segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Final do primeiro tempo

Apitou o árbitro! Não sei como foi aí na sua cidade, caro (e)leitor, mas cá em Pelotas teremos segundo tempo. Fernando Marroni, do PT, e Fetter Jr., do PP, disputarão quem é que melhor diz "eu é que tô certo, seu babaca".

Não sei como é em outras cidades, mas por aqui temos candidatos* que começam a trabalhar somente em ano de eleição. É uma coincidência muito grande, não acham? Eu acho. E passei a achar mais ainda depois que aboli as palavras "obra" e "eleitoreira" do meu dicionário.

Continuo sem saber como é em outras cidades, mas por aqui não temos eleitores propriamente ditos. Aqui temos torcida. O mais bacana é que os candidatos* entram na onda: um deles, com um simples "olá", seguido de um sorriso e um aceno de mão é capaz de molhar as calcinhas das groupies. Eu chego a lembrar da disputa do Ídolos. Pelas ruas podemos ver que atorcida está muito apreensiva, querendo convencer que "meu candidato é mais bonito e fez muito mais dentro da casa". Qualquer semelhança com o Big Brother Brasil não é mera coincidência.

É uma torcida apaixonada. Saem às ruas com bandeiras, rostos pintados e se jogam na frente dos carros, sorridentes. Uns suicidas felizes, praticamente terroristas suicidas - só que sem bombas. Senhores, lhes agradeço a atenção de tentar limpar o pára-brisa do meu carro com suas bandeiras, mas é desnecessário. Há poucos dias levei-o em um lava-jato. Ademais, se eu acabar atropelando um de vocês, a culpa será das suas bandeiras. Pior: seus candidatos não me pagarão nem uma Coca-Cola, quanto mais o conserto da lataria que vocês amassarão com seus corpos-defuntos.

Aqui em Pelotas, o último colocado entre os prefeitos se chama Jesus. Ele não é líder dos Democratas e nem dos apóstolos, mas sim do grande PRTB - ele teve incríveis 265 votos. Fico com pena do cara, porque eu conheço cachorros que tem mais amigos no orkut do que esse cara teve de votos.

Dá até pra pensar que Pelotas é a imagem da decadência do cristianismo. Uma das candidatas a vereadora se chama Chiquinha. Ela é louca de famosa na cidade por ter um serviço de tele-mensagem ao vivo. Sabem aquelas carros de som que os amigos chamam quando querem fazer um aniversariante passar vergonha? Então. A mulher se fantasia de Chiquinha e leva uma mensagem de feliz aniversário a qualquer canto da cidade, enquanto canta, dança e rodopia com os aniversariantes e seus amigos - mesmo que o aniversariante tenha 70 anos e uma labirintite aguda.

Enfim, a Chiquinha teve 283 votos. E quando uma personagem do Chaves tem mais votos que o filho de Deus, é sinal que o cristianismo está sucumbindo.

Ainda nos vereadores, dois candidatos tiveram 0 voto. É isso mesmo: nem os próprios caras votaram neles. Sinceramente eu não fico impressionado, porque eu acho que eles abandonaram a candidatura sem tirar seus nomes da disputa. Eu me preocupo mesmo é com dois candidatos que tiveram apenas 1 voto.

Não digo que eles estavam esperando se eleger, mas acho que esperavam pelo menos o apoio de mais alguém da família. Se eles têm pais, amigos, cônjuges, familiares ou afins, certamente sentiram o poder da rejeição agora.

E o mais triste é que não terão o salário de vereador para pagarem o tratamento psiquiátrico.

* Não vou citar nomes, afinal dizem que o TSE tá de olho na internet. Inclusive acho que acabaram de adicionar uma vizinha no orkut.
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