Santista?
- Isso, filha. Eu sou santista mesmo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O otimismo do pessimista

Carlos era tão pessimista, mas tão pessimista, que era muito incompreendido quando resolvia ser um pouco otimista.

- Não te entendo, Carlos.
- É simples, cara. Eu vou passar nesse concurso público. Vou ficar entre os primeiros e vou ser chamado logo. Estou otimista, confiante.
- Tá, tudo bem, mas por que se inscrever para concorrer à vaga de deficiente físico?
- É que até lá eu já sofri um acidente e já fiquei paraplégico.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre insetos e aranhas

Tem gente que diz que devemos respeitar a natureza. Ok, até concordo. Mas não tem como respeitar insetos.

Imagina aí um almoço em família. A mesa repleta dos mais variados quitutes, e eis que surge uma mosca. Ela voa daqui até ali, dali até acolá, espalhando seus germes fecais inocentemente, enquanto todos os membros da família abanam a mesa, tentando afastar o inseto que não foi convidado. Não tem como respeitar uma mosca. É chato. Incomoda demais. Mas, nesse caso, prefiro pensar pelo lado positivo: ainda bem que é uma mosca. Podia ser um rinoceronte com asas.

Eu, como todo mundo, respeito abelhas - mas na verdade não deveria. Somente 1 tipo de pessoa gosta deliberadamente de abelhas: o apicultor. Ao resto de nós, convém respeitar. Alguém já viu um protesto de apicultores? É claro que não. O governo jamais se arriscaria a deixar apicultores descontentes, porque eles certamente tacariam as abelhas pra cima de todo mundo. Abelha é um bicho muito provalecido: nós não podemos incomodá-las, mas elas se acham no direito de zumbir perto da nossa cara, com aquele terrível, ameaçador e descontrolado ferrão. E se a incomodarmos por isso (ou por bem menos que isso), a abelha chama a colmeia inteira para nos fuzilar - basta ver uma das cenas mais tristes da história do cinema, em "Meu primeiro amor".

Também não respeito baratas. Não dá pra respeitar um bicho que, além de voar com as próprias forças, tem a pachorra de sobreviver a altas doses de radiação ou mesmo a uma guerra nuclear. A maior prova disso dá-se quando tentamos matar baratas utilizando inseticidas. Podem observar: baratas morrem por comer Detefon até explodir, ou então morrem devido ao peso do que lhe borrifam, mas jamais morrem envenenadas. Envenenados saímos nós.

O pior é que, de uns tempos pra cá, as baratas parecem ter tomado consciência dessa condição de "invencíveis" - sabe-se lá como. Elas já não têm o menor respeito pelos humanos. Quando detectamos a presença de uma barata, nosso cérebro, de forma instantânea e automática, programa nosso corpo para trucidá-las. Acontece que, antes que esta decisão esteja sacramentada (o que dura meio micronésimo de segundo, quando muito), a barata já está nos encarando, ciente de sua "invencibilidade". Está pronta para nos encarar, pensando "se eu aguento radiação, esse humano babaca é fichinha". Encarna Davi e enxerga Golias em nossa pele. E eu nem sabia que as baratas haviam sido catequizadas.

Mas não é só isso. Perguntem à minha mãe, que não me deixará mentir: há coisa de 1 semana, avistamos 2 baratas copulando no muro de casa, enquanto as tarefas domésticas eram executadas. Assim, sem a menor cerimônia. Elas não estavam nem aí pra gente. E o pior: copulavam, como já disse, no muro! Desafiavam a gravidade e tinham o prazer de se reproduzir desavergonhadamente num ato só. Logicamente, foram mortas com o peso do SBP.

Elas sobrevivem a altíssimos níveis de radiação, a uma possível guerra nuclear, e só por causa dessa bobagenzinha à toa se acham invencíveis, a ponto não apenas de nos chamar para uma briga, mas de copular sem respeitar nem a lei da gravidade, quanto mais seres humanos. É por isso que eu as mato: para ensiná-las boas maneiras. Para mostrar quem manda por aqui.

