domingo, 17 de janeiro de 2010

John, o destemido

Abençoada seja a internet. Não é de hoje que o cyberespaço chama a atenção do mundo e não é à toa que revolucionou o planeta. É graças à internet que, em tempo real, recebemos exemplos de coragem, força, valentia, superação e tantos outros valores que podemos carregar para as nossas vidas. Só na internet ganhamos acesso à representações teatrais de anônimos que ganham proporções bíblicas.

Como é o caso de John.

John é, antes de mais nada, o nome que entendi ser berrado no vídeo abaixo, lá por 1min e 40seg. O tal vídeo já é um clássico internético e certamente os que me lêem já viram. Se não, convido-os à assistir o drama de John, que teve sua conta em "World of Warcraft" cruelmente apagada por sua própria mãe.

Seus olhos não encheram de lágrimas só de imaginar essa triste situação? É, os meus também não.


Em primeiro lugar, podemos notar uma forte presença de amor fraterno. O irmão de John, comovido com o drama do rapaz, trata de gravar a cena, para que uma das maiores representações da história artística não se perca no interior de um quarto isolado.

Sim, senhores. É uma das maiores representações da história artística. Jamais vi, em toda a história do cinema, alguém representar tão bem um ser humano afetado pela maldição do lobisomem. A imagem capta o exato momento em que John é atingido pelos raios da lua cheia, se vocês não perceberam.

Em segundo lugar, John mostra com clareza o que é ter vontade e coragem de se atirar em um abismo ou em uma cachoeira. Isso é coisa para poucos, como o acrófobo Harrison Ford em "O Fugitivo". Mas John não tem fama suficiente para ser requisitado para gravar uma cena numa cachoeira, então ele faz isso no interior do seu quarto, no ápice de sua raiva. E tem a sorte que sua cama esteja ali, impedindo que ele esparrame seu focinho no chão do próprio quarto.

Posteriormente, John demonstra ser um rapaz educado. Mesmo sozinho, ele se esconde para se despir. Não tira a roupa na frente de ninguém - nem dele próprio. E acaba revelando um segredo: uma cueca de coraçõezinhos. Quem nunca sacaneou alguém dizendo "você tem uma cueca de coraçõezinhos"? Então. John é a personificação dessa brincadeira.

Um bom filme dramático costuma ter, entre suas cenas, alguns takes com alto teor erótico. John não esquece desse detalhe em sua atuação e tenta introduzir um controle remoto no próprio rabo. Apesar de aparentemente ter esquecido de tirar sua cueca - de coraçõezinhos -, John demonstra ter chego rapidamente ao orgasmo. Reparem: ele tosse e tenta retomar o fôlego logo após abandonar o controle.

E vocês notaram que, pouco antes de tomar o controle em mãos, ele imita o King Kong? Pois então, PARECE o King Kong, mas não é. Na verdade, aquilo é apenas a externação de seu desejo reprimido, prestes a ser libertado. Puro romance.

A seguir, ele pega um tênis e bate repetidamente em sua própria cabeça, vociferando contra a própria porta. Alguém aí consegue citar UM exemplo de ato mais destemido? Sua intenção é clara, ao menos para mim: sem World of Warcraft, ele se mostra disposto a ser chutado na cabeça diversas vezes. Quem de vocês seria tão corajoso? Eu confesso que jamais terei essa coragem.

E o que dizer de sua representação de uma convulsão em cima da cama? Eu não tenho palavras para elogiar tamanho preciosismo. Em seguida, alguém chama seu nome. Reparem na força extrema que ele faz para conter sua raiva e não descarregá-la no ser humano mais próximo. Soberbo! Que rapaz de nobre coração! E não falo aqui dos coraçõezinhos em sua cueca.

Lógico que, educado como poucos, ele vai atender o chamado. Mas não sem antes terminar de descarregar sua raiva na forma de um violentíssimo soco, capaz de não apenas quebrar sua mão, mas também de alterar a órbita do nosso planeta. Para a nossa sorte, a cama estava lá e amorteceu esse impacto que poderia nos levar à extinção.

John lutou contra o mundo. Jogou-se no abismo que era sua cama, não se importa em usar cueca de coraçõezinhos, fez amor com um controle remoto, dá violentos socos em um colchão.

Caríssimos: incomodo em lhes perguntar por que vocês ainda não estão aplaudindo John?