quinta-feira, 8 de maio de 2008

Tempos modernos

Marido chega na casa da esposa.

- Oi amor - recebe ela.

Beijam-se.

- Tudo bem?
- Nada. Tive um dia cheio no escritório. Estou muito cansado.
- E por quê não vai para casa descansar?
- Porque eu preciso falar contigo.
- O que houve?
- Minha noiva. Me cobrou a realização do casamento. Preciso da nossa certidão de casamento.
- Mas vocês nem são casados ainda!
- Não! Eu digo nossa. Minha e sua.
- Ah. Está na sala. Venha.
- Ok.
- Qual delas?
- A única ué. Existem 2 certidões de casamento nossas por acaso?
- Perguntei qual das noivas.
- Ah. A Márcia. Cheguei a apresentar ela pra ti, não?
- Sim. É aquela loira né?
- Não. Aquela é outra Márcia. Essa é ruiva.
- Ah. Então não conheço.
- Precisas conhecer. Ela é magnífica. Muito inteligente.
- Dizias o mesmo de mim. E da outra Márcia.
- De ti eu dizia. Da outra Márcia não. Eu falava da Alessandra. Mas me arrependi, sabes disso.
- É. Ela não era legal mesmo.
- Mudando de assunto, onde está o guri?
- Na casa do Marquinhos. Ali no 402.
- Diga a ele que estive aqui. Mandei um abraço.
- Sim.
- Aliás, acho que esse Marquinhos não é boa influência. Os pais deles moram juntos!
- É. Mas eu estou em cima. Cuidando de tudo.
- Menos mal.
- Mudando de assunto de novo... como foi seu dia?
- Cheio. Muito cheio. Parece que aquele pessoal não sabe trabalhar sem mim. Meu advogado mandou a papelada do meu divórcio com a Helena. Está tudo acertado. Acho que estou livre dela, finalmente.
- Vocês pareciam se dar tão bem.
- Aparentemente sim. Eu que não agüentava mais. Queria que eu jantasse na casa dela todos os dias! Quando não era assim, ela que ia jantar na minha.
- Também... és irresistível na cozinha...

Ela sorri maliciosamente. Ele suspira e baixa a cabeça.

- Não. Por hoje já chega. A secretária já fez eu relaxar. Se é que me entendes.
- Tudo bem.
- Aliás, esse é mais um motivo para eu estar estressado. Ela é péssima.
- Não diga!? Aquela morena? Que faz todos os homens babarem?!
- Pois é. Ainda bem que o Jorge melhorou as coisas.
- Ele esteve por lá?
- Sim. Ele que fez eu relaxar um pouco. Se é que me entendes.
- Entendo. Puxa vida, quem diria... aquela secretária linda...
- Pois é. E o seu dia? Como foi?
- Agradável. Larguei o Renato no colégio, bem cedo. Na volta passei no supermercado, e o porteiro me ajudou com as compras. Depois relaxamos. Se é que me entendes.
- Entendo.
- Forma de agradecimento. Depois o Cidimar me chamou na empresa.

Apontou para uma fotografia. Mas ele não viu. E continou:

- Ele teve um piripaque. Também anda muito estressado.
- O Cidimar? Puxa, mas ele é tão novo. E parece dar conta do recado contigo. Se é que me entendes.
- Entendo. Mas quem teve o piripaque foi o Sérgio. Esse aí da foto.
- Ah. Me apresentaste ele semana passada. Vocês já casaram?
- Já. Anteontem.
- Puxa, e quase ficas viúva. Tão cedo.
- Pois é. Fiquei uma pilha de nervos. Ainda bem que o Cidimar estava comigo o tempo todo. Me levou para casa, e me acalmou, junto com a mulher dele. Se é que me entendes.
- Entendo.
- Achei. Aqui está a certidão.
- Finalmente. Obrigado amor.

Beijam-se. Já na porta, o marido volta:

- Amor...
- Sim?
- Esqueci de perguntar... foi bom pra ti?
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