Também não respeito aranhas. Aos que usarão minha naturalidade pelotense para disparar piadinhas contra mim, previno-me: estou me referindo aos artrópodes de oito patas. E eis aí um bom motivo para eu não respeitá-las. Aranhas controlam graciosamente nada menos do que OITO pernas. Eu, por vezes, me esborracho no chão utilizando míseras duas pernas, que são absolutamente incontroláveis e até mesmo inúteis quando estou bêbado.

Mas não é só isso. Outro dia, uma aranha quase me causou um grave e talvez irreversível dano psicológico. Era um belo início de tarde e, sabe Deus como, uma bruxinha (chamada em outras querências de mariposa, um dos poucos insetos que, embora feia de doer, eu respeito) adentrou meu quarto, mais perdida que surdo em bingo. "Coitada", pensei com meus botões, "se perdeu! Vou abrir a janela, pra ver se ela toma o rumo da rua, da liberdade!". E é provável que a bruxinha tenha lido meu pensamento, porque tão logo abri a janela, ela voou serelepe em direção à rua, agradecendo-me.

O que nem Mister M explica é como uma aranha do tamanho de uma bola de pingue-pongue é capaz de viver no vão de uma janela sem que ninguém saiba. Distraída devido à faceirice de ter recebido a liberdade de mim, a bruxinha voou próxima demais do vão da janela. E no meio do caminho havia uma aranha. Havia uma aranha no meio do caminho. Estupefato, assisti o cruel aracnídeo saltar sobre o inseto voador, aplicando-lhe um gracioso e imbatível mata-leão com suas oito patas. Foi assim que eu soube que uma aranha morava comigo.

E eu fiquei com um peso na consciência. Eu era responsável direto pela morte de uma serelepe e esvoaçante bruxinha. Tão abalado fiquei que, enquanto a aranha injetava seu veneno na bruxinha, fui desabafar com minha mãe.

- Mãe! Uma inocente bruxinha está morta! Ela jamais poderá balançar asas livremente pelos ares! E é tudo culpa minha! - Chamei-a para mostrar a aranha assassina, que ainda estava agarrada à vítima, que por sua vez foi entregue de bandeja por mim. Infortúnio dos infortúnios!

Daí minha mãe mostrou o respeito que devemos ter por aranhas e insetos: pegou um papel higiênico, esmagou a aranha com bruxinha e tudo e atirou pela janela. É isso aí, mãe!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Uma traumatizante experiência culinária

Eu invejo homens que sabem cozinhar. E invejo com força. Invejo homens cozinheiros porque eles sabem diferenciar certos alimentos, e aqui me refiro especificamente a manjericão, salsinha e couve. Se eu liderasse as panelas durante o preparo de um almoço e pedisse qualquer um desses três itens, podiam me trazer até um maço de capim colhido à beira da árvore do vizinho que eu não notaria a menor diferença. E ainda arrotaria caviar.

Não sou nenhum Indiana Jones quando me dirijo à cozinha, como fazem parecer o Anonymous Gourmet ou o Olivier Anquier, estes desgraçados - perdão, é a inveja. Mas eu não morro de fome se precisar me aproximar do fogão para fazer algo mais que esquentar a água do chimarrão. É mais provável que eu morra envenenado - sem perceber que fui envenenado, e quiçá sem perceber que morri. Não vou à cozinha apenas apra correr o risco de quebrar pratos - eu até me viro muito bem na cozinha. Hoje mesmo, almocei um suculento Miojo sabor carne. Além disso, descongelo uma lasanha congelada como poucos, sei abrir latas de ervilha, milho e atum; não obstante, sei fazer um arroz bastante apropriado para esta época do ano, porque é um arroz carnavalesco. Ele sai em bloco - mas não sem antes ter transformado o fogão numa bagunça feliz.

Também sei fazer ovo mexido (conhecido em outras querências como "omelete", mas não vou me referir a este famoso prato desta maneira - afinal, já estou em Pelotas e o que é um peido pra quem tá todo cagado?). Todos os pratos que me referi como capaz de cozinhar obedecem à velha máxima da cozinha dos solteirões: "o melhor tempero que existe é a fome". E com relação ao meu ovo mexido, ele não é um ovo mexido qualquer. Ele nem sequer é um: são três ovos que vão dançar dentro da frigideira, deslizando no óleo de cozinha, no ritmo do garfo que empunho, enquanto despejo, aos poucos, algumas pitadas de sal que torço que não seja flagrada para alguma câmera escondida, o que causaria preocupação extra para meu médico.

