domingo, 25 de janeiro de 2009

A lenda do Jogo da Carta Preta

Conta a lenda que antigos deuses ébrios conheciam um jogo tão potencialmente assassino que ele ficou escondido durante milhões e milhões de litros - ou anos. Uns dizem que passaram todo esse tempo esperando um grupo de humanos capaz de desafiar os limites toleráveis e intoleráveis de sangue no álcool - e vice-versa. Outros diziam apenas que os deuses estavam tão bêbados que nunca se preocuparam em passar a tradição da mirabolante jogatina. Vai saber.

Eis que entrou em cena um grupo de amigos extremamente perspicazes e frenéticos. A diversão em suas reuniões ultrapassava os limites do compreensível. Seriam eles que receberiam a bênção dos deuses?

Não. Claro que não. Mas quem disse que isso é um empecilho?

Pois aconteceu que o grupo de amigos conseguiu se elevar até os deuses. Foram à Marte, passaram por Júpiter e sintonizaram os pensamentos dos deuses ébrios. No momento da sintonia, os deuses mais pareciam cabritinhos recém-nascidos, dado o estado etílico do grupo de amigos. O que não faz um acampamento hein?

Como eu disse, foi nesse momento que aconteceu a sintonia com os pensamentos dos deuses ébrios.

- Vamos jogar Carta Preta. - anunciou um dos líderes do grupo de amigos.
- Carta Preta? - alguém perguntou.
- Carta Preta. Sentai-vos. Lhes explico.

O líder passou a ler a tábua de regras que mentalmente havia acabado de receber de um dos descuidados e incautos deuses. Incrédulos, eles apenas assistiam a tudo. Mentira. Não apenas assistiam, como tomavam a décima sexta garrafa de Caninha do Bigode daquele intervalo de 3 horas. Esses deuses são muito chinelos.

- Eis um baralho de cartas. Eis uma garrafa com a mistura sagrada.
- Qual é a mistura sagrada?
- Vodka com Sprite.
- OOOOOOOHHHH!

Olhares assustados e excitados se lançaram para a garrafa e para as coxas de uma menininha muito queridinha que tava por ali. Três deuses estavam vomitando. Bem longe das coxas dela.

- Os jogadores - continuou o líder - deverão sentar-se ao redor de uma mesa, sobre a qual serão jogadas as cartas. Um deles será o responsável por embaralhar e distribuir as cartas. Ele deverá seguir na função de crupiê mesmo bêbado.
- Nossa!
- Puxa!
- Que queridinha essa menininha heinhô!
- O que estiver situado antes deste jogador será o responsável pelo reabastecimento da garrafa e terá total controle sobre o martelinho. Ic.
- Eu quero!
- Sou eu!
- Ô coisinha tão bonitinha do pai...
- Caso um desses jogadores desmaie, outro deverá assumir sua função.
- Mas o que faz o crupiê?
- Revela uma carta para cada jogador. Se ela for de cor preta, bebe um martelinho. Se for vermelha, não bebe.
- Puxa!
- Repuxa!
- Contrarepuxa!
- Será que ela tem namorado?
- E quem vence o jogo?

Era a dúvida se fazendo presente. A resposta foi dada por um dos deuses:

- Vence aquele que ficar vivo no final. Ic. O estado do fígado é o único critério de desempate. Passa a tequila.

Os amigos se entreolharam e riram. Zombaram dos deuses!

- HÁHÁ! Então terminaremos todos empatados, deuses fracos! E não te damos a tequila! - dito isto, se retiraram. Foram curtir a ressaca jogando Carta Preta.

Hoje, o grupo de amigos treina com frequência para as Olimpíadas. Eles não lembram disso, mas o recorde mundial de Carta Preta os pertence. As provas de tal feito são as anotações de frases de efeito e de tempo utilizado para o término de cada garrafa.

Depois do recorde, os deuses perderam seu posto. Tiveram cirrose e morreram de dor de dente, aqueles fracos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sonho estranho

Vocês sabem definir o que é sonho estranho? Eu sei. E sei fazer isso com maestria.

Muitos dizem que sonham que estão caindo de cara no chão e acordam com uma queda da cama, e que esse sonho foi estranho. Ou então que estão voando e foram parar na ilha de Lost. Outros sonham que estavam tomando água, acordam mijados e me falam "que estranho né?". Lhes respondo: NÃO, porra. NÃO É ESTRANHO.

Sonho estranho é muito mais que isso. E ainda bem que sonhar não custa nada, porque se custasse eu estaria com uma dívida capaz de quebrar o Banco Mundial. Uma vez sonhei que o glorioso rubro-negro pelotense estava disputando um jogo importantíssimo pela Libertadores. Contra o Chivas, de Guadalajara. Não contem pra ninguém, mas o Brasil era lanterna, saco de pancadas do grupo e já não tinha mais nenhuma chance de classificação. Enfim.

