quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal musical

Então, é Natal. E o que você fez? Não, eu não vou continuar com o cover que a Simone fez da música do John Lennon. Até porque não é do meu feitio escrever "você".

Eu me refiro à atitude de vocês em relação à trilha sonora do Natal. Afinal, é sempre a mesma coisa: Simone em versões natalinas, com prováveis participações de Sandra de Sá, pra depois emendarem com o cd "vIVANoel" do Ivan Lins, até que todo mundo esteja bêbado, não dê a menor importância à nossa sanidade musical e enfie um cd incrível do Terrasamba no micro-system. Porque, no meu tempo, se chamava de micro-system.

Bateu o desespero né? Pois acalmem-se, singelos gafanhotos. Estou aqui para ajudar vocês. Aqui vão algumas dicas cremosinhas e gostosas pra quebrar a rotina musical natalina e fazer todo mundo abraçar o Papai Noel como se não houvesse amanhã. Obviamente eu não vou disponibilizar os links pra vocês baixarem o cd, porque não quero que ninguém coma meu cu. Se contentem com essas dicas crocantes e se virem nos 30.


Ray Charles - The Spirit of Christmas


Ao longo desse post, vocês perceberão que há mais reis natalinos do que apenas Roberto Carlos. Eis um deles, o Ray. Ray Charles. Além de trocadilhos com nomes serem ótimos, nem mesmo a heroína impediu o cara de gravar esse disco para embalar nossos momentos de reflexão no início da noite natalina. E por favor, evitem dizer que o cara conseguiu gravar um belo cd natalino de olhos fechados. Não apenas pelo fato de humor negro não combinar com espírito natalino, mas também por que essa piada já tá velhinha. Eu acho. Porque confesso que acabei de pensar nela, sem nunca ter ouvido falar.


Emmylou Harris - The Christmas Album - Light of the Stable


Confesso que jamais ouvi esse álbum. Não conseguia achá-lo nem que a vaca tussisse em russo. Mas meu amigo Chapa fez ela tussir em russo, eu achei e já entrou na fila da minha playlist. Mesmo sem eu ter ouvido, é uma sugestão garantida da minha parte. Além de ser um dos maiores nomes da história do country, Emmylou Harris gravou um disco com Mark Knopfler, o soberbo "All The Roadrunning". E, se ela teve o cacife de gravar um disco com o dotô Mark, é óbvio que vale a pena ouvir um disco dela.


Elvis Presley - Elvis Christmas Album


A reflexão continua com outro rei, mas dessa vez é acompanhada pelo som da piazada incomodando loucamente, querendo abrir aos presentes enquanto pergunta se o Papai Noel já chegou. Além disso, aquela tia gorda que tá de olho em 70% do peru de Natal vai se distrair, lembrando como dançava demais ao som do rei do rock nos idos de Hebe Camargo jovem. Mais: esse disco está cheio de músicas pra dançar coladinho. É uma beleza se aquela prima gostosinha estiver na ceia.


B.B. King - A Christmas Celebration of Hope


Tá vendo? Quem pensava que o único Rei atendia pelo nome de Roberto Carlos, está enganado. Digo, lógico que Roberto é Rei, mas o especial dele nem anda tão especial assim. Afinal, não vou me surpreender se ele chamar o Marcelo D2 para um dueto no especial desse ano - que cai na noite da ceia - mas eu já tou enrolando pra dizer que tem gente que é mais que rei. B.B. King, por exemplo, é o vô que todo mundo queria ter. E é uma baita falta de educação não convidar o vô pra ceia de Natal - ainda mais se ele é o rei do Blues. Portanto, sejam educados. Ouçam o blues natalino do vovô mais bacana do mundo e aproveitem pra continuar dançando.


Twisted Sister - A Twisted Christmas


Convenhamos: a cerveja tá fazendo efeito há horas. Momento pro Twisted Sister. A família estará se encaminhando pro lado rock e música boa da força. E se o teu Natal terminar com mais confusão que filme da Sessão da Tarde, não culpem esses feiosos que ficam ainda mais feios quando se vestem de drag queens. A culpa é da cerveja na tia gorda. Certeza.