Assim que o conteúdo da frigideira adquire uma forma mais sólida, desligo o fogo. Então despejo um pouco de orégano e, munido de um tubo de catchup e uma lata de azeite, vou degustar minha obra culinária, o que faço na própria frigideira, porque sou um rapaz muito consciente e não gosto de sujar louça à toa. Ter que lavar tudo depois é um saco.

Como vocês podem perceber - e eu já deixei claro -, não sou nenhum Indiana Jones da culinária. Nunca tive grandes apertos ou experiências horríveis à beira do fogão - isto é, até alguns dias atrás, quando, faminto, recorri à minha infalível receita de ovo mexido. Foi traumatizante demais. A frigideira já estava no fogão, quando eu quebrava o primeiro dos três ovos e o colocava na frigideira.

Mas havia algo errado.

Assim que o ovo se esparramou pela geladeira, percebi que sua clara tinha um forte tom marrom, ao invés do límpido transparente que lhe é comum. Instantaneamente, um cheiro ruim foi liberado. Com o intuito de conferir se o cheiro tinha origem no conteúdo que a frigideira acabara de receber, este inexperiente e incauto projeto de auxiliar de cozinheiro que vos escreve resolveu aproximar o nariz da frigideira e dar uma forte inspirada.

E foi como se Mike Tyson tivesse me dado o mais forte murro da sua carreira bem no meu nariz. Eu estava descobrindo, naquele exato instante e na prática, o que era um ovo podre.

Corri da cozinha o mais rápido que pude em busca de 2 itens valiosos: ar puro e um telefone celular, de onde liguei para minha mãe, afim de descobrir se ela tinha o telefone de alguma coletora de lixo atômico ou mesmo da polícia, para quem eu denunciaria a agressão olfativa que eu havia acabado de sofrer. Cinco minutos se passaram até que meu cérebro tivesse oxigênio suficiente para entender o conselho da minha mãe: jogar o ovo podre pelo esgoto do pátio.

Ao retornar para a cozinha - tomando o cuidado de respirar o mínimo possível -, vi que não estava sozinho. Uma gigantesca mosca azul admirava, serenamente e de camarote, o forte marrom da clara do ovo que jazia na frigideira. A mosca era tão gigante que podia tranquilamente ser o bicho de estimação do já citado Mike Tyson, o que me fez crer que, de fato, ele estivera ali e, sim, havia desferido-me um potente murro olfativo no meio do meu nariz.

Timidamente, abanei a mão perto da mosca e, em voz alta, ordenei que ela saísse dali. Acreditem: ela preguiçosamente levantou vôo e se dirigiu diretamente para a abertura da janela, saindo para nunca mais voltar. Sequer ficou para ver o despejo do ovo podre pelo esgoto - o que aumenta a possibilidade de ser um inseto domesticado. Mike Tyson, o senhor não perdeu uma mosca?

Foi uma experiência que me fez pensar demais: homens conseguem diferenciar manjericão, salsinha, couve e capim; ora, os homens já foram à Lua!

Porque raios não é possível diferenciar um ovo bom de um ovo podre sem sofrer uma agressão?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

E SE... Silvio Santos fosse presidente?

Uma dívida de mais de 2 bilhões de reais. Um esclerosamento visível da Lua a olho nu. Uma peruca descoberta em rede nacional por uma criança de 5 anos, que posteriormente foi bastante avacalhada pelo dono da peruca. É inegável: Silvio Santos já viveu dias melhores.

E põe melhores nisso. Silvio era largamente respeitado, tanto que os mais saudosistas acham, até hoje, que ele devia ser presidente do Brasil. Talvez a nova geração nem desconfie disso, mas Silvio Santos na presidência nacional foi algo bastante plausível. Como se sabe, o projeto presidencial não foi adiante, mas é fato: o Homem do Baú ensaiou uma candidatura em 1989.



Se houve Lula, o sindicalista do ABC paulista, porque não haveria Silvio Santos, o camelô carioca com muito orgulho? Pois bem: e se Silvio Santos fosse presidente do país?