O jogo era na casa do adversário. A largura do gramado era algo surpreendente, talvez um pouco maior que um tapete de banheiro. As arquibancadas eram muito próximas do gramado. Mal havia espaço para cobrar laterais, o que me lembrou de muitas quadras que já joguei nessa vida. São tantas lembranças que quase me correu uma lágrima.

Eu disse "quase".

Enfim, era um jogo muito nervoso. A torcida em cima, fazendo aquela pressão psicológica, o campo "um pouco" reduzido. E lá pelas tantas o Brasil faz o primeiro gol. Foi um momento de muita euforia. Afinal, sabe-se lá como, de onde e porque, aquele gol dava a classificação antecipada do já desclassificado xavante, independente do resultado final do jogo. O futebol é mesmo uma caixinha de surpresas, não?


Euforia da massa xavante

A surpresa causou uma emoção tamanha que eu não me contive: saí porta afora para jogar futebol na rua com meus amigos.

Rapaz, virei o craque que o Robinho nunca foi e jamais será novamente. Uma pá de dribles desconcertantes nos meus adversários, aliados a regras inventadas na hora, fizeram com que o placar favorecesse o meu time, por uma larga diferença de gols. Ei, aí já acabou o campo! É tiro de meta! Não, aqui não é mais tiro de meta! Ah, era fim do campo, mas só aquela hora! Gol de pé esquerdo não vale! Agora vale! As regras que eu inventava eram muitas.

Tamanha era a goleada que o adversário não teve dúvidas e fez substituições no seu time. Alguém saiu para a entrada de, ninguém mais, ninguém menos que...


Mirandinha!

Inacreditável. O genial ex-atacante do Corinthians, que era um excelente pensador e corredor mas não conseguia fazer as duas coisas juntas, apareceu na minha rua pra jogar bola! Haviam momentos que nem minhas regras inventadas podiam pará-lo. Ele corria tanto que quando eu berrava que a jogada não valia, ele não ouvia, de tão longe que tava.


A foto acima não foi tirada no meu sonho, mas vocês podem perceber como Mirandinha, de branco, está imóvel. Isso significa que ele está pensando na jogada que vai executar. Sendo assim, não pode correr.

Mas meus adversários não estavam satisfeitos com apenas um craque. Logo eles fizeram outra alteração na equipe. Foi uma contratação a peso de ouro.


"A gente viemos pra somar e..."

Acreditem, Mílton Gonçalves é um cracaço. Pelo menos se ele joga o que jogou no meu sonho, deveria jogar na Seleção de Júpiter. É tão craque que nem ele deve saber que joga muito. Corre muito esse garoto, quase tanto quanto o Mirandinha. Ele é centroavante nato e eu precisei anular muitos gols dele para vencer a partida de goleada.

Acabou que meu time ganhou pela pela desunião do adversário. O recém contratado Mílton Gonçalves chegou com status de estrela do time, o que causou muitas brigas no grupo de jogadores do meu adversário. Mílton "Vento Negro" Gonçalves sempre reclamou muito de seus companheiros. Tem fama de bad boy.


Porra, tô livre! Passa a bola, fominha de merda!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Rádio passatempo

Algumas pessoas têm passatempos bizarros. Não estou falando de caminhar sem pisar nas linhas porque isso aí já é costume, principalmente entre a população que habita a parte de baixo da exosfera terrestre. Quando eu digo "bizarro", é BIZARRO.

Uma vez eu vi uma entrevista da Ana Carolina no Jô Soares e ela disse que, quando estava no hospital por ter quebrado a perna, costumava contar as letras das frases que as pessoas falavam e concluir se a frase continha um número par ou ímpar de letras. ISSO é um passatempo bizarro. Outros possuem como passatempo o hábito de estudar. E mesmo o cosplay é um passatempo, vejam só.

Assim, eu não tenho medo de contar qual é o meu passatempo bizarro: cantar em inglês. "Mas porra Egídio, qualquer um faz isso! Ingleses e estadunidenses por exemplo!", dirão vocês. É, eu sei. Falando assim, não causa impacto. Nem se eu disser que minhas cantorias são tão porcas que qualquer chinês de 3 anos poderia se gabar de cantar em inglês melhor que eu.

Mas não é isso. Meu passatempo bizarro é útil - assim como qualquer passatempo bizarro, aliás. Cosplayers podem desenvolver um dom artístico. Estudar pode dar uma boa bagagem em um concurso público e contar letras de uma frase pra saber se é par ou ímpar, afinal... afinal... bem, essa parte a Ana Carolina não explicou na entrevista.

Meu passatempo bizarro, como eu dizia, consiste em cantar músicas em inglês, mas apenas músicas brasileiras. Assim, de improviso. Grandes sucessos e nem-tão-grandes sucessos da música tupiniquim entram no meu repertório de versões em inglês. Vejam, isso possui uma utilidade: mostrar o meu inexprimível talento na língua britânica. Além disso, qualquer um pode aprender inglês com o meu método. Pelo diabo, até mesmo o presidente Lula poderia aprender com o meu método.

