O mundo vai acabar. Dessa vez não é nenhuma previsão da Mãe Dináh, nem do Nostradamus, tampouco de ambientalistas. A previsão, dessa vez, parte de nós, meros mortais, diante de tantos termos exóticos: prótons, quarks, hádrons, megajoules e eu vou parar por aqui porque esse é um blog de família. Vejam mais aqui e aqui.
Segundo cálculos feitos com o meu nulo e bisonho talento matemático, essa é a décima oitava vez que o mundo vai acabar nos últimos 20 anos. Portanto, tenho experiência para falar que, nesses momentos, é comum pensar em o que fazer e o que não fazer durante o tempo que nos resta de vida. Uns pensam em estupro, outros em assassinato, enquanto outros têm sonhos mais modestos. Apenas xingar o vizinho lhes satisfaz.
Mal sabem que vão ter que encarar o vizinho amanhã.
Como sou um homem livre, tomei a liberdade de pensar o que aconteceria se o mundo tivesse acabado agora há pouco, coisa de uns 15 ou 20 minutos antes de eu ter escrito esse parágrafo. Não exatamente no momento do fim do mundo, mas no que as futuras baratas arqueólogas pensariam ao encontrar os meus restos mortais.
As três baratinhas, com pós-doutorado em arqueologia em sabe-se lá qual universidade que vai existir depois do fim do mundo, confabulariam. Uma quarta baratinha, mera estagiária, apenas observa.
- E aí?
- Levando em conta a posição da ossada, creio que ele estava aguardando algo.
- Aguardando?
- Sim. Essa posição é muito serena.
- E o que seria isso?
- Papéis com desenhos. Coloridos. Muito bem conservados.
- Talvez ele estivesse lendo.
- Então passaríamos a considerar que pertence a uma civilização que sabia ler.
- Ou apenas ver as figurinhas.
- C-E-B-O-L-I-N-H-A. Anota isso. Vamos procurar nos arquivos se há alguma receita primitiva com cebolinha em conserva.
- Então isso é um primitivo livro de culinária ilustrado.
- Exatamente. Ainda assim, não dá pra descartar que ele estivesse aguardando algo.
- E isso em seu membro superior, o que é?
- É estranho, posso dizer.
- Sim.
- Bastante.
- Talvez um primitivo aparelho de comunicação.
- Um aparelho de comunicação para alguém que olhava figurinhas e aguardava algo.
- Não esqueçam que a entrada deste cubículo estava fechada.
- Lembrando disso e juntando um aparelho de comunicação, o que podemos pensar?
- Tudo! Pois somos livres para pensar e...
- Não viaja.
- Ok.
- Enclausurado e com um aparelho de comunicação. Talvez estivesse cercado por alguém e o aparelho de comunicação serviria para buscar ajuda externa.
- Brilhante! Certamente se escavarmos mais, encontraremos mais ossadas!
- Ou não. Seu antagonista pode ter fugido e abandonado-o a própria sorte.
- Não muito feliz, a meu ver. Esquecemos das figurinhas. C-E-B-O-L-I-N-H-A... E-L-A-D-O...
- Pelado?
- Talvez. Denota vulgaridade.
- Culinária vulgar. Temperariam pelados com cebolinhas?
- Um povo primitivo?
- Com a infinidade de aparelhos que observamos aqui, talvez.
- Vejam. Formas estranhas metalizadas.
- Estranhas, mas bem definidas
- Eles já dominavam o metal pelo visto.
- Há uma infinidade de objetos menores. Não só metal.
- Isso é madeira fossilizada?
- Aparentemente sim. O estranho é que possui formas bastante definidas. Pelo visto também tinham domínio de técnicas de corte.
- Eram civilizados.
- Mas vulgares. Pelados com cebolinha?
- A posição da ossada é que me é estranha. Não concordam?
- Concordo.
- Também concordo. Caríssimos, temos um excelente objeto de estudo e análise. O que acha, estagiário?
E ele responde:
- Pra mim, ele só tava cagando...
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
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