Não é difícil de imaginar. Toda eleição, depois de encerrada, é seguida de uma expectativa nacional em torno dos nomes dos ministros que formarão o escrete governista do eleito. Com Silvio Santos não seria diferente. A imprensa toda estaria atrás dele, que seria evasivo:

- Quem é que eu vou chamaaaaaaar, quem é que eu vou chamaaaaaaaar?

Se a cena ocorresse nas eleições de 1989, Zélia Cardoso de Mello estaria pulando enlouquecida na plateia do auditório, entoando cânticos de "chama eu, Silvio! Chama eu!" Assim como o PMDB. Por sua indicação, Ratinho acumularia o Ministério da Defesa e o Ministério da Previdência Social e Maísa assumiria a Casa Civil - ninguém protestaria, pois todos acham fofo uma criança demonstrar tamanha maturidade. O mistério ficaria para o Ministério da Cultura: Liminha ou Carlos Alberto de Nóbrega?

Brasileiros pagariam seus impostos com o Carnê do Baú, enquanto nossa dívida externa seria paga em barras de ouro, que valem mais que dinheiro. No setor da saúde, o Brasil teria um revolucionário sistema de distribuição de remédios: bastaria adquirirmos produtos Jequiti, com alguma revendedora. E se Lula fez o maior alarde com o Fome Zero, Silvio Santos faria um alarde ainda maior com o seu grande projeto social, o Teleton, que ficaria a encargo de Hebe Camargo. Depois de alguns anos, Hebe balançaria no cargo, graças ao Escândalo dos Selinhos.

O Brasil não estaria livre da corrupção, mas ela certamente seria menor. Isso graças ao inovador sistema de inteligência e espionagem, desenvolvido pelo CC Ivo Holanda. A cada prisão efetuada, a cada quadrilha desbaratada, a cada crime solucionado, uma manifestação pública do nosso amado Chefe de Estado: "bem bolada, bem bolada!". Tudo graças às operações Câmera Escondida.

O grande problema de Silvio Santos seria a maciça oposição: Collor, Lula, Globo, Band, Record, Manchete e Rede TV!. A Globo, aliás, defenderia arduamente a privatização do SBT, canal estatal onde o presidente do país é o manda-chuva. A Record rezaria para dar certo, enquanto a Manchete e a Rede TV!, bem, talvez chamassem o Jaspion. A Band se mudaria para a Argentina.

Isso porque ser dono de uma rede de televisão renderia comparações com Silvio Berlusconi e Hugo Chávez. As aparições públicas seriam largamente exploradas pelo SBT, porque o presidente não largaria o hábito de jogar aviõezinhos para o auditório, perguntando "quem quer dinheirooooooooo?" de forma entusiástica. Tal atitude renderia comentários negativos da oposição. Collor diria que "é um populismo barato e desenfreado", enquanto Lula afirmaria que "é uma atitude hipócrita da burguesia" ("hipócrita é o AeroLula!", responderia o Homem do Baú). O fato é que toda a população pensaria: "pago imposto demais, mas pelo menos o dinheiro volta pra gente".

Notícias sobre o presidente seriam narradas no canal oficial do governo pelo Lombardi. A morte dele, aliás, causaria a mesma tristeza e luto que causou quando ocorreu de verdade. Mas com Silvio Santos na presidência, esse luto seria oficial e de três dias.

De hora em hora, o SBT informaria o resultado parcial da Tele-Sena - a mais badalada loteria do país. A Mega-Sena seria uma mísera rifa - com o título de "Ação entre amigos" - perto da Tele-Sena. Pronunciamentos e anúncios oficiais, só no canal do presidente - e seriam os mais legais, via Porta da Esperança.

- Será que vem aumento de salário mínimoooo? Vamos abrir as portas da esperança!

Com o tempo, Silvio Santos ficaria esclerosado, abrindo espaço para a oposição armar vários golpes de estado. Nos braços do povo, o presidente apelaria para permanecer no poder:

- Segura o velhooooooo!

Mas a oposição alcançaria seu objetivo. E Silvio Santos deixaria o poder sem perder o bom humor:

- Me derrubaraaaaaam, não é possíveeeeel! Nunca mais eu faço isso.

É como diria o slogan do governo: o Brasil cresceria em ritmo de festa que balança o coração.

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"Egídio, não entendi esse final do texto!" Então te atualiza, vivente: