Eu prefiro analisar a complicação do mundo de outro ponto de vista. Da bunda, mais precisamente.
A bunda é universal. É quase que nem gosto, mas a frase sobre gosto envolve um local mais específico. Há quem diga que quem manda no corpo, de fato, é a bunda. Parece que, nos primórdios da humanidade, a bunda reclamou para si o poder de mandar no corpo. Braços, pernas, cérebro, coração, todo mundo caiu na gargalhada. "Ah, é?", disse Dona Bunda, "vocês vão rir?" Então Dona Bunda passou 2 semanas em greve de evacuação. E, hoje, todo mundo respeita a bunda.
Tanto é verdade que Gretchen se tornou famosa por causa da bunda. Sua companheira de Era Paleolítica, Rita Cadillac, também. No mesmo bonde (só que da década passada) estão Carla Perez, Scheila Carvalho, Sheila Mello, Feiticeira, Tiazinha e tantas outras pessoas que, juntas, fariam Albert Einstein ter 3 infartos fulminantes em meio minuto - e pelas mais diversas razões.
Percebam que a bunda é muito mais que uma descarga de dejetos ou uma possível visão bonita. É uma possibilidade de ascensão social. Carla Perez jamais ficaria rica depois de tirar primeiro lugar em um vestibular pra faculdade de Medicina, onde descobriria a cura do câncer e da AIDS ao mesmo tempo. O melhor é que há espaço para qualquer tipo de bunda triunfar, ganhar seu lugar no sol e deixar de ser apenas mais uma bunda virada pra Lua. Até mesmo as bundas feias. Mulher Melancia tá aí e não me deixa mentir.
Como qualquer questão social, a bunda já está se elitizando. Eis, por exemplo, o caso da pelotense Melanie Fronckowiak. Ela é neta de Diosma Nunes, uma vereadora local ainda mais antiga que Rita Cadillac e Gretchen. Diosma exerceu o cargo de prefeita da cidade enquanto o imperador Fetter II estava licenciado no primeiro turno. Só por aí já dá pra se perceber o sangue azul que tem a bunda de Melanie.
Mais alarmante que o fato de ela ser minha conterrânea e eu não conhecê-la pessoalmente (e isso não é alarmante, é uma lástima) é o fato de ela ter vencido um concurso internacional de bunda mais bonita.
Prêmio justíssimo, diga-se de passagem
Se vocês não entenderam, eu explico: o concurso foi realizado na capital francesa, Paris. Melanie, pela sua vitória, engordou os bolsos com 15 mil euros e assinou um contrato com uma agência de modelos. Por outro lado, Mulher Melancia fez sucesso nas bocadas do Rio de Janeiro, assinou 15 mil contratos com a Playboy e comprou casas, carros, roupas e tá louca de famosa.
Ou seja, o mundo está, de fato, de pernas (e bundas) pro ar.
Só me resta uma dúvida: caso Melanie negue uma entrada por trás, ela pode ser processada por abuso de autoridade?