E um feliz natal pra vocês também.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Minha primeira vez

Diz o velho ditado: o primeiro a gente nunca esquece. Diz outro ditado: sempre há uma primeira vez pra tudo. E diz mais um velho ditado basco: irmãs são loucas.

Novembro de 1983. Era mais um ensolarado final de tarde na casa daquela feliz família, onde um bacuri havia chegado há menos de 1 mês. Pai e mãe degustavam uma cerveja preta estupidamente gelada, enquanto o bacuri recém nascido dormia gostosamente no carrinho de bebê que estava na sala, tendo seus sonhos com a então gostosinha e famosa guria de "A Lagoa Azul" interrompidos pela irmã 5 anos mais velha, que ora visitava os pais na cozinha, ora acordava o guri na sala.

Gole de cerveja vai, gole de cerveja vem, irmã vai, irmã vem, e lá pelas tantas a guria tava, literalmente, molhando o bico - que em outras querências chamam, viadamente, de chupeta. O bico molhado não tardaria a fazer efeito na guria, que ficou ainda mais elétrica. Deste modo, provavelmente o guri não conseguia sonhar com outra coisa que não fosse a própria cerveja preta. Afinal, sonhar era tudo o que ele conseguiria fazer com uma cerveja preta naquela altura da vida.

- Pai, coloca um pouco aqui na mamadeira?

Excelente idéia! Papai deve ter colocado talvez 1 ou 2 goles no recipiente infantil. Foi o suficiente. Conversa vai, conversa vem, cerveja idem, irmã idem. Com a mamadeira.

Vazia.

- Tava bom, filha?
- Ô.

Foi uma das primeiras lições na vida da guria: cerveja preta é boa. Mas se tem algo tão forte e marcante quanto as primeiras lições na vida de uma pessoa, esse algo é o instinto materno.

Filha vai. Filha vem. Molha o bico. Filha vai. Filha vem. Molha o bico, chupa o bico. Filha vai, filha vem, pede cerveja na mamadeira. Filha ganha cerveja na mamadeira, vai, 2 minutos, filha volta com a mamadeira vazia.

- Vou olhar o Júnior - pensou mamãe. Júnior era o recém nascido. 20 dias.

E mamãe se assustou. Júnior descansava com uma linda gosma preta vomitada a seu lado. Nem água ele tomava! Será que o leite materno estava adulterado? Estaria cheio de anabolizantes ou transgênicos? Que horror, que tragédia!

Mamãe levantou Júnior do carrinho. Foi o que bastou pra receber um sonoro arroto na cara, com um indefectível bafo.

- Filha, tu deu cerveja preta pra esse guri?
- Ah mãe, ele tava com sede...

E naquele fim de tarde, a justiça se fez. De forma igualitária, todos degustaram cerveja preta.

De modo que, dos ditados que eu citei no primeiro parágrafo, apenas 1 é falso. Eu não lembro do meu primeiro porre. Minha irmã me deu muita cerveja preta na oportunidade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A burrice humana é algo que nos diverte quando é realmente séria. Qualquer um sabe disso. Até mesmo Renato Russo, que cantava "vamos celebrar a estupidez humana". E vejam como ele era burro: com essa frase, ele queria posar de cult e de jovem revoltado ao mesmo tempo.

Não vou falar de burrices cotidianas, como relatar perda de documentos na polícia e achar os mesmos documentos 2 minutos depois. Burrices sérias estão em um nível tão estratosférico que poderiam, com um simples estalar de dedos, desempregar todos os palhaços de circos do mundo ao mesmo tempo.

Afinal, no quesito "fazer rir", o mexicano Marcelino Castro, morador da Califórnia, desbanca qualquer palhaço circense com um pé nas costas. Era 20 de fevereiro de 2006 quando este cidadão casado, então com 42 anos, resolveu sair da sua rotina sexual. Bem, na verdade não se sabe se ele resolveu sair da rotina ou seguir na rotina. O fato é que Marcelino resolveu usar um vibrador. E seu apego pelo vibrador foi tão forte que o aparelho resolveu trancar dentro dele. Mas bem, tudo certo até aí, afinal, cada um na sua. Tenho um amigo estudante de Medicina que já me relatou casos de atendimento onde o paciente dizia "é que eu tava fazendo um sanduíche, e aí a mandioca escapou".

Só que o acontecido assustou Marcelino. Assustou de uma tal forma que ele resolveu mentir para o seu chefe, dizendo que havia sido estuprado por dois grandes samoanos negros, que o estrangularam e doparam. Quando ele acordou, estava com as calças arriadas. O relato causado pelo medo de Marcelino assustou também o chefe, que resolveu chamar a polícia ao local do "crime", o que fez com que Marcelino contasse a história para mais 11 pessoas. Investiga daqui, investiga dali, e obviamente o relato de Marcelino não bateu com 1 décimo da verdade. A polícia descobriu a mentira de Marcelino, cuja burrice não parou aí: ele recebeu 12 acusações por falso testemunho - uma para cada pessoa que ouviu a lorota. Tá achando que acabou? Que nada. O cara teve que restituir o Estado em 30 mil dólares. Marcelino deve estar pensando até hoje na quantidade de vibradores que pode comprar com esse dinheiro.

Burrice aliada à vagabundagem também dá caso de polícia. O bom nesse caso é que os policiais podem rir um pouco. Em 2007, na cidade de São José do Rio Preto, um cidadão resolveu roubar uma oficina mecânica. Aparentemente ele estava com fome, porque depois de separar tudo o que iria roubar, ele viu que tinha carne na geladeira e ainda achou uma churrasqueira e carvão. E pelo visto o churrasco demorou a ficar pronto, porque a polícia chegou e acabou com tudo. Inclusive com o roubo.

Já em Louisiana, Estados Unidos, um ladrão provou que ficar na escola assistindo aquela aula chata de matemática não era o seu forte. Seu plano para assaltar uma loja de conveniências era pedir troco para uma nota de 20 dólares. Quando a atendente abriu a caixa, o gênio sacou o revólver e exigiu o dinheiro da moça. E assim se fez: o cara fugiu levando os 15 dólares que havia no caixa, deixando os 20 dólares que ele tinha no bolso. Robin Hood morreria de desgosto.

Aliás, essa é a premissa de qualquer assaltante: uma pequena lojinha. Se tiver algum movimento, melhor: talvez ele saia com alguns celulares a mais. Foi isso que um larápio cabaço fez nos Estados Unidos. Para o seu primeiro assalto, ele escolheu uma lojinha bacana, com algum movimento, coisa e tal.

Coitado, tão inexperiente... a loja era de armamentos. E estava cheia de clientes, todos armados. A polícia estava parada exatamente em frente à loja, e lá dentro estava um policial fardado. Assustado, ele berrou "hands up!" e disparou um tiro. Foi o que bastou pro guri virar uma peneira e ter sua vida de crimes encerrada de uma forma tão breve quanto inesquecível, já que ele foi parar no conceituado Darwin Awards.

O Darwin Awards é uma premiação que nos brinda com as fatalidades mais desgraçadamente burras do mundo e onde o padre dos balões foi imortalizado há pouco tempo. Ele faz companhia a um cidadão que, em 28 de março de 1993, resolveu jantar guascamente um prato de feijão e repolho. Bucho cheio, ele foi dormir em seu quarto com portas e janelas bem trancadas e vedadas. E foi lá dentro que o estômago do guri resolveu produzir o metano nosso de cada dia. Por causa da janta, a cota de metano produzida foi muito acima do normal. E ele morreu dormindo, sufocado em uma nuvem de peido. Talvez tenha sido o suicídio mais científico da história.

E há burros na Argentina também. No oitavo andar de um prédio de Buenos Aires, um casal estava brigando loucamente, quando o marido resolveu arremessar a mulher pela sacada. Sortuda como ela só, a guria caiu em cima dos fios de energia elétrica e não morreu.

Logicamente o marido não ficou contente pela incompetência em arremesso de esposa. Ou quem sabe ele se empolgou com a idéia e quis fazer igual à ela. Bem, o fato é que o cara se jogou da sacada - não se sabe se tinha a intenção de completar o serviço ou de salvar a mulher, num ímpeto de arrependimento. Mas aconteceu que o jumento errou o alvo e se espatifou no chão, enquanto a mulher conseguiu se safar por uma sacada vizinha, com ferimentos leves e sem marido. Felizmente ou infelizmente.

