segunda-feira, 15 de julho de 2013

Nome do seu time

"(...) Envie agora o nome do seu time para um-três-um-cinco e receba tudo isto no seu celular!", anunciava a voz empolgada, em tom salvador, na televisão. Atirado no sofá da sala, sozinho em casa, Manoel podia pensar nos três gols que marcou no joguinho de domingo com seus amigos. Mas na verdade dedicara as últimas 2 horas para pensar nos dois gols contra que marcou no mesmo jogo, que definiram uma derrota por 1 gol de diferença.

A voz empolgada do locutor arrancou Manoel do seu devaneio tedioso e o fez sorrir. Enviar o nome do seu time para um-três-um-cinco... que boa ideia - para quem não tem nada a fazer, nem a perder. Agarrou seu celular Samsung e resolveu pregar uma peça. Enviou "Cervegeiros FC" para um-três-um-cinco. Nunca enviariam uma mensagem com informações ou curiosidades do Cervegeiros FC - como a grafia errada do nome do time, obra de um ala-esquerda e um dos fundadores do time, que não tinha muita intimidade com o português. Alertado para o erro, o ala-esquerda disfarçou: "é para diferenciar dos inúmeros cervejeiros desse país. Cervejeiro com 'g', só a gente."

Mas tão logo enviou a mensagem, Manoel se arrependeu. Que burrice. A propaganda esperava que mandassem "Flamengo", "Corinthians" ou "Cruzeiro", mas o Manoel queria notícias do seu time. Sagaz, sagaz demais. Mas o que seus amigos diriam quando ele contasse que enviou "Cervegeiros FC" para um-três-um-cinco? "Que besteira. E ainda gastou crédito à toa, seu burro." Certamente diriam isso. E o pior é que agora ele receberia um monte de propaganda indesejável via SMS por ter enviado "Cervegeiros FC" para um-três-um-cinco. Que burrice. E, para confirmar suas suspeitas, o celular apitou, alertando uma nova mensagem de texto.

Na verdade a mensagem trazia uma informação em primeira mão: "Manoel não joga mais pelo Cervegeiros FC".

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sábado, 6 de julho de 2013

Teoria da conspiração

Está aí, escancarado, a olhos vistos: há uma campanha em prol do consumo da água. Isso parece bom, mas não é. Só não enxerga quem não quer.

O ataque vem de todos os lados. Começou em uma campanha contra as bebidas alcoólicas: disseram que causa dependência, que faz mal à saúde porque causa cirrose, que compromete o fígado - o fígado! Um órgão que se regenera! Não contentes com isso, começaram uma campanha agressiva, mostrando que consumir bebidas alcoólicas e dirigir é errado.

Isso sem contar no preço abusivo cobrado por uma cerveja - independente do seu invólucro. Latinha, latão, long-neck, 600ml, litrão, qualquer uma delas é cara, abusivamente cara, entorpecidamente cara.

Não contentes em atacar a cerveja nossa de cada hora, atacaram outros líquidos. O leite foi motivo do maior bafafá, porque muitos vendiam leite adulterado. Além do leite, o suco de caixinha também deu o maior bafafá porque estava contaminado com produtos de limpeza. O coitado do suco não ficou só nessa: várias foram as matérias que aconselhavam a abandonar o suco de caixinha porque ele não era saudável como parecia - na verdade tratava-se de um grande veneno travestido de bebida saudável, já que vinha com uma carga de açúcar capaz de derreter o canudinho.

Dessa forma foram também atingidos os refrigerantes. O ataque começou há muito tempo e de forma débil: dizia-se que consumir refrigerante deixava os ossos moles, mas aí se tocaram que o sistema digestivo não passa pelos ossos. Bem depois é que o ataque passou a ser impiedoso. Foi quando disseram que uma mísera latinha portava uma quantidade de açúcar que causaria diabetes no Oceano Atlântico. E não adiantaria consumir a versão "light" ou "zero" do refrigerante, porque esses eram ainda piores: para simular o gosto do refrigerante normal, o light se utiliza de substâncias infinitamente mais nocivas que 10 toneladas de açúcar injetados diretamente na jugular da pobre vítima. Deram a entender que consumir uma latinha de refrigerante light faria qualquer pessoa cantarolar "Adocica" repetidamente para todo o sempre. E nem vou me referir à campanha de péssimo gosto contra o arroto pós-goles de refrigerante!

Outras bebidas também são atingidas pela campanha pró-água, mas de forma velada. O chimarrão, por exemplo: o quilo da erva-mate está pelo preço da morte! É uma forma de desestimular a população (principalmente os gaúchos) a consumirem chimarrão.

Com tantas bebidas sendo atacadas por inescrupulosos, o que nos resta? Beber água. E todo mundo sabe que a água potável está escasseando cada vez mais rápido. Fala-se inclusive em guerra por água em um futuro nem tão distante assim. Ora, essa campanha contra outros líquidos bebíveis é um estímulo indireto para consumirmos mais água, o que irá acelerar esse processo de diminuição da água potável, instalando mais rapidamente o cenário ideal para uma guerra. E a quem interessa uma guerra pela água?

É evidente. Interessa à maior potência bélica do mundo, dona das maiores indústrias armamentistas do planeta: os Estados Unidos! E só podem ser eles os responsáveis por essa campanha contra todas as bebidas boas do mundo.

Podem anotar o que eu disse. No futuro, todos dirão "nossa, o Egídio tava certo e eu não botei fé nele." Enquanto isso, sabe o que eu estarei dizendo?

- Então... quer dizer que toda aquela baboseira que eu pensei em uma tediosa noite de sexta em casa era verdade?

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