Mostro, a seguir, alguns de meus sucessos. Não basta apenas ler a letra, tem que cantar junto. Quero ver a mãozinha pra cima. Eu quero ouvir vocês, sai do chão!

How are you?
I'm need to know about your life
Ask for somebody to tell me about your day
Nightfall and I'm need just to know

How are you?
That modified my life
Reason of my peace already forgotten
Don't know if like more of me or of you

C'mooooooooooooon
That thirsty of love you makes me better
I wanna sunrise by your side
I need so much makes you happy
C'mooooooooooooon
That time can move away our two
Don't leave so much life to later
I only need to now
How are you?


As músicas do Rei fazem muito sucesso na rádio do meu passatempo. E essa se destaca entre as outras:

When I'm stay here
I'm live this beautiful moment
Looking for you
And the same emotions feeling
(...)
If I cry or if I live
The important is that emotions I liiiiiiiiiiive


Rapaz, quase me correm as lágrimas. Mas, ultimamente, minha rádio-passatempo têm tocado outras coisas, tipo funk do verbo "rap". Vejam só:

He was just one more Silva, that star don't shine
He was funker, but was father of family
Was a sunday of sun, he comes out in the morning
To play your football, gives a rose to the sister
Gives a kiss in the children, promises not to take
Talk to his wife that comes to lunch


I just wanna be happy
To walk quietly in the favela where I born
Yeah
And can pride myself
And have the conscience that the poor haves your place


Minha rádio passatempo é eclética:

Between slaps and kisses, it's hate, it's desire
It's dream, it's tenderness!
A couple that loves, until in the bed
Causes madness!


In the samba she said me that rala
In the samba I already see she broke
In the samba she like of rala-rala
Changes me by the bottle
Didn't tolerate and goes ralar
Goes ralling in the little mouth of the bottle
It's in the mouth of the bottle!
Down more, down more a little
Down more, down little slow
Goes out of the little mouth of the bottle
It's in the mouth of the bottle!
Up more, up more a little
Up more, up little slow


Maravilha total. Rapaz, isso é uma salvação e tanto nos mais diversos tipos de filas. Eu sei que tem um ou outro errinho de nada, mas se vocês lembrarem bem, eu escrevi lá em cima: improviso. Quero ver vocês improvisarem sem um dicionário de bolso. Aliás, desafio alguém a achar um dicionário de bolso que realmente caiba em um bolso.

Feitas as explicações dos meus errinhos, quero que meus amigos professores de inglês confessem: Shakespeare tem um substituto à altura.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Promessas de ano novo

Mais um ano se inicia e mais novas promessas são feitas. E, lógico, elas são iguais às que foram feitas no ano passado. E, lógico, quando chegar no final do ano, ninguém vai querer lembrar das promessas que fez, e sim das que fará no próximo primeiro dia do ano.

É pensando naqueles que não têm muita criatividade nas promessas que escrevo este post. Bora cumprir algumas promessas? Eis as dicas pra motivar o povo todo:

* Emagrecer - É uma ótima idéia, mas só para aquelas que forem gordinhas com grandes possibilidades de se tornarem gostosas. O resto, nem precisa tentar. Mesmo porque a chave do sucesso está na gordura. Jô Soares, Mulher Melancia e Fabiana Karla te dizem alguma coisa? A mim, dizem que não engordaram apenas as barrigas ou bundas, mas também o bolso.

* Arranjar um namorado - Pode começar fazendo duas perguntas: "Sou mulher?" e "Sou bonita?". Se as respostas para as duas questões forem "sim", peça meu MSN.

* Renovar o guarda-roupa - Também pode começar com as perguntas do item acima. Se as respostas também forem sim, eu pergunto: pra quê roupa?

* Parar de fumar - Que tal começar por "parar de fumar na frente dos outros"? Nossos pulmões fumantes passivos agradecem.

* Economizar dinheiro - O primeiro passo é CONSEGUIR dinheiro, portanto, ganhe na Mega-Sena. Mega-Sena conquistada, vem a pergunta: economizar pra quê?

* Voltar pra academia - Larga a mão de ser babaca: só se volta pra um lugar se um dia já se esteve nele.

* Ter hábitos alimentares saudáveis - Preferir alface à uma pizza de bacon não é promessa, é penitência.

* Viajar mais - Talvez considerar a idéia de comprar um carro seja um bom início.

* Comprar um carro - Talvez considerar "carrinho de rolimã" como "carro" seja um bom início.

Essas são minhas dicas. E, bem, talvez surja alguém pra perguntar "E tu, Egídio? Não fazes promessa de ano novo?". Bem, eu fazia. Mas nem adianta mais.

* Parar de usar Sorine - Eu me sentiria culpado por agravar a crise econômica mundial.

* Crescer e aparecer - Há uma impossibilidade biológica: eu já passei dos 21 anos. Não tenho mais chances de aumentar meus míseros centímetros.

* Cortar o cabelo - Também há uma impossibilidade biológica.

Eu ainda não passei dos 347 anos.