O que eu quero dizer com esse texto é que há burrices muito maiores do que trancar o carro com a chave dentro ou escovar os dentes com Hipoglós. Portanto, fiquem tranqüilos. Basta rir um pouco.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Guerra sonora

Aí eu tou lá com a Elisha Cuthbert, quando um martelo bate e interrompe o beijo. Outra martelada e a Elisha Cuthbert pergunta "o que houve?", enquanto veste a calcinha. Uma seqüência de 3 marteladas e eu acordo às 7 e meia da manhã de sábado. Sem a Elisha Cuthbert.

O que fazer? Simples: recorrer ao arsenal.


Mötley Crüe - Shout At The Devil


Não se deixem levar pelas aparências. Esses caras com jeito de traveco incomodam muito. Afinal, Tommy Lee e sua turma convidaram um mendigo loiro que jamais soube cantar pra ser vocalista da banda, e isso ajuda demais. Nem mesmo Mick Mars, o guitarrista-múmia, perdoa. É uma arma e tanto.


Skid Row


Skid Row é uma bela arma. Além do fato de estourar os tímpanos alheios, a ginástica é garantida com a vontade incontrolável de praticar air-guitar. Lá pela sétima faixa, Youth Gone Wild, a dor nos braços é normal. Portanto, não se assustem. Pelo menos os vizinhos e pedreiros já estarão extremamente putos da vida.


Grave Digger - The Grave Digger


Os riffs pesadíssimos dessa banda alemã de true brutal esquarteja fuckin' heavy metal atordoam o vizinho logo na primeira faixa, "Son Of Evil". Com mais ou menos 2 minutos de música, o vizinho já terá pronunciado cerca de 3 toneladas de palavrões e ficará rouco e louco, fazendo-o desistir de incomodar. Melhor: ele ainda terá que agüentar petardos como "The Grave Digger", "Spirits Of The Dead" e "King Pest". É realmente uma das armas mais cruéis, senão a mais.

Aliás, percebam os nomes das músicas. Cara, "Son Of Evil"! Tem noção? Eu não sei como ainda me mantenho um guri bonzinho e sutil.


Nelson - After The Rain


Sim, eu sou um guri bonzinho e sutil. A prova é essa arma branca, leve, feliz e dançante. Nenhum pingo de malvadeza. Mas cuidado: a ausência de um cavanhaque malvado em quem usa essa arma pode acarretar uma fama de viado.


Judas Priest - Painkiller


Esta é uma arma clássica. Barulhenta como poucas, tem um vocalista viado, mas muito malvado. Ele anda de motoca cara! E canta "Painkiller" e segue com "Hell Patrol". Não há furadeira que agüente.


Deep Purple - Burn


O pedreiro ao lado usa muita motosserra? Essas marteladas não te deixam dormir? O rádio deles está sintonizado na Alegria, que toca sucessos de Leandro e Leonardo?

O negócio é BUUUUUUUUUUUUUUUUUUURN!


Pantera - Vulgar Display of Power


Prestem atenção na capa e no título. É exatamente isso: uma vulgar demonstração de força. A bomba atômica sonora. E como uma bomba atômica, é sempre necessária. Dimebag Darrell neles.


O incrível cd da vingança


Tá afim de economizar armas? Tá afim de ser verdadeiramente CHATO?

Pois eis a arma perfeita. É um kit completo. Vem com sons de furadeira, festa com 200 pessoas, buzina de trem, boliche, cachorro triste, alguém andando de salto alto pela casa... o cardápio é extenso. São 20 músicas agradabilíssimas, que se tornam melhores ainda com o uso do recurso "repeat".

Tem até um casal gozando loucamente, mas esse aí não vale muito a pena. Eu fiquei com a impressão que a mulher fingiu mal demais, e isso pode ser motivo de risada pros pedreiros.

Bem, deve ter o seu valor. Se a mulher da gravação tiver a voz da mulher do pedreiro, por exemplo.

Afinal, guerra é guerra e vice-versa.